segunda-feira, 7 de setembro de 2015

"ESCOLA NORMAL

Florina Escossia‎Adolescentes de Mossoró - Todas as décadas

A criação da Escola Normal se deu por decreto de 19.01.1922 e sua consequente instalação nos primeiros dias de março do mesmo ano, despertou-me interesse de prosseguir os estudos, até então de primário completo feito no Santa Luzia. Encontrei da parte de colegas como Raimundo Reginaldo, Adauto Miranda e outros, o maior incentivo para que me matriculasse naquela Escola. Tive receio de não ser admitido, por se tratar de um estabelecimento misto, de vagas limitadas para o primeiro ano, em razão do que estava sendo feita uma seleção.

Ao apresentar a documentação para a matrícula da Escola, houve uma discordância de um dos professores com o diretor, não querendo admitir que eu fosse incluído como aluno, por ser um jovem turbulento, dizia o professor, ao que o diretor Elizeu Viana argumentou:

- Deixe comigo. Eu tomo conta de Lauro e tenho certeza, farei dele um bom aluno. (Revelada pelo Elizeu Viana).

Finalmente, após o exame que serviu de "teste", ingressei com orgulho na Escola Normal, integrando a primeira turma, constituída de 18 alunos, sendo 6 do sexo masculino.

Fui me habituando a disciplina da Escola. O curso era intensivo e durante três anos daria professores para escolas isoladas, rudimentares e ambulantes do interior. Não havia tempo para brincadeiras. Todos estudavam pra dar conta das lições de Português, Aritmética e Noções de Geografia Geral e do Brasil, Geometria, Francês, História Universal e do Brasil, Física Química, História Natural, Educação Cívica, Higiene Escolar, Educação Física e Trabalhos Manuais e Economia Doméstica (estas duas para o sexo feminino) e Música.

A 19 de maio daquele ano foi fundada a Associação de Normalistas, e eu e Maria Silvia, filha de Martins de Vasconcelos, fomos designados gerentes da revista "ABC", órgão da agremiação. A revista circulou até o número 23, maio de 1925.

Em 1922 estava sendo comemorado o centenário da Independência. No dia 7 de setembro circulou o terceiro número da "ABC", que foi posto com os jornais da terra O MOSSOROENSE, O Nordeste, O Trabalho e O Lábaro, numa gaveta do obelisco que a Prefeitura de Mossoró inaugurava naquele dia na praça do mesmo nome. Nesse número da revista há um artigo meu com o título "Nosso Centenário".

Passou o segundo ano. Em 1923 não fui aprovado. Em 1924 acompanhei como repetente a turma que havia ingressado na Escola no ano anterior. Um dos motivos de minha reprovação foi ocasionado pela liderança assumida num grupo de alunos, que desejava derrotar a candidatura oficial de Benigna Cunha à presidência da Associação, movimento fracassado que resultou em nota zero para os alunos da oposição. Desse grupo faziam parte, dentre outros, Raimundo Nonato, Izabeldina de Souza, Maria Reginaldo, Maria Cavalcanti e Lauro Reginaldo.

Minha turma foi diplomada em 1925. A "turma da encrenca", porque a normalista Ildérica Silva não respondeu à chamada, quando feita por número. Resultou uma divergência de Manuel Onofre com Eliseu Viana, e, no fim do ano, a não confecção do quadro de formatura porque não foi permitido ser incluído o retrato do ex-diretor Eliseu Viana, alegando a então direção da Escola que ela só tinha um diretor e este seria o Dr. Aprígio Câmara.

Foram meus colegas de turma: margarida Negreiros, Raimunda Dias, Ernestina Leão, Izabeldina de Souza, Otília Fialho, Sebastiana Marques, Ildérica Silva, Mosinha dos Santos, Raimunda Wanderley, Raimundo Nonato e Lauro Reginaldo.

Fomos diplomados professores em 1925, em solenidade no Teatro Almeida Castro. Fui o orador e paraninfo e o Dr. Nestor dos Santos Lima, Secretário de Educação do Estado."

Do livro Memórias de um jornalista de província, de Lauro da Escóssia
A foto data de 1924, provavelmente seria dessa turma

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