Por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
O historiador e o poeta não se distinguem um do
outro pelo fato de o primeiro escrever em prosa e o segundo em verso. Diferem
entre si, porque um escreveu o que aconteceu e o outro o que poderia ter
acontecido.
No
tocante a origem epistemológica do termo inveja, sabemos que vem do latim
“invídia”, de “in” privativo, negativo mais o termo “videre”, significando ver,
olhar com maus olhos para algum indivíduo, coisa, instituição, objeto, etc., é
o ficar do lado oposto sempre. Evidentemente que isso é um distúrbio de
personalidade e ou crise emocional existencial de alguém que pensa que ser dono
do pedaço e que sabe tudo e ninguém sabe de nada. O sol só nasce para esse tipo
de gente. Pelo menos pensam assim. Ledo engando. É a representação da
arrogância individual de gente fraca, despersonalizada e incapaz de ter tudo
que quer nas suas mãos sem ter que usar de corrupção no sentido axiológico da
palavra. É gente pequena,pobre de espírito. Um Zé arigó qualquer. Poder ser
gente também metida a intelectual porque sabe desenhar mal, apenas o primeiro
nome que consta no seu registro de nascimento, se é que foi registrado como ser
humano em algum cartório oficial. O mundo está cheio dessa tipologia
peçonhenta, bem parecido com qualquer animal venenoso capaz de injetar o
seu veneno no organismo de outro animal racional e ou irracional. O poeta
irlandês Oscar Wilde¹, cita que “o número dos que nos invejam confirma as
nossas capacidades” e acrescenta que “a cada bela impressão que causamos,
conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre”, bem
como afirma que “as mulheres existem para que as amemos, e não para que as
compreendamos” e nos recomenda ainda que “a ambição é o último recurso do
fracassado”. Isso é fato, porque o individuo desnaturado tem inveja e sabe
muito bem como traquejar seu veneno para destruir e desconstruir outro
individuo que não faz de si conta no seio da sociedade, tendo em vista que é
gentinha e gentinha não tem sociedade e ou elite para freqüentar, a não ser o
venenoso que sai de sua boca de badalo sem qualquer tipo de pudor, seja ele
ético, profissional, social, religioso, político, administrativo, sexual,
esportivo, etc., porque é gentinha mesmo em todas as suas atitudes e ações. O
filósofo alemão Arthur Schopenhauer², tem razão de sobra ao afirmar que
“ninguém é realmente digno de inveja, e tantos são dignos de lástima!” e
conclui enfatizando de que “dinheiro é como água do mar: quanto mais você toma,
maior é sua sede. O mesmo se aplica à fama”. Só visa prejudicar os outros que
não se submetem aos seus baixos caprichos pessoais em qualquer sentido da
palavra. Gente sem luz própria. O espelho da sociedade lhe dá as costas quando
avista sua máscara refletida no côncavo e /ou convexo. Esse tipo de gente tem o
sentimento vulgar de desgostos em face do bem e/ou do sucesso alheio. Quer a
destruição de alguém que lhe é superior em qualquer sentido de qualquer
maneira. Assim sendo, o invejo nunca fica contente com aquilo que tem e/ou
possui e/ou recebe, fica sempre revoltado quando contempla benefícios, elogios
e/ou sucesso, felicidade de quaisquer formas e/ou tipos atribuídos a outra
pessoa, justamente aquela pessoa que lhe é superior em qualquer sentido da
palavra. Apenas lhe será igual no tocante a terminologia bíblica do viesse do
pó e para o pó voltarás. Esse tipo de gente invejosa leva inevitavelmente à
maledicência e à calúnia, únicas maneiras de tentar atingir para destruir a sua
presa inofensiva de que nunca tomou conhecimento de sua própria insignificância
existencial. Morde, porém não engole. Gente medíocre mesmo, fica de morrer de
raiva porque nada significa sua presença para os indivíduos que o conhece na
vida diária. Gente medíocre e pequena demais para ser notada onde chega.
Bem, a maledicência é outro termo de origem latina, vem de “malum”, ou
seja, significa mal, que somado com o termo “dicere”, no sentido de dizer e/ou
falar. Falar mal de alguém em termos práticos. Esse tipo de crise
existencial individual é a falta de caráter pessoal que conduz direta e/ou
indiretamente o individuo a falar mal de seus semelhantes, fabricando fraquezas
e/ou defeitos para divulgar e/ou atribuir-lhes. A pessoa maledicente vive desse
tipo de prazer e/ou canalhice, em criar e/ou inventar perfídia para revelar
verdades inverídicas, pouco favoráveis a outras pessoas, e o faz,
cotidianamente, na maior parte das vezes, por ignorância, inveja e até mesmo
por ociosidade, não tem nada a fazer a não ser se preocupar em criar fantoche
contra a vida alheia. É gente do disse me disse diário. Isso significa mesmo de
falta de caridade e prova inconteste da incapacidade própria de reconhecer seus
próprios defeitos, canalhices e fraquezas pessoais, profissionais, materiais,
espirituais, acadêmicas, sexuais, familiares, sociais, políticas, etc. Esse
tipo de gentinha esquece sempre o grande ensinamento de Nosso Senhor Jesus
Cristo: “quem pode atirar a primeira pedra?”. Tanto é assim o escritor espanhol
Francisco Quevedo³, nos informa que “a inveja é assim tão magra e pálida porque
morde e não come”, e até porque “virtude invejada é duas vezes virtude”, de
modo que “aquele que perde a reputação pelos negócios, perde os negócios e a
reputação” e finaliza aconselhando se alguém “disse algum mal de ti? Não o
digas tu dele, quanto mais não seja para que a ele não te assemelhes,
imitando-o”.
E não é diferente o invejoso cometer calúnia
contra alguém que não pertence ao seu ciclo medíocre de amizade, inimizade e
fogo amigo, se é que isso se pode chamar de amizade fechada e/ou aberta,
amizade por acaso e oportunista de plantão. Também o termo calúnia é de origem
latina, vem de “calumnia”, do particípio do verbo arcaico, “calvor” e o/ou
“caluar”, que significa justamente enganar alguém, e/ou levar alguém a fazer
conceito negativo e/ou positivo de outra pessoa por sua conta e risco. É levar
pessoas incautas a erro. À calúnia é uma injustiça, disso não se tem dúvida, e
além do mais é uma violação da reputação alheia, sem base da verdade, apenas
pela vontade cínica, nua e crua em fazer o mal, acarretando prejuízos diversos
e nunca reparáveis por maiores que sejam suas desculpas e indenizações de danos
morais civis e penais nos termos da legislação em vigor. Pode-se até perdoar,
porém, nunca esquecer da angústia e do sofrimento provocado pela injúria,
maledicência e inveja. Diante disso, invocamos o pensamento do dramaturgo grego
Ésquilo4 que menciona “há poucos homens capazes de prestar homenagem
ao sucesso de um amigo, sem qualquer inveja”, isso é um fato, tendo em vista
que “raras são as pessoas que têm caráter suficiente para se alegrar com os
sucessos de um amigo sem ter uma sombra de inveja”.
O ato de caluniar alguém significa brincar com a vida alheia. E o caluniador
faz isso movido pelo ódio e/ou desejo de vingança pelo simples fato de não ter
e não ser o caluniado, de modo que esse tipo de gente merece ser repulsado
perante todos os membros da comunidade e //ou local que freqüenta. Essa gente é
sempre uma pedra de tropeço em sua vulgaridade em fazer maldade com a vida
alheia de quem quer que seja. O caluniador nem sempre tem o dever de reparar o
mal que cometeu, confessando a verdade, na forma da lei e/ou por mais que lhe
custe tal atitude, pois, somente através dela seria possível, embora nunca
perdoado e/ou esquecido contra tal pessoa, se poderia recuperar o chamado
sentimento da dignidade humana e bem assim o direito de acatamento por parte de
outros indivíduos. É inaceitável na vida e na morte o comportamento do
invejoso, maledicente e caluniador, inclusive na legislação brasileira, ex-vi o
artigo 138, do Código Penal, o ato de caluniar é crime.
¹ Cf.: Biografia de Oscar Wilde. In.: < http://pensador.uol.com.br/ autor/oscar_wilde/biografia/
> . Página visitada em, 23/05/2015.
² Cf.: Biografia de Arthur Schopenhauer. In.:
< http://pensador.uol.com.br/ autor/arthur_schopenhauer/ biografia/
>. Página visitada em, 23/05/2015.
³ Cf.: Francisco Gómez de Quevedo y Santibáñez
Villegas (Madrid, 17 de Setembro de 1580 -Villanueva de los Infantes (Ciudad
Real), 8 de Setembro de 1645) foi um escritor do século de ouro espanhol.
4 Cf.: Biografia de Ésquilo. In.: <
http://pensador.uol.com.br/ autor/esquilo/biografia/
> . Página visitada em, 23/05/2015.
Enviado pelo escritor Francisco de Paula Melo Aguiar
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