Por Clerisvaldo B.
Chagas, 10 de setembro de 2015. - Crônica Nº
1.487
Confundindo-se
com a história do sertão alagoano, a Rua Nilo Peçanha, cabeça quebrada da
unidade Rua Antônio Tavares, em Santana do Ipanema, não chega a cem metros.
Ignorada como fonte histórica por quase todos os habitantes da cidade, hoje
representa apenas um terreno morto.
(prof.mauriciocamargo.blogspot.com).
Foi ali,
entretanto, onde existiu a célebre Cadeia Velha que só foi demolida com
inauguração da atual Delegacia de Polícia no lugar chamado Aterro. A Cadeia
Velha serviu de delegacia, prisão, quartel, necrotério, e lugar de venda de escravos.
Dali saíram os soldados para defender a cidade contra um possível ataque de
Lampião, não acontecido. Foi a Cadeia a primeira guarida para o 2º Batalhão de
Polícia, comandado por Lucena para combater cangaceiros no sertão.
O trecho Nilo
Peçanha foi agraciado como estrada Pedra de Delmiro a Palmeira dos Índios,
consolidada pelo próprio coronel Delmiro.
Foi ali,
defronte à Cadeia Velha, onde uma das duas excelentes bandas de músicas
recepcionou o governador interino de Alagoas, padre Capitulino, acompanhado em
comitiva de mais de cem cavaleiros e muitos fogos desde a sua entrada pelo
subúrbio Bebedouro/Maniçoba. A outra banda aguardava no centro.
Foi ali na
esquina da Nilo Peçanha com a travessa que leva ao rio, onde negociou o cidadão
que deu nome ao município de Ouro Branco, Sebastião Jiló (hoje bodega fechada e
em ruínas). Em Ouro Branco, antigo Olho d’Água do Chicão, tinha bodega
frequentada por Lampião, seus irmãos e os Porcino. Lampião o defendia das
maldades dos demais, principalmente do fiado.
Ainda no
trecho dos cem metros da Nilo Peçanha, o panificador Antônio Tavares, foi
atacado, covardemente, pelo soldado Artur (um dos homens de confiança de
Lucena) o mesmo que matou o tenente Porfírio. O panificador trancou-se num
quartinho onde morava só, não saiu de casa durante três dias, morrendo de
desgosto. Era pai do futuro deputado Siloé Tavares. A Rua Antônio Tavares que
antes se chamava Cleto Campelo, depois do nome Sebo, homenageia o comerciante.
A grande casa
comercial na esquina da Nilo Peçanha com o comércio era salão de sinuca com
jogo de baralho nos fundos. Pertencia ao chefe político no governo Arnon de
Mello, Manoel Barros. A porta dos fundos dava para a Rua Nilo Peçanha.
Assim, muitos
outros fatos históricos ocorreram no trecho dos cem metros.
· Do
livro do autor: “O boi, a bota e a batina, história completa de Santana do
Ipanema”.
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