Contrato de
professores em 1923 apresentava rigidez em compromissos – Reprodução Facebook –
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Publicado no
Facebook, documento extraído de artigo acadêmico impressiona pelo rigor. Fumar
ou beber causava demissão.
Por Raphael
Kapa
Não fumar, não
beber, não sair de casa de noite e não se casar. Esses eram alguns dos termos
exigidos em um contrato para ser professora em São Paulo em 1923. O documento
que está sendo compartilhado no Facebook é um anexo de um artigo da historiadora
Jane Soares de Almeida. No seu trabalho, a pesquisadora fala sobre a
transformação da profissão de professores e da inserção das mulheres no cargo e
suas restrições.
“A parcela
feminina da população reclamava maior nível de instrução e a Escola Normal se
tornou bastante procurada pelas jovens paulistas oriundas não apenas da classe
média, mas também das famílias mais abastadas do estado por oferecer a
oportunidade de prosseguimento de estudos. Para a admissão na escola era
exigida a verificação da idade, da saúde, da inteligência e personalidade, fato
que demonstra a elitização do curso no período, nos rastros de uma política
educacional bastante autoritária. Para as moças era ainda necessário apresentar
autorização do pai ou do marido no ato da matrícula”, escreveu Jane.
O contrato
mostra uma rigidez caso algumas de suas regras fossem descumpridas. A primeira
delas é clara: “Não se casar. Este contrato ficará automaticamente anulado e
sem efeito se a professora se casa”.
O segundo e o
terceiro pontos já não deixam brechas para que o primeiro ocorra. Era proibido:
“2. Não andar
na companhia de homens. 3. Ficar em sua casa entre às 8h da noite e às 6h da
manhã, a não ser que seja para atender a uma função escolar”.
Viagens também
não eram permitidas sem autorização e passeios pelas sorveterias da cidade eram
proibidos. Consumo de cigarro, uísque, vinho ou cerveja configurava como quebra
de contrato imediato. A autora, em seu artigo, mostra que estas noções em plena
República demonstra uma contradição.
Imagem
Meramente ilustrativa de uma escola brasileira nos anos 20 do século passado –
Fonte – ieccmemorias.wordpress.com
“Apesar das
expectativas alvissareiras da ordem e do progresso do século XX, a higiene, a
moralidade e religiosidade, a pureza, os ideais de preservação da raça, da
sobrevivência social, estamparam no sexo feminino seu emblema de manutenção da
sociedade tradicional e as mulheres continuaram sendo submetidas a padrões comportamentais
que serviram para impor barreiras à sua liberdade, autonomia e principalmente
sobre a sexualidade”, escreveu Jane.
Leia mais
sobre esse assunto em
Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros
http://tokdehistoria.com.br/2015/06/09/contrato-de-professora-em-1923-proibia-de-casar-frequentar-sorveterias-e-andar-com-homens/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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