terça-feira, 7 de julho de 2015

BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A IMPORTÂNCIA DA AFEIÇÃO E DA IDEIA DE PERTENCIMENTO PARA A GEOGRAFIA HUMANISTA E CULTURAL

Por José Romero Araújo Cardoso[1] e Marcela Ferreira Lopes[2]

Quando do advento da Geografia Crítica, a partir da década de setenta do século passado, surgiu em consonância com esta a denominada Geografia Humanista e Cultural, elegendo lugar enquanto conceito-chave.
          
Verdadeira amálgama passou a compor a fundamentação teórica da nova corrente geográfica, pois da psicanálise freudiana ao existencialismo de Sartre, passando pela fenomenologia do espírito de Heidegger, diversas teorias foram levadas em conta a fim de concretizar objetivos definidos na proposta da Geografia Humanista e Cultural.
          
Em 1974, o geógrafo sino-americano Yi-Fu-Tuan publicou Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente, sendo o objetivo central da importante obra para a Geografia Humanista e Cultural estudar o apego das pessoas ao ambiente natural ou construído.
          
Agregando vocábulos gregos ao título de sua mais importante obra, ou seja, Topus= Lugar e Filia= Afeição, Tuan se propôs descobrir quais noções sentimentais envolvem as pessoas com relação aos lugares que habitam, tentando identificar como respostas psicológicas comuns a todas as pessoas se manifestam nas culturas dos povos.
          
Definições acerca de lugar e não-lugar perfazem quesitos essenciais sobre oposições binárias contidas na relação com o meio, frisando que há respostas a partir da própria psicologia humana no que tange a determinados graus de afetividade desenvolvidos.
          
A complexidade da proposta da Geografia Humanista e Cultural envolve percepções subjetivas no que tange aos lugares, criteriosamente embasada na experiência adquirida a partir do conhecimento do meio, razão de aspectos significativos da cultura de cada povo.
          
Valores, crenças, símbolos e atitudes são elementos intrinsecamente interligados à relação do homem com o espaço e com o ambiente. Ou seja, regra geral, importantes fatores que determinam o autoconhecimento.
          
Afeição e ideia de pertencimento passaram a integrar o campo das preocupações geográficas com a ênfase à subjetividade que foi impressa pela Geografia Humanista e Cultural, algo até então impensado pelos teóricos.
          
Espaço vivido e lugar tornaram-se fundamentais no contexto da proposta da Geografia Humanista e Cultural, indissociavelmente vinculados à compreensão dos valores e comportamentos humanos.
          
Três dos mais importantes autores para a origem e desenvolvimento da perspectiva humanista da geografia são Yi-Fu Tuan, Anne Buttimer e Armand Frémont. Além do clássico Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente, Tuan escreveu ainda Espaço e Lugar: a perspectiva da experiência e Paisagens do medo, entre outros.
          
Laureado em 2012 com o Prêmio Vautrin-Lud, cuja cerimônia de entrega ocorreu durante o Festival Internacional de Geografia, em Saint-Dié-des-Vosges, na França, Tuan teve sua luta coroada com honraria considerada como o Nobel da Geografia em razão de suas propostas altamente inovadoras para esse campo científico, sobretudo no que diz respeito à compreensão dos lugares a partir da afeição e da ideia de pertencimento desenvolvidas pelas pessoas em sua relação com o meio.

[1] José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor-Adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UERN).

[2] Marcela Ferreira Lopes. Geógrafa-UFCG/CFP. Especialista em Educação de Jovens e Adultos com ênfase em Economia Solidária-UFCG/CCJS. Graduanda em Pedagogia-UFCG/CFP. Membro do grupo de pesquisa (FORPECS) na mesma instituição.

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do "Cangaço" José Romero de Araújo Cardoso

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