sábado, 20 de junho de 2015

MEU SILÊNCIO, TUA PALAVRA – 9

Por Rangel Alves da Costa*

O meu silêncio pergunta: É possível expressar o amor sentido e com palavras apaixonadas, sem que os sentimentos sejam vulgarizados?

A Tua palavra diz: “Eis que és formosa, meu amor, eis que és formosa; os teus olhos são como os das pombas entre as tuas tranças; o teu cabelo é como o rebanho de cabras que pastam no monte de Gileade. Os teus dentes são como o rebanho das ovelhas tosquiadas, que sobem do lavadouro, e das quais todas produzem gêmeos, e nenhuma há estéril entre elas. Os teus lábios são como um fio de escarlate, e o teu falar é agradável; a tua fronte é qual um pedaço de romã entre os teus cabelos. O teu pescoço é como a torre de Davi, edificada para pendurar armas; mil escudos pendem dela, todos broquéis de poderosos. Os teus dois seios são como dois filhos gêmeos da gazela, que se apascentam entre os lírios” (Cânticos 4:1-5).

A sinceridade das expressões contidas em Cânticos permite avistar o amor muito além da mera erotização. Fala em formosura, na beleza dos cabelos, na alvura dos dentes, nos lábios como fio escarlate, na fala suave, na pele macia, no corpo belo e formoso. E também sobre os seios que se mostram entre os lírios. É, pois, o amor expressado em toda sua plenitude, de forma realista e bela. São palavras verdadeiramente apaixonadas, mas cuja paixão é demonstrada pelas razões que permitem tanto amar. E tanto ama porque seu amor se apresenta com todas as belas virtudes descritas.

Poeta e cronista
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