Por Rangel Alves
da Costa*
Não danço, não
estou bebendo sequer cerveja, não gosto de estar em meio a multidões frenéticas
e agitadas, mas ainda assim me predispus a comparecer a uma festa numa das
principais avenidas de Poço Redondo. Contudo, saí de lá com a impressão de ter
presenciado um festim de bordel com strip-tease de quinta categoria. Ou não?
Como estava em
Poço Redondo no último fim de semana e fui informado da festa na Avenida Alcino
Alves Costa, então resolvi comparecer para reencontrar velhos amigos e
conhecidos. Também fui informado que parte da avenida era fechada para o
evento, onde um palco era colocado para apresentação das bandas e artistas, e
também que não era a primeira vez que festa assim era ali organizada. Tudo bem.
Então fui.
Contudo,
jamais imaginei que assistiria a um espetáculo tão degradante. A começar pelo
arrocha após arrocha, como se o mundo musical tivesse se instalado de vez no
fundo do poço (sem trocadilho). Ainda assim uma juventude completamente
extasiada com o dejeto musical e ecoando refrãos do tipo “Tá doendo é, tá
chorando é, todo castigo é pouco, falei que ia ter troco. Tá doendo é, tá
chorando é...”. Ou “Tá na sofrência, na carência, tentando esquecer o que te
fez sofrer. Tá perdida, desiludida, descontando o mal de amor na pobre da
bebida...”. Mas não pensem que sei de tais letras, pois tive de pesquisar para
citá-las aqui.
Selminha Paz
foi a primeira cantora a se apresentar. Não sei de onde saiu a dita, mas ela
possui um fôlego verdadeiramente impressionante, pois cantarolou “arrochertão”
por duas horas seguidas. E foi a tal Selminha, ao convidar duas mulheres ao
palco para dançar, que deu início a cenas somente avistadas em shows eróticos.
Cenas apelativas, verdadeiramente pornográficas, num total desrespeito às
famílias nas casas ao lado, aos menores e a todos que não esperavam tamanha
sem-vergonhice.
Na verdade, o
que se viu em cima do palco foi um verdadeiro ultraje público ao pudor,
escancarado em atos obscenos. Ultraje significando afronta, insulto ou ofensa
muito grave. Pudor significando respeito à moralidade, sentimento de decência
que está inserida na dignidade. A prática de ultraje ao pudor é crime perante o
Código Penal, que o prevê no art. 233, com a denominação de ato obsceno:
“Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: Pena —
detenção, de três meses a um ano, ou multa”.
Por ato
obsceno tem-se uma ação com conotação sexual, praticada no sentido de provocar
o público. E segundo a lei, todo aquele que praticar um ato obsceno, impudico,
de apelo sexual, de modo a ofender o sentimento médio de pudor, em lugar
público, ou aberto ou exposto ao público, deverá sofrer as reprimendas legais.
E o ato obsceno se configura, por exemplo, quando há strip-tease em público,
quando há apelo à nudez e quando é praticado algum ato de erotização acima da
média normal aceita pela sociedade.
E o que se viu
em cima daquele palco, após a cantora Selminha Paz convidar as duas moças para
dançar, foi um total desrespeito a grande parte do público ali presente e, como
já citado, às famílias que estavam em suas casas nos arredores. As duas, uma
mais morena e outra mais magrinha, começaram então um verdadeiro festim
despudorado. A morena dançava levantando a parte de trás da roupa em direção ao
público, mostrando as entranhas guardadas por calcinha minúscula. Já a mais
magrinha, não se contentando com a dança obscena, começou a tirar a roupa. Eis
que baixou o short até abaixo da calcinha. Quase fica completamente nua em cima
do palco, diante de todos.
Verdadeiramente
não sei que proveito tira uma sociedade que se compraz com cenas tais, tão
moralmente degradantes. Não sei se as duas estavam alcoolizadas em excesso ou
drogadas, mas sei que atitudes tais comungam contra toda a juventude. Creio que
a culpa pelo ocorrido não pode ser imputada aos organizadores, vez que foi a
tal da Selminha “Arrochertão” que convidou as garotas e permitiu que a coisa
chegasse ao ponto de depravação. Mas festas com cenas tais não podem nem devem
se repetir.
Creio que o
Ministério Público deveria ser informado de tais ocorrências para a tomada das
devidas providências e coibir que eventos assim, danosos à moral social, aos
costumes e às famílias, façam da obscenidade uma festa. Ademais, avenida é
logradouro público que não pode ser usado para que palcos sejam instalados para
festins pornográficos.
Poeta e
cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário