Por Clerisvaldo B.
Chagas, 7 de julho de 201 - Crônica Nº
1.444
(Para o
escritor Fábio Campos)
Certa feita,
na capital pernambucana, ficamos impressionados com inúmeros casarões antigos,
no centro. Muitos querendo apenas um empurrão para o fim da agonia. Lembramos
imediatamente na nossa Maceió que estava na mesma situação do Recife.
Foto
(Repórter Alagoas).
O tempo
faustoso, início do século XX, deixou apenas a lembrança nos potentes casarões,
escorados hoje na bengala do enjoo. As antigas famílias ricas de comendadores,
barões e tantos outros bem sucedidos nos negócios, desapareceram, faliram,
modernizaram-se, abandonando bangalôs, palacetes, armazéns, a mercê das
intempéries.
Os estados,
repletos de patrimônios físicos tombados, não encontram mais dinheiro para
nada. Caem de velhice e abandono, igrejas, trapiches, mansões, cadeias e
museus. Tombam no meio da rua sem vida como o mendigo esquecido encontrado
morto sob a marquise.
A queda do
teto da antiga Secretaria Estadual de Educação é um exemplo. Bem ali, em pleno
comércio da capital, abençoado o prédio pela santidade defronte de outro
patrimônio aceso, a conhecidíssima igreja de São Benedito. Templo onde faleceu
repentinamente o ex-governador, ex-interventor de Santana do Ipanema, aquele
que elevou a vila à cidade, padre Capitulino.
Em muitos
lugares da capital, casarões e mesmo prédios pequenos, estreitos, antes
valorizados por seus pontos estratégicos, como os da ladeira do Brito, causam
desgosto até no olhar do historiador, do curioso, do
saudosista. Maltratados, sofridos, são apenas alugados por qualquer coisa,
cujo zelo da fachada e do interior está longe dali. O tempo devora prédio,
devora gente, tudo devora.
Esfuma-se o
dinheiro público, vai-se a verba particular, gemem as cumeeiras de cedro, as
travas de baraúnas, as portas de nogueira. Ficam os prédios corcundas espiando
as ruas. Talvez esperançosos pela volta do bonde, do chapéu panamá, do vestido
europeu, do perfume francês, quem sabe, até de um seresteiro à antiga para a
companhia de uma noite só.
Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário