quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A MULHER DO JIPÃO


Por: Clerisvaldo B. Chagas, 22 de novembro de 2012. Crônica Nº 913

A MULHER DO JIPÃO

Quando a van estacionou, a motorista do jipe surgiu na esquina. Era para levar o tanto de passageiros que pudesse, assim a machona iniciou a sua arrumação. Como cada qual quer muito lucro e pouca despesa, a mulher foi amontoando passageiros e bagagens. Para um isopor difícil de encaixar, a motorista diz que o passageiro vai e o isopor fica. O passageiro contesta:“bagagem não pode esperar sozinha em ponto de táxi”.Bronca para lá, espanto para cá, a mulher piladora quer levar oito passageiros onde só cabem cinco. Arrancaram a cabeça de um senhor. Quer dizer, pensou-se que homem havia perdido a cabeça, mas fora uns sacos jogados pela machona que encobriu tudo. Para amenizar, alguém dizia que era assim mesmo. Quem quisesse conforto que viajasse em carro próprio. Outro passageiro diz que ali tem gente e bagagem para dois táxis: “onde ficava o compromisso dos donos da van e do jipe em tratar bem a clientela!”. Mas a machona, com os peitos quase de fora e uma bermuda curtíssima, mostrava os dentes amarelos de cavalo e sorriso de gente besta.

Uma senhora de seus oitenta anos, durinha e desaforada, falava que não viajaria mais naquela van, pois a parceira do táxi era incompreensível e mal educada. A motorista veio e quis deslocar a velhinha para um lugar mais difícil. A senhora alegou que não dava. Tinha problemas nas pernas, inclusive estava de muletas. A machona nem ligou para a desculpa, respondendo que sim, que dava para ela se deslocar. A velhinha repetiu que suas pernas não permitiam. A motorista ironicamente tentava convencê-la, quando a velhinha disse: “pimenta no c. dos outros é refresco. Uns passageiros riram, outros se chocaram. A motorista fez que não ouviu. A velhinha continuou: “A pior coisa é viajar com mundiça. E desse tipo pior. Quer meter pimenta com tudo e de uma vez. E  não é qualquer pimenta, é da malagueta, a mais peste que tem. E depois ainda fica olhando para a cara da gente com essa cara de rapariga de outra! Meta-se para a casa da peste, você e o dono da van. Pode me deixar aqui que eu vou em outra táxi”.

A velhinha ficou na calçada com suas muletas de metal e o jipão partiu. A motorista parecia mais um algoz prestando serviço em lugar errado. Mas não é só no jipão que acontecem as coisas. Na caminhada da vida o que não falta é esperto cultivando pimenteira. Se você não se alertar, meu amigo, eles partem mesmo para o uso da malagueta. É preciso andar de calcinha de ferro e cueca de bronze para evitar transtornos. Alerta para não se encontra com A MULHER DO JIPÃO.  


Autobiografia

CLERISVALDO B. CHAGAS – AUTOBIOGRAFIA
ROMANCISTA – CRONISTA – HISTORIADOR - POETA


Clerisvaldo Braga das Chagas nasceu no dia 2 de dezembro de 1946, à Rua Benedito Melo ( Rua Nova) s/n, em Santana do Ipanema, Alagoas. Logo cedo se mudou para a Rua do Sebo (depois Cleto Campelo) e atual Antonio Tavares, nº 238, onde passou toda a sua vida de solteiro. Filho do comerciante Manoel Celestino das Chagas e da professora Helena Braga das Chagas, foi o segundo de uma plêiade de mais nove irmãos (eram cinco homens e cinco mulheres). Clerisvaldo fez o Fundamental menor (antigo Primário), no Grupo Escolar Padre Francisco Correia e, o Fundamental maior (antigo Ginasial), no Ginásio Santana, encerrando essa fase em 1966.Prosseguindo seus estudos, Chagas mudou-se para Maceió onde estudou o Curso Médio, então, Científico, no Colégio Guido de Fontgalland, terminando os dois últimos anos no Colégio Moreira e Silva, ambos no Farol Concluído o Curso Médio, Clerisvaldo retornou a Santana do Ipanema e foi tentar a vida na capital paulista. Retornou novamente a sua terra onde foi pesquisador do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Casou em 30 de março de 1974 com a professora Irene Ferreira da Costa, tendo nascido dessa união, duas filhas: Clerine e Clerise. Chagas iniciou o curso de Geografia na Faculdade de Formação de Professores de Arapiraca e concluiu sua Licenciatura Plena na AESA - Faculdade de Formação de Professores de Arcoverde, em Pernambuco (1991). Fez Especialização em Geo-História pelo CESMAC – Centro de Estudos Superiores de Maceió (2003). Nesse período de estudos, além do IBGE, lecionou Ciências e Geografia no Ginásio Santana, Colégio Santo Tomaz de Aquino e Colégio Instituto Sagrada Família. Aprovado em 1º lugar em concurso público, deixou o IBGE e passou a lecionar no, então, Colégio Estadual Deraldo Campos (atual Escola Estadual Prof. Mileno Ferreira da Silva). Clerisvaldo ainda voltou a ser aprovado também em mais dois concursos públicos em 1º e 2º lugares. Lecionou em várias escolas tendo a Geografia como base. Também ensinou História, Sociologia, Filosofia, Biologia, Arte e Ciências. Contribuiu com o seu saber em vários outros estabelecimentos de ensino, além dos mencionados acima como as escolas: Ormindo Barros, Lions, Aloísio Ernande Brandão, Helena Braga das Chagas, São Cristóvão e Ismael Fernandes de Oliveira. Na cidade de Ouro Branco lecionou na Escola Rui Palmeira — onde foi vice-diretor e membro fundador — e ainda na cidade de Olho d’Água das Flores, no Colégio Mestre e Rei. 
  
Sua vida social tem sido intensa e fecunda. Foi membro fundador do 4º  teatro de Santana (Teatro de Amadores Augusto Almeida); membro fundador de escolas em Santana, Carneiros, Dois Riachos e Ouro Branco. Foi cronista da Rádio Correio do Sertão (Crônica do Meio-Dia); Venerável por duas vezes da Loja Maçônica Amor à Verdade; 1º presidente regional do SINTEAL (antiga APAL), núcleo da região de Santana; membro fundador da ACALA - Academia Arapiraquense de Letras e Artes; criador do programa na Rádio Cidade: Santana, Terra da Gente; redator do diário Jornal do Sertão(encarte do Jornal de Alagoas); 1º diretor eleito da Escola Estadual Prof. Mileno Ferreira da Silva; membro fundador da Academia Interiorana de Letras de Alagoas – ACILAL.

Em sua trajetória, Clerisvaldo Braga das Chagas, adotou o nome artístico Clerisvaldo B. Chagas, em homenagem ao escritor de Palmeira dos Índios, Alagoas, Luís B. Torres, o primeiro escritor a reconhecer o seu trabalho. Pela ordem, são obras do autor que se caracteriza como romancista: Ribeira do Panema (romance - 1977); Geografia de Santana do Ipanema (didático – 1978); Carnaval do Lobisomem (conto – 1979); Defunto Perfumado (romance – 1982); O Coice do Bode (humor maçônico – 1983); Floro Novais, Herói ou Bandido? (documentário romanceado – 1985); A Igrejinha das Tocaias (episódio histórico em versos – 1992); Sertão Brabo CD (10 poemas engraçados).

  Até setembro de 2009, o autor tentava publicar as seguintes obras inéditas: Ipanema, um Rio Macho (paradidático); Deuses de Mandacaru (romance); Fazenda Lajeado (romance); O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema(história); Colibris do Camoxinga - poesia selvagem (poesia).
  
Atualmente (2009), o escritor romancista Clerisvaldo B. Chagas também escreve crônicas diariamente para o seu Blog no portal sertanejo Santana Oxente, onde estão detalhes biográficos e apresentações do seu trabalho.

(Clerisvaldo B. Chagas – Autobiografia)

http://clerisvaldobchagas.blogspot.com.br/2012/11/a-mulher-do-jipao.html


Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:

http://blogdomendesemendes.blogspot.com


Nenhum comentário: