Por: Marinalva
Freire da Silva
Ao abrirmos as páginas de Textos vivos e reverenciados de um imortal nordestino,
deparamo-nos com a apresentação “Romero Cardoso: uma inteligência
rara!”, de autoria do jornalista Clemildo Brunet que assim se expressa: “Bom
seria que nós, seres humanos, estivéssemos sempre prontos a falar coisas boas
de nossos semelhantes, e assim estaríamos cumprindo a recomendação do apóstolo
Tiago, 15, 4-11 [...]” .
Dessa forma, o ilustre comunicador inicia sua apresentação sobre o geógrafo e
historiador José Romero Araujo Cardoso, autor da obra que acabo de organizar.
Paraibano nascido em Pombal, Romero está radicado em Mossoró desde 1998, quando
se submeteu ao concurso de professor efetivo na Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte, Campus Central, Mossoró-RN, e foi aprovado.
Romero tem uma vida dedicada à pesquisa, é um estudioso assíduo da cultura e
dos costumes nordestinos, principalmente de Mossoró, cidade que o acolheu
como filho. Temas como Lampião, Luiz Gonzaga, Josué de Castro, lendas e
folclores da região, cordel, guerra dos Canudos, Padre Cícero do Juazeiro,
aboio, seca entre outros são uma constante nos seus escritos.
Retomando o perfil de Romero Cardoso, o apresentador revela:
Foi de Romero
que ouvi pela primeira vez, que eu era descendente direto do grande naturalista
francês Louis Jacques Brunet, cientista renomado que foi o responsável pela
descoberta e fomento na condução da carreira do maior artista plástico
paraibano, o areiense Pedro Américo. Romero Cardoso, esta homenagem que lhe
presto, não é simplesmente por ser seu amigo, poderia haver até razão de ser.
Mas não é por esse lado. A verdade é que desde o dia em que travamos o nosso
primeiro diálogo, descobri a suficiência de sua capacidade e a maneira simples
como você a expressa: Sem vaidade e sem orgulho. Daí a razão do título deste
artigo. Romero Cardoso: Uma Inteligência Rara!
Lançando um olhar no prefácio –“Reverenciando e referenciando obra e autor” ,
cujo autor é o insigne escritor Archimedes Marques, encontramos
este define José Romero Araújo Cardoso “[...] um verdadeiro homem na expressão
da palavra, além de culto, ícone inconteste de densidade e de maturidade
acadêmica, um homem que pela sua história de vida, dentre os tantos percalços,
pedras e espinhos na sua caminhada, sempre se fez vitoriosos”.
Dialogando com
Pe Chitumba sobre Romero, através de correio eletrônico, eis como este se
expressou:
Quanto ao
livro sobre Romero, a professora sabe que eu tenho uma admiração fora de série
por ele pela sua sabedoria, pelo seu empenho em buscar e cultivar a sabedoria
que é dom e ao mesmo tempo depende do cultivo e "interesse" que lhe
damos; e Romero se entrega de corpo e alma a esse trabalho. Ele acredita
naquilo que diz e faz e, portanto, muito coerente. Eu admiro nele também este
belíssimo contraste quase, diria... musical, isto é, de sábio e inteligente que
é, com a humildade que ele cultiva e o livro dele, " Fazenda da Esperança
Santa Rosa: reminiscência de um processo de retorno à vida", onde ele não
se envergonha de falar de suas crises, é um exemplo vivo disso. Ele é uma
pessoa muito grata, e sabe fazer-se companheiro de todos: sorri facilmente com
os que sorriem e chora com os que choram. Também é explosivo, no sentido de que
não tolerar facilmente a injustiça, venha ela de que "bancada" ou de
quem vier e nem todos o suportam, por isso.
Cara
professora, em poucos meses que eu estive com ele foi isso que observei dessa
figura humana.
Com referência aos posfácios, observamos que Francisco Cardoso se refere
ao cronista Romero nos seguintes termos:
Falo de Romero
como um dos homens mais corajosos que conheci nos últimos tempos. A história paginada
nos livros nordestinos deve muito a este jovem pesquisador, porque ele emprega
o seu tempo, dias e noites adentro, pesquisando vida e obra dos destacados
líderes regionais.
O nosso
escritor é a cultura viva de que tanto necessitamos para os momentos sagrados
da pesquisa. Ele tem dentro de si a vivacidade do grande Luiz Gonzaga, através
do seu cancioneiro lembrado a cada instante por todos nós.
Sobre os temas
abordados por Romero, o citado posfaciador nos chama a atenção, pois “são obrigatórios
para qualquer escritor, como a busca pela integração regional no planeta, a
eterna disputa entre o socialismo e o capitalismo, os conflitos constantes no
Oriente Médio, são focos [...]fundamentados no ódio, na injustiça social, no
ouro chamado petróleo”, o que nos preocupam. Conclui seu escrito com
a certeza de que “Romero será introduzido na galeria dos Escritores
Amigos do “Caldeirão Político” e receberá o Troféu de “Gonzagueano do Ano”.
Retomando os
posfácios, observamos que em “Os escritos de Romero”, de autoria do insigne
escritor Ignácio Tavares, destacamos:
[...] a
sua insistente leitura de livros da literatura do cangaço influenciou de forma
marcante [em Romero] o seu gosto por esse segmento literário. Mas, a
diversidade dos seus textos é tanta que nos leva a crer que outras opções
literárias assimiladas, em razão da leitura diversificada, da mesma forma o
influenciou, conforme se observa nas formas e estilos com os quais seus textos
são escritos.
Sinto-me feliz
porque faço parte de uma corrente de amigos de Romero que, unidos, estamos
conseguindo soerguê-lo e mostrar-lhe que “viver é uma arte de aprendizado”, que
vale a pena voar livre como as gaivotas, sobrevoar como as águias no imenso
firmamento construído pelo Arquiteto do Universo-Deus.
Voltando meu olhar para os “Textos vivos....”, acho oportuno destacar que todos
os artigos e/ou crônicas que integram este livro foram publicados em blogs,
revistas, livros, apontamentos de aula. É tão evidente a recepção dos escritos
romerianos que motivaram os alunos da UERN a desenvolver, com o professores
José Romero Araújo Cardoso e Benedito Vasconcelos Mendes, um projeto de
pesquisa cujo tema escolhido foi Josué de Castro com “Geografia da fome” por
ser esta ( a fome) um monstro que apavora o Planeta e inquieta “os que comem
pelo medo dos que não comem”.
Assim,
construindo e reconstruindo mosaicos literários permeados com o compromisso
ético-cristão de ensinar “aos que comem “ que não ‘tenham medo dos que não
comem’, mas que. compartilhem com estes o pão e o peixe , a fim de termos um
mundo melhor porque mais justo . É nesta linha de raciocínio que
Romero conclama Josué de Castro com sua Geografia da fome, obra que deve
figurar nas grades curriculares da universidades brasileiras numa modalidade
transdisciplinar com vistas a conscientizar aqueles que têm que os
excluídos são nossos semelhantes e , portanto, merecem também desfrutar do
alimento que a terra presenteia ao homem com a permissão divina, embora a
ganância, a ambição não permitem que sobre algo para os desprovidos do mínimo
para se viver- a alimentação.
Como podemos deduzir do que se encontra aqui escrito sobre Romero, trata-se de
uma pessoa sensível, hiperativa, inquieta, ainda desencontrado no campo do amor,
isto talvez por motivo de sua inquietude, insegurança, fatores que o levaram
por um tempo a trilhar por um caminho diferente do seu dia a dia, cujo preço
foi–lhe muito alto. Mas não merece censura, apenas compreensão, carinho
palavra amiga e de soerguimento. Sabemos que Deus, diferentemente do homem, não
escolhe pessoas capacitadas para a sua messe, capacita os escolhidos como o fez
com Saulus (Paulo) e, agora, Romero. O que ocorreu com Romero é normal nos
gênios. O bom é que ele ergueu-se, caiu para novas quedas, até que encontrou o
prumo e segue firme e inabalável como a rocha. Assim seja, Romero, porque Deus
é AMOR.
Não sendo eu uma especialista nos temas abordados por este baluarte, custou-me
um pouco organizar esta obra erigida com artigos dispersos dado a sua riqueza
conteudística e a sua inter e transdisciplinaridade, de caráter pedagógico na
sua maioria. Mesmo assim o fiz e entrego ao público-leitor de Romero Cardoso
para que possa desfrutar desta miscelânea literária.
Desfrutem, pois, desta maravilha de Textos vivos e reverenciados de um imortal
nordestino.
Marinalva
Freire da Silva
Licenciada
em Letras Clássicas e Vernáculas (1973) e em Pedagogia (1979) - Universidade
Federal da Paraíba-1973. Mestre em Letras – PUC-Curitiba-PR (1982). Doutorado
em Filologia Românica (1990/1991) -Universidade Complutense de Madrid
(Espanha). Pós-graduação em Pedagogia Religiosa: Teologia. Arquidiocese da
Paraíba/ Institutos Paraibanos de Educação/ Universidade Federal da Paraíba-
João Pessoa (1997) . Professora de Língua Portuguesa - Universidade Federal da
Paraíba-João Pessoa (1974/1994). Professora Colaboradora Honorífica
da Faculdade de Filologia Românica da -Universidade Complutense de Madrid
(1987/1988- 1990/1991). Consultora da Universidade Estadual da
Paraíba-Campus III –Guarabira-PB (1994-1996). Professora Visitante da
Universidade Estadual da Paraíba -Campus I – Campina Grande (1997-1999) e
Professora Titular (a partir de 1999). Professora Convidada da Faculdade
de Formação de Professores de Goiana –PE (a partir de julho/2011). Delegada de
Direito da Pessoa Humana. Tradutora de Espanhol. Membro da Associação de
Professores de Espanhol da Paraíba (Presidente de 1992/2002) e de São Paulo;
International Writers and Artists -IWA,/OHIO,USA; da Academia de Estudos
Literários e Linguísticos de Anápolis/GO; da União Brasileira de
Escritores da Paraíba-UBE/PB; da Academia Feminina de Letras e
Artes da Paraíba-AFLAP/PB e do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica. Obras
publicadas: Ditames do Coração (1989); Genealogia de Daura Santiago Rangel
(1991); Genealogia de José Freire de Lima (Parceria com Expedito Freire de
Lima; 1992); Perspectivas Poéticas (1992); Plural dos nomes em -ão na língua
portuguesa: uma abordagem filológica (1993); Daura Santiago Rangel: Perfil de
uma Educadora(1993); Español Instrumental (lª a 9ª ed. ,1996-2006;
Reflexiones(1997); Homenagens em Poesia (1998; 2ª ed. 2013); Recordar conforta
a alma (1998); Augusto dos Anjos: Vida e poesia (1998; obra traduzida, 2001);
Edición Crítica del Regimento Proueytoso contra ha Pestenença (Publicación en
CD,1991); edição impressa, 2008); Daura Santiago Rangel: una Educadora
(Traduzida, 2000);YO (Eu de Augusto dos Anjos (Tradução em parceria, 2000; 2ª
ed. 2010); Español a través de textos I (2002); Coletânea poética (2002);
Dicionário Erótico Brasileiro (2004); Español a través de textos II (2005);
Daura Santiago Rangel: Reconstrução de uma época (2006); Estudos Filológicos.
Literatura. Cultura (2007); Español a través de ejercicios (2007); Semântica
Toponímica dos Municípios Paraibanos (Parceria, 2007); Edição Crítica do
Regimento Proueytoso contra ha Pestenença (edição em língua portuguesa, 2008);
O Despertar da Cultura (Org.; 2008); Na trilha da transdisciplinaridade...(Org.,
2010). O Universo Poético de Luiz Fernandes da Silva (Org. em parceria, 2010);
A Interculturalidade em ação...(Org, 2010); Presencia de los arabismos en las
lenguas castellana y portuguesa... (2011); Trabajando el texto en Lengua Española
(Org., 2011); Español en la enseñanza básica (2011); Em busca das identidades
linguísticas e culturais (Org., 2012); Um olhar sobre a Pedagogia Moderna
(Org., 2012); Entrelaçando as culturas na trilha da cidadania (Org., 2013);
Literatura & Linguagens (Org., 2013); Adauto Ramos. O baluarte da
Genealogia e Heráldica da Paraíba (2013); Reminiscências literárias (2013);
Amelinha Theorga Ayres, a Paisagista do Mar (2013). <marinalvaprof@gmail.com>.
Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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