Por: Rangel Alves da Costa(*)
ACADEMIA
“EU SOZINHO” DE LETRAS
As academias
literárias interioranas estão se difundindo e mostrando a força dos escritores
destas plagas. Alguns literatos ainda desconhecidos na capital, mas outros já
de renome e assento na cultura sergipana e mais além.
Bons ventos
trazendo tais iniciativas. A Academia Gloriense de Letras, no município de
Nossa Senhora da Glória, na boca da mata do alto sertão sergipano, foi
instalada no dia 12 de dezembro de 2012, orgulhando-se de ser a primeira do
interior do estado. É composta de 40 cadeiras e oito membros fundadores. Seu
lema é “ad gloriam per litteras” (Alcançar a glória através das letras).
Nasceu sob a
incansável batuta do poeta Jorge Henrique Vieira Santos. Naquela oportunidade,
oito membros fundadores se imortalizaram nas letras glorienses, tendo como
Patrono da Cadeira nº 1 o escritor e pesquisador poço-redondense Alcino Alves
Costa, falecido em 01 de novembro de 2012, e pai deste missivista.
A segunda
entidade literária surgida no interior foi a Academia Itabaianense de Letras.
Instalada em 1º de fevereiro de 2013 na cidade de Itabaiana, na oportunidade
tomaram posse quinze imortais. Surgiu por iniciativa do escritor e
desembargador federal Vladimir Souza Carvalho, figura de nomeada no mundo das
letras.

Segundo
informa o Jornal Cinform (ed. 1556, p. 4, municípios), “Os 15 integrantes da
formação inicial da Academia Itabaianense de Letras foram escolhidos pela
produção intelectual e pela disponibilidade de se dedicarem aos ideais
defendidos pelo grupo. A meta é que novos escritores e intelectuais façam parte
da agremiação, que tem como objetivo chegar a 30 cadeiras efetivas”.
Observando
tais iniciativas, logo passo a concluir que dificilmente um dia farei parte –
acaso merecimento tivesse – de uma academia literária fundada no meu berço de
nascimento, nas terras distantes de Poço Redondo. Conheço poucos
poço-redondenses que se atrevem nos mundo das letras, que se voltam para
qualquer tipo de produção literária.
O grande
escritor de Poço Redondo, Alcino Alves Costa, faleceu sem jamais ter sido
membro de qualquer academia no seu estado natal. O reconhecimento veio de
outras entidades espalhadas pelo Nordeste, principalmente aquelas que estudam e
divulgam as produções literárias voltadas para o cangaço e os fenômenos
culturais, sociais e messiânicos nordestinos.
Por força do
estatuto da academia gloriense, que não permite pessoas vivas como patronos,
Alcino se tornou patrono da cadeira nº 1. Contudo, não sei se vivo estivesse
fosse lembrado para ocupar qualquer cadeira. E isto porque, ainda que o mesmo estatuto
diga que a AGL possui abrangência em todo o alto sertão sergipano, se verifica
que os membros empossados são todos vinculados ao município de Nossa Senhora da
Glória.
Posso estar
enganado, mas não tenho conhecimento de integrantes que sejam de Monte Alegre,
de Porto da Folha, Gararu, Poço Redondo ou Canindé do São Francisco. Talvez
seja porque estes municípios não possuem escritores do quilate dos glorienses.
Mas também pode ser que, diferentemente do que prega o estatuto, a academia
gloriense, como o próprio nome indica, é somente para os locais. Doutro modo
pressupõe-se que seria Academia Sertaneja de Letras.
Igualmente ao
meu pai, que na sua matutice sertaneja jamais aspirou qualquer fardão
acadêmico, digo – reconhecidamente – que minha obra literária não seria
suficiente para qualquer aspiração acadêmica. Escrevo e escrevo muito, sem um
dia sem uma linha, mas meus livros publicados talvez não sejam conhecidos por
ninguém. A não ser pelo próprio escritor, e que sou eu.
Sob os
auspícios de Luiz Antonio Barreto, através da Pesquise, publiquei em 1996 o meu
primeiro livro de poesias, intitulado “Todo Inverso”. Daí pra cá, através da
Editora Agbook, publiquei mais de 15 livros. E tenho mais quatro livros prontos
para publicação, inclusive uma biografia de Alcino Alves Costa.
De minha
autoria, já foram publicados os romances “Tempestade”, “Ilha das Flores”,
“Evangelho Segundo a Solidão”, “Desconhecidos” e “Silêncio e Solidão”; poesias
em “Todo Inverso”, “Já Outono”, “Poesia Artesã”, “Andante” e “Sertão- Poesia e
Prosa”; crônicas em “O Livro das Palavras Tristes”, “Crônicas Sertanejas”,
“Crônicas de Sol Chovendo”, “Memória Cativa” e “Estórias dos Quatro Ventos”;
contos em “Três Contos de Avoar” e “A Solidão e a Árvore e outros contos”. E
ainda “Poço Redondo – Relatos Sobre o Refúgio do Sol”, “Da Arte da
Sobrevivência no Sertão” (ensaios), e “Estudos Para Cordel” (prosa rimada sobre
a vida do cordel).

Fico triste
apenas porque os meus conterrâneos de Poço Redondo não procuram ter maior
interesse pela escrita de versos, histórias, romances. Se escrevem, então
precisam desempoeirar os escritos. O sertão é fértil demais em situações e
personagens, em causos que podem frutificar em literatura da boa. E quase
sozinho dificilmente farei parte de uma Academia Poço-Redondense de Letras.
Mas não tem
nada não. A partir de agora passo a fundar a Academia “Eu Sozinho” de Letras,
em cujo lema se lê “Immortalis Memento Mori” (Imortal, lembra-te que morrerás).
Sou fundador, patrono e membro, ocupando a cadeira que eu quiser. Mais tarde,
quem sabe, convidarei os amigos escritores Jozailto Lima e Fernando Sá. E no
discurso de posse na imortalidade certamente direi:
“Ora, por que
escreveis, se outros bardos cantam as musas, outros menestréis se arvoraram da
linha que tece a escrita? Mas restam os pássaros, a brisa, o vento, a luz da
lua, a noite. Todos eles se debruçam no meu ponto final. E por isso sou imortal
como toda palavra”.
(*) Meu nome é
Rangel Alves da Costa, nascido no sertão sergipano do São Francisco, no
município de Poço Redondo. Sou formado em Direito pela UFS e advogado inscrito
na OAB/SE, da qual fui membro da Comissão de Direitos Humanos. Estudei também
História na UFS e Jornalismo pela UNIT, cursos que não cheguei a concluir. Sou
autor dos eguintes livros: romances em "Ilha das Flores" e
"Evangelho Segundo a Solidão"; crônicas em "Crônicas Sertanejas"
e "O Livro das Palavras Tristes"; contos em "Três Contos de
Avoar" e "A Solidão e a Árvore e outros contos"; poesias em
"Todo Inverso", "Poesia Artesã" e "Já Outono"; e
ainda de "Estudos Para Cordel - prosa rimada sobre a vida do cordel",
"Da Arte da Sobrevivência no Sertão - Palavras do Velho" e "Poço
Redondo - Relatos Sobre o Refúgio do Sol". Outros livros já estão prontos
para publicação. Escritório do autor: Av. Carlos Bulamarqui, nº 328, Centro,
CEP 49010-660, Aracaju/SE.
Poeta e
cronista
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