quinta-feira, 7 de maio de 2015

ABC DE ARIANO

Por José Gonçalves do Nascimento

Ariano Suassuna
Dramaturgo e escriba
Veio ao mundo em 27
Em terra da Paraíba
E morou em Pernambuco
Até ir pro andar de “riba”.
2
Seu pai João Suassuna
Era cidadão influente;
Governou a Paraíba
Na função de presidente
Era assim que se chamava;
Na época tal dirigente.
3
Mil novecentos e trinta
Estoura a revolução.
Assume Getúlio Vargas
O comando da nação,
Mergulhando o país
Em intensa agitação.
4
Em meio a esses conflitos,
A morte inoportuna
Acaba ceifando a vida
Do pai João Suassuna,
Mas o jovem Ariano
Não se curva à desfortuna.
5
Sempre firme e resoluto
Ele não se abaterá
E junto com sua família
Vai para Taperoá,
No sertão da Paraíba
Passando a morar lá.
6
É ali que ele conhece
A cultura popular
Vivida e praticada
Pela gente do lugar,
O que marcará pra sempre
Sua maneira de pensar.
7
Teatro de mamulengo,
Samba de roda e xaxado,
Maracatu e ciranda,
Coco de roda e reisado,
Bumba meu boi, capoeira,
Cantoria, frevo e gingado.
8
Xote, forró e cordel,
Vaquejadas e baião,
Desafio de violeiros
E quadrilha de São João.
Estes são alguns exemplos
Dessa rica tradição.
9
Nessa fonte, Suassuna
Vai beber por toda vida,
Sendo a arte e a cultura
A razão da sua lida,
De maneira a amá-las
De uma forma desmedida.
10
Algum tempo se passou
E ele já homem feito
Viaja para Recife,
Onde estudará Direito,
Se formando advogado
Competente e insuspeito.
11
Diplomado advogado,
O jovem profissional
Não irá abandonar
O trabalho cultural,
Dedicando-se também
À atividade teatral.
12
Ao tempo em que exerce
Sua advocacia
Dedica-se à prosa,
Ficção e poesia,
Mostrando em tudo isso
Competência e maestria.
13
Eis aqui alguns exemplos
De sua rica produção:
“O auto de João da Cruz”,
“Cantam as harpas de Sião”,
“O Castigo da soberba”,
“Torturas de um coração”.
14
Tem “O santo e a porca”,
Tem “O arco desolado”,
“Auto da compadecida”
(na TV apresentado),
Também a “Pedra do reino”
E “O pasto incendiado”.
15
Importa lembrar também
Outras obras de talento,
Como “A pena e a lei”
E “O rico avarento”,
Todas elas oriundas
Do seu fértil pensamento.
16
Com Hermilo Borba Filho
Cria o Teatro Popular;
A “Farsa da boa preguiça”
Foi a primeira a estrear;
“A caseira e a Catarina”
Também veio abrilhantar.
17
Anos depois Ariano
Abandona a profissão
E passa a lecionar
Estética e erudição,
Defendendo a cultura
Com maior dedicação.
18
Será ele professor
Na boa universidade
Federal de Pernambuco,
Onde com habilidade
Levará conhecimento
À promissora mocidade.
19
Na década de setenta
Dá um passo colossal;
Junto de grandes nomes
Do universo cultural,
Funda ele o conhecido
“Movimento Armorial”.
20
Tinha este movimento
Como alvo elementar
Promover a união
Do erudito e o popular,
Oferecendo ao nordeste
Algo espetacular.
21
Atuavam em harmonia
O teatro e a pintura,
O cinema e a poesia,
A dança, a literatura,
Tapeçaria e cerâmica,
Ilustração, escultura.
22
Integram o movimento
Personagens de primeira,
A exemplo de Brennand
E Antônio Madureira;
Todos eles preocupados
Com a arte brasileira.
23
Tem Samico e Accioly,
Também Raimundo Carrero;
Tem Orquestra Romançal
Falada no mundo inteiro;
Tem o Balé Armorial
Orgulho do brasileiro.
24
Embalado nas histórias
De antigos trovadores,
Repentistas e poetas,
Violeiros cantadores,
Assim cantou Ariano
Suas glórias, suas dores.
25
No acorde da rebeca,
Nos batuques e folguedos,
Viajou com menestréis,
Prosadores e aedos,
Procurando inspiração
Pra suas peças e enredos.
26
Com respeito à sua gente
E apreço à sua lide,
Galopou com Zé Pacheco,
João Martins de Athayde,
Leandro Gomes de Barros,
Assim como João Melquíades.
27
Nas assas da sapiência
Alçou voos mais distantes,
Tendo em sua companhia
Pensadores importantes,
Como Euclides e Cascudo,
Alighieri e Cervantes.
28
Palmilhou o mesmo solo
De Corisco e Virgulino,
Volta Seca e Cabeleira
Cobra Verde e Jesuíno,
Maria Bonita e Dadá,
Zabelê e Antônio Silvino.
29
Historiou o nordeste
Como bom memorialista,
Sem jamais se esquecer
De colocar na sua lista:
Conselheiro e frei Caneca
Lourenço e Romão Batista.
30
Ao longo de sua vida,
Cantou ele seu torrão,
Como cantou Patativa,
Como cantou Gonzagão;
Como cantou Dominguinhos
E Catulo da Paixão.
31
Conviveu com personagens
Do folclore e da arte,
Como bem Cancão de Fogo
João Grilo e Malazarte.
Figuras que como sabem
Da sua obra fazem parte.
32
Ariano correu mundo
Como um velho menestrel,
Dedilhando sua viola
E cantando seu cordel;
Disseminando a cultura,
Como apóstolo fiel

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero Araújo cardos

Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário: