Por Clerisvaldo B.
Chagas, 4 de agosto de 2015 - Crônica Nº
1.466
Interessante
são as histórias, mitos e lendas que atravessam os tempos ao longo do Rio São
Francisco. Rio da Unidade Nacional que proporcionou o povoamento do interior
nordestino e parte de Minas Gerais. À sombra das robustas e seculares crabeiras
das suas margens, sentam-se os indivíduos contadores de casos estirados. E
babando de contentamento, vai o ouvinte se enrolando ─ como cigarro de palha ─
entre uma dose da boa cachaça mineira e o caldo de peixe da trempe de granito.
Enquanto fumega o amassado alumínio, o caboclo explica bem direitinho suas
verdades inteiras e meias, encobertas pelo roído chapéu de palha artesanal.
Entre as lendas mais famosas está em destaque o “Nego d’Água”.
ESTÁTUA
DO NEGO d'ÁGUA. Foto: (folcloredobrasil.2001).
O “Nego
d’Água” é descrito como um negro alto, forte, careca, corpo coberto de escamas
mistas com a pele, mãos e pés de pato. Costuma aparecer aos pescadores e outras
pessoas junto aos rios. Sua função seria amedrontar as pessoas que por ali
passam, partindo anzóis de pesca, furando redes, dando sustos em pessoas nos
barcos e mais. Muitos pescadores dizem tê-lo visto.
Manifesta-se
com suas gargalhadas e vira as canoas dos pescadores que não lhe dão um peixe.
Há pescadores
que jogam garrafa de cachaça no rio, durante as pescarias, para não ter a canoa
virada pelo “Nego d’Água”.
A lenda do
“Nego d’Água” espalha-se por vários grandes rios brasileiros e ganhou escultura
com mais de 12 metros de altura nas águas do São Francisco, em Juazeiro da
Bahia.
Mudando de pau
para madeira, temos o tiro que saiu pela culatra. Foi o que aconteceu com as
investidas do deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara, nas suas insanas
cabeçadas contra Dilma. Querendo voar mais alto do que as aves do céu
enganchou-se na própria turbulência, perdeu o tálamo, roda como galo de macumba
e agora bate de frente com o “Nego d’Água”.
O problema
todo agora, Zé, é que o presidente da Câmara não tem peixe na canoa e nem
cachaça para jogar no rio.
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