Por: Rangel Alves da Costa(*)
OS
MENINOS DE SANTA MARIA: OU A DOR, A DOR...
Como o próprio
termo indica, tragédia é um acontecimento catastrófico, sinistro, uma situação
verdadeiramente apavorante. De vez em quando acontecem fatos assim, que nos
chocam de tal maneira que pasmamos sem acreditar.
Contudo, na
proporção do que aconteceu em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, tudo toma
proporções indescritíveis. Ali não há que se falar em tragédia, mas sim um
acontecimento de dimensões tão exorbitantes que, ao menos por enquanto, não
haverá como descrever.
Foram cerca de
250 mortos num incêndio em uma boate, todos jovens, na maioria universitários
da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, entre os 18 e 30 anos, e que
brincavam numa festa organizada com o nome de Agromerados, pois envolvendo
alunos dos cursos de agronomia e medicina veterinária, dentre outros.
Imaginar
tantas vidas perdidas nos faz – pasmos, abobalhados, sem acreditar em nada -
pensar apenas no que, infelizmente, tão cedo deixou de viver. Entretanto,
somem-se ao número de mortos o número de pais e mães, irmãos, familiares e
amigos, que estão lancinantemente sofrendo. Some-se a isto todo o Brasil.
Que dor. Num
ginásio de esportes os corpos estão espalhados aos montes. Por cima do peito de
cada um a identificação pelo documento de identidade, pelo celular.
Desesperadas, as famílias e amigos incessantemente telefonam. E os telefones
vão tocando seguidamente sem que os seus donos possam atendê-los. E o barulho
dos toques vão se misturando aos gritos de dor, aos desesperos diante de tantas
vidas perdidas. E tão jovens.
Estudantes
universitários, muitas de suas cadeiras estarão vazias na próxima aula, o
campus estará mais sombrio e triste, a vida mais difícil de ser prosseguida. Os
colegas sentirão a perda em cada vão dos corredores que percorrerão em busca de
reencontrá-los salvos do sinistro. Muitos não estarão mais ali para a aula,
para o diálogo, para o convívio.
Como alguém
afirmou num canal de televisão, hoje Santa Maria certamente é o lugar mais
triste do mundo. Mas a dor se espalha, se faz sentida em cada canto onde houver
sentimento. Impossível não perguntar se aqueles meninos mereciam tal destino,
as famílias tanto sofrimento, a vida tanta perda.
Mas que Deus
acolha tão jovens vidas e que permita o conforto nos corações dilacerados dos
que ficaram. Mas tudo é tão difícil de compreender, aceitar, sentir. Tudo é
difícil demais.
(*) Meu nome é
Rangel Alves da Costa, nascido no sertão sergipano do São Francisco, no
município de Poço Redondo. Sou formado em Direito pela UFS e advogado inscrito
na OAB/SE, da qual fui membro da Comissão de Direitos Humanos. Estudei também
História na UFS e Jornalismo pela UNIT, cursos que não cheguei a concluir. Sou
autor dos eguintes livros: romances em "Ilha das Flores" e "Evangelho
Segundo a Solidão"; crônicas em "Crônicas Sertanejas" e "O
Livro das Palavras Tristes"; contos em "Três Contos de Avoar" e
"A Solidão e a Árvore e outros contos"; poesias em "Todo
Inverso", "Poesia Artesã" e "Já Outono"; e ainda de
"Estudos Para Cordel - prosa rimada sobre a vida do cordel", "Da
Arte da Sobrevivência no Sertão - Palavras do Velho" e "Poço Redondo
- Relatos Sobre o Refúgio do Sol". Outros livros já estão prontos para
publicação. Escritório do autor: Av. Carlos Bulamarqui, nº 328, Centro, CEP 49010-660,
Aracaju/SE.
Poeta e
cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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