Por Rangel Alves
da Costa*
Na situação
atual, o Brasil se tornou verdadeiramente num país de brincadeira. E de muito
mau gosto. O problema é que os governantes, políticos e autoridades, estão
brincando é com o povo. Para se ter uma ideia desse mundinho absurdo que se
transformou a pátria-amada, tenha-se a governante-mor que não pode ouvir som de
panela que entra em síndrome de pânico.
Qualquer outra
nação do mundo que respeite as leis e defenda os cidadãos já teria tomado o
poder de uma governante omissa, negligente, mentirosa e opressora. Nenhuma
nação digna deixaria no seu comando alguém que faz do extremo sacrifício do
povo uma forma de rever erros passados e atuais. Ademais, deixar ao desamparo a
classe trabalhadora e os mais humildes é negar validade às conquistas sociais constitucionalmente
estabelecidas.
A governante e
seu partido inflaram o país de programas assistenciais eleitoreiros, cantaram e
decantaram o fim da miséria absoluta, mas acabaram provocando uma
miserabilidade ainda maior: o falseamento da inclusão social e a permanência da
submissão ao poder governamental. E parcela da população nem deixou de ser
extremamente pobre nem pode contar com serviços de saúde, com moradias dignas,
com educação de qualidade e muito menos com respeito às suas vidas.
Fizeram a
festa, deixaram roubar à vontade, assistiram o dinheiro sendo passado a rodo,
foram coniventes com os descalabros administrativos e os deslavados atos de
corrupção, e agora, sob a alegação de que os cofres do país esvaziaram, impõem
o chamado ajuste fiscal. Quer dizer, tirar do povo para diminuir o rombo
deixado pela ladroeira e a corrupção. Significa ainda retomar a economia do
país a partir da retirada de direitos e conquistas sociais do cidadão, bem como
do aumento de sua miserabilidade.
É realmente
muito fácil mentir para a população e mostrar um programa de governo
priorizando as conquistas sociais já alcançadas e se comprometendo a
ampliá-las. E também muito fácil vencer com promessas e depois simplesmente
rasgar o que alardeou. Fácil porque assim foi feito e a sociedade simplesmente
tem de engolir calada a tirania governamental. Num país sério nenhum governo se
sustentaria após negar validade ao próprio programa de governo.
E ainda mais
fácil fazer o que bem desejar porque a eleição presidencial ainda está muito
distante. E mesmo que não tivesse, o mesmo seria feito pela certeza da
passividade do povo, de seu rápido esquecimento, de seu silêncio total após
qualquer manifestação de revolta. Logicamente que nenhum ajuste fiscal surgiria
assim de forma tão voraz se a disputa pelo planalto já estivesse próxima.
Ademais, como não haverá reeleição para a atual governante, então ela, no seu
estilo canibalesco de sempre, quer mesmo é ver o povo sofrer.
Aqui não se
nega, contudo, a necessidade de ajuste nas contas públicas. E isto já deveria
ter começado desde muito. O que se nega é a forma como está sendo conduzido e
dos sacrifícios exigidos somente da população. Ora, não se fala em diminuir o
exagerado e absolutamente desnecessário número de ministérios, não se fala em
diminuir o número de cargos comissionados nos diversos escalões de governo, não
se fala em acabar com conselhos administrativos das estatais que só servem para
pagar mais dinheiro a quem já recebe demais do governo.
Ora, fazer o
ajuste fiscal com o suor, o sangue e o sofrimento do povo é muito fácil. Não se
ouve falar que os ajustes tenham diminuído salários palacianos, mordomias,
gastos excessivos na máquina governamental. Mas programas sociais importantes
foram afetados, as destinações para a saúde, a educação, a moradia e a
segurança pública também. Sem novos investimentos ou garantia de repasses, o
caos na saúde tenderá a piorar, a educação voltará ao giz e ao quadro negro, as
moradias ficarão somente nos alicerces e a segurança pública em situação de
assalto.
Mas nada igual
ao que fizeram com o FIES, o programa de financiamento estudantil a nível
superior. Negar crédito a estudantes que lutaram para ingressar numa faculdade
ou universidade privada é mostrar o total descompromisso que o governo tem para
com a educação. Ora, a partir de agora, quando os estudantes terão de pagar do
próprio bolso se quiserem ter uma formação superior, qual a motivação para os
estudantes pobres que estão na reta final do ensino médio?
No país do
ajuste fiscal não se fala mais em educação como forma de inclusão. O FIES
comprova isso. E ainda ter de ouvir o novo ministro da educação dizer – com a
maior cara de pau do mundo – que não há mais verbas para o financiamento
estudantil só pode ser brincadeira. E de mau gosto. E também desavergonhamento
do judiciário que cassa toda e qualquer liminar que ordene a retomada do
financiamento. É muita insensatez, senão insensibilidade, de um desembargador
federal acolher as teses absurdas da Advocacia da União e dizer que a situação
econômica do país não permite que o governo contraia mais esse ônus.
Mas duvido que
tal preocupação com o caixa do governo fosse o mesmo se estivesse em jogo
aumento de salário para o judiciário, das vultosas verbas do senhor
desembargador. Na verdade, se governa contra o povo, se julga contra o povo,
tudo se faz contra a população. Por isso mesmo que bater panela é muito pouco.
A governante se assusta com tal barulho, mas certamente enlouqueceria com a
pisada das botinas dos generais em direção ao planalto.
Poeta e
cronista
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