Por: Clerisvaldo B.
Chagas, 22 de novembro de 2012. Crônica Nº 913

A MULHER DO JIPÃO
Quando a
van estacionou, a motorista do jipe surgiu na esquina. Era para levar o tanto
de passageiros que pudesse, assim a machona iniciou a sua arrumação. Como cada
qual quer muito lucro e pouca despesa, a mulher foi amontoando passageiros e
bagagens. Para um isopor difícil de encaixar, a motorista diz que o passageiro
vai e o isopor fica. O passageiro contesta:“bagagem não pode esperar sozinha em
ponto de táxi”.Bronca para lá, espanto para cá, a mulher piladora quer levar
oito passageiros onde só cabem cinco. Arrancaram a cabeça de um senhor. Quer
dizer, pensou-se que homem havia perdido a cabeça, mas fora uns sacos jogados
pela machona que encobriu tudo. Para amenizar, alguém dizia que era assim mesmo.
Quem quisesse conforto que viajasse em carro próprio. Outro passageiro diz que
ali tem gente e bagagem para dois táxis: “onde ficava o compromisso dos
donos da van e do jipe em tratar bem a clientela!”. Mas a machona, com os
peitos quase de fora e uma bermuda curtíssima, mostrava os dentes amarelos de
cavalo e sorriso de gente besta.
Uma senhora de
seus oitenta anos, durinha e desaforada, falava que não viajaria mais naquela
van, pois a parceira do táxi era incompreensível e mal educada. A motorista veio
e quis deslocar a velhinha para um lugar mais difícil. A senhora alegou que não
dava. Tinha problemas nas pernas, inclusive estava de muletas. A machona nem
ligou para a desculpa, respondendo que sim, que dava para ela se deslocar. A
velhinha repetiu que suas pernas não permitiam. A motorista ironicamente
tentava convencê-la, quando a velhinha disse: “pimenta no c. dos outros é
refresco. Uns passageiros riram, outros se chocaram. A motorista fez que
não ouviu. A velhinha continuou: “A pior coisa é viajar com mundiça. E desse
tipo pior. Quer meter pimenta com tudo e de uma vez. E não é
qualquer pimenta, é da malagueta, a mais peste que tem. E depois ainda fica
olhando para a cara da gente com essa cara de rapariga de outra! Meta-se para a
casa da peste, você e o dono da van. Pode me deixar aqui que eu vou em outra
táxi”.
A velhinha
ficou na calçada com suas muletas de metal e o jipão partiu. A motorista
parecia mais um algoz prestando serviço em lugar errado. Mas não é só no jipão
que acontecem as coisas. Na caminhada da vida o que não falta é esperto
cultivando pimenteira. Se você não se alertar, meu amigo, eles partem mesmo
para o uso da malagueta. É preciso andar de calcinha de ferro e cueca de bronze
para evitar transtornos. Alerta para não se encontra com A MULHER DO
JIPÃO.
Autobiografia
CLERISVALDO
B. CHAGAS – AUTOBIOGRAFIA
ROMANCISTA
– CRONISTA – HISTORIADOR - POETA
Clerisvaldo
Braga das Chagas nasceu no dia 2 de dezembro de 1946, à Rua Benedito Melo ( Rua
Nova) s/n, em Santana do Ipanema, Alagoas. Logo cedo se mudou para a Rua do
Sebo (depois Cleto Campelo) e atual Antonio Tavares, nº 238, onde passou toda a
sua vida de solteiro. Filho do comerciante Manoel Celestino das Chagas e da
professora Helena Braga das Chagas, foi o segundo de uma plêiade de mais nove
irmãos (eram cinco homens e cinco mulheres). Clerisvaldo fez o Fundamental
menor (antigo Primário), no Grupo Escolar Padre Francisco Correia e, o
Fundamental maior (antigo Ginasial), no Ginásio Santana, encerrando essa fase
em 1966.Prosseguindo seus estudos, Chagas mudou-se para Maceió onde estudou o
Curso Médio, então, Científico, no Colégio Guido de Fontgalland, terminando os
dois últimos anos no Colégio Moreira e Silva, ambos no Farol Concluído o Curso
Médio, Clerisvaldo retornou a Santana do Ipanema e foi tentar a vida na capital
paulista. Retornou novamente a sua terra onde foi pesquisador do IBGE –
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Casou em 30 de março de 1974
com a professora Irene Ferreira da Costa, tendo nascido dessa união, duas
filhas: Clerine e Clerise. Chagas iniciou o curso de Geografia na Faculdade de
Formação de Professores de Arapiraca e concluiu sua Licenciatura Plena na AESA
- Faculdade de Formação de Professores de Arcoverde, em Pernambuco (1991). Fez
Especialização em Geo-História pelo CESMAC – Centro de Estudos Superiores de
Maceió (2003). Nesse período de estudos, além do IBGE, lecionou Ciências e
Geografia no Ginásio Santana, Colégio Santo Tomaz de Aquino e Colégio Instituto
Sagrada Família. Aprovado em 1º lugar em concurso público, deixou o IBGE e
passou a lecionar no, então, Colégio Estadual Deraldo Campos (atual Escola
Estadual Prof. Mileno Ferreira da Silva). Clerisvaldo ainda voltou a ser
aprovado também em mais dois concursos públicos em 1º e 2º lugares. Lecionou em
várias escolas tendo a Geografia como base. Também ensinou História,
Sociologia, Filosofia, Biologia, Arte e Ciências. Contribuiu com o seu saber em
vários outros estabelecimentos de ensino, além dos mencionados acima como as
escolas: Ormindo Barros, Lions, Aloísio Ernande Brandão, Helena Braga das
Chagas, São Cristóvão e Ismael Fernandes de Oliveira. Na cidade de Ouro Branco
lecionou na Escola Rui Palmeira — onde foi vice-diretor e membro fundador — e
ainda na cidade de Olho d’Água das Flores, no Colégio Mestre e Rei.
Sua
vida social tem sido intensa e fecunda. Foi membro fundador do 4º teatro
de Santana (Teatro de Amadores Augusto Almeida); membro fundador de escolas em
Santana, Carneiros, Dois Riachos e Ouro Branco. Foi cronista da Rádio Correio
do Sertão (Crônica do Meio-Dia); Venerável por duas vezes da Loja Maçônica Amor
à Verdade; 1º presidente regional do SINTEAL (antiga APAL), núcleo da região de
Santana; membro fundador da ACALA - Academia Arapiraquense de Letras e Artes;
criador do programa na Rádio Cidade: Santana, Terra da Gente; redator do diário Jornal
do Sertão(encarte do Jornal de Alagoas); 1º diretor eleito da Escola Estadual
Prof. Mileno Ferreira da Silva; membro fundador da Academia Interiorana de
Letras de Alagoas – ACILAL.
Em sua trajetória, Clerisvaldo Braga das Chagas, adotou o nome artístico Clerisvaldo
B. Chagas, em homenagem ao escritor de Palmeira dos Índios, Alagoas, Luís B.
Torres, o primeiro escritor a reconhecer o seu trabalho. Pela ordem, são obras
do autor que se caracteriza como romancista: Ribeira do Panema (romance -
1977); Geografia de Santana do Ipanema (didático – 1978); Carnaval do Lobisomem
(conto – 1979); Defunto Perfumado (romance – 1982); O Coice do Bode (humor
maçônico – 1983); Floro Novais, Herói ou Bandido? (documentário romanceado –
1985); A Igrejinha das Tocaias (episódio histórico em versos – 1992); Sertão
Brabo CD (10 poemas engraçados).
Até
setembro de 2009, o autor tentava publicar as seguintes obras inéditas: Ipanema,
um Rio Macho (paradidático); Deuses de Mandacaru (romance); Fazenda
Lajeado (romance); O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de
Santana do Ipanema(história); Colibris do Camoxinga - poesia selvagem (poesia).
Atualmente
(2009), o escritor romancista Clerisvaldo B. Chagas também escreve crônicas
diariamente para o seu Blog no portal sertanejo Santana Oxente,
onde estão detalhes biográficos e apresentações do seu trabalho.
(Clerisvaldo
B. Chagas – Autobiografia)
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com.br/2012/11/a-mulher-do-jipao.html
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