Por Rangel Alves
da Costa*
O meu silêncio
pergunta: É possível expressar o amor sentido e com palavras apaixonadas, sem
que os sentimentos sejam vulgarizados?
A Tua palavra
diz: “Eis que és formosa, meu amor, eis que és formosa; os teus olhos são como
os das pombas entre as tuas tranças; o teu cabelo é como o rebanho de cabras
que pastam no monte de Gileade. Os teus dentes são como o rebanho das ovelhas
tosquiadas, que sobem do lavadouro, e das quais todas produzem gêmeos, e
nenhuma há estéril entre elas. Os teus lábios são como um fio de escarlate, e o
teu falar é agradável; a tua fronte é qual um pedaço de romã entre os teus
cabelos. O teu pescoço é como a torre de Davi, edificada para pendurar armas;
mil escudos pendem dela, todos broquéis de poderosos. Os teus dois seios são
como dois filhos gêmeos da gazela, que se apascentam entre os lírios” (Cânticos
4:1-5).
A sinceridade
das expressões contidas em Cânticos permite avistar o amor muito além da mera
erotização. Fala em formosura, na beleza dos cabelos, na alvura dos dentes, nos
lábios como fio escarlate, na fala suave, na pele macia, no corpo belo e
formoso. E também sobre os seios que se mostram entre os lírios. É, pois, o
amor expressado em toda sua plenitude, de forma realista e bela. São palavras verdadeiramente
apaixonadas, mas cuja paixão é demonstrada pelas razões que permitem tanto
amar. E tanto ama porque seu amor se apresenta com todas as belas virtudes
descritas.
Poeta e
cronista
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