Por José Romero
Araújo Cardoso[1] e Marcela Ferreira Lopes[2]
Quando do advento da Geografia Crítica, a partir da década de setenta do século
passado, surgiu em consonância com esta a denominada Geografia Humanista e
Cultural, elegendo lugar enquanto conceito-chave.
Verdadeira amálgama passou a compor a fundamentação teórica da nova corrente
geográfica, pois da psicanálise freudiana ao existencialismo de Sartre,
passando pela fenomenologia do espírito de Heidegger, diversas teorias foram
levadas em conta a fim de concretizar objetivos definidos na proposta da
Geografia Humanista e Cultural.
Em 1974, o geógrafo sino-americano Yi-Fu-Tuan publicou Topofilia: um estudo da
percepção, atitudes e valores do meio ambiente, sendo o objetivo central da
importante obra para a Geografia Humanista e Cultural estudar o apego das
pessoas ao ambiente natural ou construído.
Agregando vocábulos gregos ao título de sua mais importante obra, ou seja,
Topus= Lugar e Filia= Afeição, Tuan se propôs descobrir quais noções
sentimentais envolvem as pessoas com relação aos lugares que habitam, tentando
identificar como respostas psicológicas comuns a todas as pessoas se manifestam
nas culturas dos povos.
Definições acerca de lugar e não-lugar perfazem quesitos essenciais sobre
oposições binárias contidas na relação com o meio, frisando que há respostas a
partir da própria psicologia humana no que tange a determinados graus de
afetividade desenvolvidos.
A complexidade da proposta da Geografia Humanista e Cultural envolve percepções
subjetivas no que tange aos lugares, criteriosamente embasada na experiência
adquirida a partir do conhecimento do meio, razão de aspectos significativos da
cultura de cada povo.
Valores, crenças, símbolos e atitudes são elementos intrinsecamente
interligados à relação do homem com o espaço e com o ambiente. Ou seja, regra
geral, importantes fatores que determinam o autoconhecimento.
Afeição e ideia de pertencimento passaram a integrar o campo das preocupações
geográficas com a ênfase à subjetividade que foi impressa pela Geografia Humanista
e Cultural, algo até então impensado pelos teóricos.
Espaço vivido e lugar tornaram-se fundamentais no contexto da proposta da
Geografia Humanista e Cultural, indissociavelmente vinculados à compreensão dos
valores e comportamentos humanos.
Três dos mais importantes autores para a origem e desenvolvimento da
perspectiva humanista da geografia são Yi-Fu Tuan, Anne Buttimer e Armand Frémont.
Além do clássico Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio
ambiente, Tuan escreveu ainda Espaço e Lugar: a perspectiva da experiência e
Paisagens do medo, entre outros.
Laureado em 2012 com o Prêmio Vautrin-Lud, cuja cerimônia de entrega ocorreu
durante o Festival Internacional de Geografia, em Saint-Dié-des-Vosges, na França,
Tuan teve sua luta coroada com honraria considerada como o Nobel da Geografia
em razão de suas propostas altamente inovadoras para esse campo científico,
sobretudo no que diz respeito à compreensão dos lugares a partir da afeição e
da ideia de pertencimento desenvolvidas pelas pessoas em sua relação com o
meio.
[1] José
Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor-Adjunto IV do Departamento de
Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial
(UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio
Ambiente (PRODEMA/UERN).
[2] Marcela
Ferreira Lopes. Geógrafa-UFCG/CFP. Especialista em Educação de Jovens e Adultos
com ênfase em Economia Solidária-UFCG/CCJS. Graduanda em Pedagogia-UFCG/CFP.
Membro do grupo de pesquisa (FORPECS) na mesma instituição.
Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do "Cangaço" José Romero de Araújo Cardoso
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