Florina EscossiaAdolescentes de
Mossoró - Todas as décadas
A criação da
Escola Normal se deu por decreto de 19.01.1922 e sua consequente instalação nos
primeiros dias de março do mesmo ano, despertou-me interesse de prosseguir os
estudos, até então de primário completo feito no Santa Luzia. Encontrei da
parte de colegas como Raimundo Reginaldo, Adauto Miranda e outros, o maior
incentivo para que me matriculasse naquela Escola. Tive receio de não ser
admitido, por se tratar de um estabelecimento misto, de vagas limitadas para o
primeiro ano, em razão do que estava sendo feita uma seleção.
Ao apresentar
a documentação para a matrícula da Escola, houve uma discordância de um dos
professores com o diretor, não querendo admitir que eu fosse incluído como
aluno, por ser um jovem turbulento, dizia o professor, ao que o diretor Elizeu
Viana argumentou:
- Deixe
comigo. Eu tomo conta de Lauro e tenho certeza, farei dele um bom aluno.
(Revelada pelo Elizeu Viana).
Finalmente,
após o exame que serviu de "teste", ingressei com orgulho na Escola
Normal, integrando a primeira turma, constituída de 18 alunos, sendo 6 do sexo
masculino.
Fui me
habituando a disciplina da Escola. O curso era intensivo e durante três anos
daria professores para escolas isoladas, rudimentares e ambulantes do interior.
Não havia tempo para brincadeiras. Todos estudavam pra dar conta das lições de
Português, Aritmética e Noções de Geografia Geral e do Brasil, Geometria,
Francês, História Universal e do Brasil, Física Química, História Natural,
Educação Cívica, Higiene Escolar, Educação Física e Trabalhos Manuais e
Economia Doméstica (estas duas para o sexo feminino) e Música.
A 19 de maio
daquele ano foi fundada a Associação de Normalistas, e eu e Maria Silvia, filha
de Martins de Vasconcelos, fomos designados gerentes da revista
"ABC", órgão da agremiação. A revista circulou até o número 23, maio
de 1925.
Em 1922 estava
sendo comemorado o centenário da Independência. No dia 7 de setembro circulou o
terceiro número da "ABC", que foi posto com os jornais da terra O
MOSSOROENSE, O Nordeste, O Trabalho e O Lábaro, numa gaveta do obelisco que a
Prefeitura de Mossoró inaugurava naquele dia na praça do mesmo nome. Nesse
número da revista há um artigo meu com o título "Nosso Centenário".
Passou o
segundo ano. Em 1923 não fui aprovado. Em 1924 acompanhei como repetente a turma
que havia ingressado na Escola no ano anterior. Um dos motivos de minha
reprovação foi ocasionado pela liderança assumida num grupo de alunos, que
desejava derrotar a candidatura oficial de Benigna Cunha à presidência da
Associação, movimento fracassado que resultou em nota zero para os alunos da
oposição. Desse grupo faziam parte, dentre outros, Raimundo Nonato, Izabeldina
de Souza, Maria Reginaldo, Maria Cavalcanti e Lauro Reginaldo.
Minha turma
foi diplomada em 1925. A "turma da encrenca", porque a normalista
Ildérica Silva não respondeu à chamada, quando feita por número. Resultou uma
divergência de Manuel Onofre com Eliseu Viana, e, no fim do ano, a não
confecção do quadro de formatura porque não foi permitido ser incluído o
retrato do ex-diretor Eliseu Viana, alegando a então direção da Escola que ela
só tinha um diretor e este seria o Dr. Aprígio Câmara.
Foram meus
colegas de turma: margarida Negreiros, Raimunda Dias, Ernestina Leão,
Izabeldina de Souza, Otília Fialho, Sebastiana Marques, Ildérica Silva, Mosinha
dos Santos, Raimunda Wanderley, Raimundo Nonato e Lauro Reginaldo.
Fomos
diplomados professores em 1925, em solenidade no Teatro Almeida Castro. Fui o
orador e paraninfo e o Dr. Nestor dos Santos Lima, Secretário de Educação do
Estado."
Do livro
Memórias de um jornalista de província, de Lauro da Escóssia
A foto data de
1924, provavelmente seria dessa turma
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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