terça-feira, 31 de março de 2015

A malhação do judas

Por Jair Eloi de Souza

A malhação e execração de Judas, em Jardim de Piranhas, se dava da madrugada de sexta-feira para a manhã de sábado da aleluia, ao amanhecer lá estava o velho traidor na forca. Circo montado e ornamentado pelos jasmins tirados do velho cemitério público, os atiradores já estavam a postos, para "torar" a corda da forca à bala. Revólveres trinta e oito, vinte e dois, pistolas, espingardas à rolimã, garruchas antigas, parabélum, em fim era um arsenal para ninguém botar defeito, contanto, que cortassem a corda da forca à bala. Ao cair o velho Sicariotas, cujo espólio do vestuário nada tinha de véstia sertaneja, nem de vestal romana, ficava nos limites de palitó de casimira, gravata Renner e sapatos fox, no melhor padrão Valentino, que sempre vocacionalmente, ficava com o negro Pretinho de Antônio Boião, depois de levar muitas lamboradas no espinhaço. Estava feito o reparo no homem que traíra Cristo nas terras do Seridó crepuscular.

Fragmentos da Crônica "A malhação e execração de Judas no Seridó.
(Jair Eloi de Souza).

Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço Francisco Borges de Araújo

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