Por Rangel Alves
da Costa*
A mente humana
é capaz de transformar realidades em representações. Significa dizer que ela
pode transcender o que vê para dar uma significação própria. Simulando outras
realidades a partir de uma dada realidade, de repente tem num objeto
visualizado algo impossível de percepção por qualquer outra pessoa.
Citando um
exemplo. Um olhar que se depara com um campo devastado pela seca pode não ser
fotografado pela mente como uma paisagem acinzentada, de galhos tortos, folhas
mortas, vegetação esturricada pelo sol. Indo além, aquela realidade pode surgir
como outro retrato na mente: pessoas raquíticas, crianças esqueléticas, panelas
vazias, fome e sede, tristeza, dor e sofrimento.
Quer dizer,
aquela realidade foi simulada pela mente, que a representou segundo sua percepção
própria. E assim também em todas as situações de vida onde as realidades são
traduzidas segundo a perspectiva mental de cada. Logicamente sendo influenciada
pelo próprio ambiente, o estado de espírito, as experiências vivenciadas e as
lições aprendidas. Tais aspectos configuram o que se denomina Modelos ou
Representações Mentais.
O conceito de
Modelos Mentais ou Representações Mentais surgiu com o filósofo e psicólogo
Kenneth Craik, no livro The Nature of Explanation (A Natureza da Explanação).
Segundo Craik, o ser humano traduz os elementos do ambiente em modelos mentais,
manipulando suas representações simbólicas. Assim, um modelo mental é, antes de
tudo, uma representação dinâmica ou uma simulação do mundo.
Os modelos
mentais possuem dois aspectos importantes: Um primeiro aspecto no sentido de
que o conhecimento do passado na junção com o presente acaba influenciando a
ação da pessoa. E o segundo no sentido de que os modelos mentais socialmente
adotados acabam influenciando nos modelos mentais dos indivíduos.
Os modelos
mentais são diferentes de indivíduo a indivíduo. A imagem que um tem sobre um
objeto pode não ser a mesma que outro sujeito possui sobre o mesmo objeto. E
não são fixos, pois se modificam em resposta às mudanças do ambiente. Por não
serem fixos, podem ser manipulados para transmudar realidades em outras. As
pessoas deixam de negar determinadas realidades porque foram influenciadas para
agir assim.
Logo se
percebe a grande utilização dos modelos mentais na política, como forma de
manipulação do eleitorado ou forçando o seu convencimento de realidades
inexistentes. As mentes votantes são trabalhadas para cegar determinados
aspectos e validar outros inexistentes. A realidade é mostrada de forma
deturpada, de modo que a representação desejada faça surgir outra realidade que
se ajuste às intencionalidades eleitoreiras.
Os modelos
mentais também podem ser utilizados nas organizações empresariais. As empresas
devem modificar a percepção mental de seus colaboradores toda vez que quiser
inserir mudanças, sob pena de não aceitação da mudança. Quer dizer, a
organização deve procurar moldar o novo modelo na mente de seus funcionários a
partir da quebra de paradigmas anteriores.
O indivíduo
enquanto sujeito que pretende mudar seu jeito de ser ou sua postura perante a
sociedade e o mundo, também pode se utilizar dos modelos mentais. Para tal,
deve incutir em si mesmo que sua postura não vem a sendo a correta e que por
isso mesmo tem de se transformada. E, a partir da negação de determinadas
atitudes, ir confirmando outras como escolhas de vida.
A finalidade,
pois, das representações mentais são mudanças. Como as mudanças sempre implicam
resistências, a persistência será a arma mais eficaz para a transformação. Ora,
nenhuma caixa preta de avião é preta, e sim de forte alaranjamento. Contudo, a
cor preta está representada de maneira de forma tão consistente no indivíduo
que raramente alguém percebe sua verdadeira cor. Tudo porque a mente foi
simulada para tal.
Poeta e
cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
http://blograngel-sertao.blogspot.com.br/2015/03/mente-realidade-e-simulacoes.html
Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário