quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

QUANDO UM HOMEM CHORA POR AMOR

Por José Romero Araújo Cardoso

O gênero masculino é mais difícil e arredio em demonstrar sentimentos em sua plenitude. Prefere se resguardar ou mesmo abafá-los visando não demonstrar “fraqueza”, pois, quem sabe, isso seria contrário à natureza meio.

Quando se ama realmente e verdadeiramente uma mulher tudo muda de tonalidade, influenciando decisivamente o universo masculino, tornando-o, de fato, produto inequívoco desse amor.

Mesmo quando uma mulher ama há espaço para determinados viés racionalistas. Quando isso acontece não raro faz um homem chorar por amor. Certa pressão, titubeio, indecisão ou comportamento que faz lembrar verdadeira equação matemática, coisas da complexidade compreensível do gênero, faz desabrochar do fundo emoções incontidas personificadas em forma de lágrimas que refletem o íntimo machucado.

Um homem chora por amor quando não é compreendido pela mulher amada, quando ela faz exigências que não se pode cumprir, como apagar máculas de um passado, as quais, por amor, tendem a não ser repetidas sob hipótese alguma, tendo em vista que, através de uma nova vida a ser trilhada, poderá regenerar-se integralmente, tudo por amor, tudo pela mais bela emoção que pode brotar nos corações do gênero humano.

Sem meias palavras, para uma regeneração total, faz-se necessário frisar, depende muito dela, de sua compreensão, de seu afeto, do companheirismo, da certeza, da maturidade, da perseverança, da gentileza, do carinho, da amizade, da fidelidade, etc.

O simples meditar sobre a possibilidade do que traz no peito pode ser inibido, fervendo, em brasa, faz de um homem ser reflexivo e ponderado, embora possa haver revés, contrariando qualquer noção lógica se houver amaça à magnitude da ênfase a esse amor.

A mínima possibilidade que não mais possa acariciar mechas douradas da pessoa amada, nem poder sorri junto com ela, respirando o mesmo ar, torna-se motivo para que um homem chore por amor.

Quando uma mulher é inteligentíssima, demonstrando mesma tendência em valorizar a leitura, os livros e tudo que signifique enriquecimento intelectual, no que tange à contínua e necessária absorção de conhecimentos, exponencializa-se a vontade do homem chorar quando ela lhe nega prosseguir em uma realidade linda enquanto dádiva de Deus, concedido e chancelado pelo Grande Arquiteto do Universo.

Por razões externas, influenciada por opiniões contrárias que na grande maioria apenas quer atormentar corações felizes, há titubeio da parte da mulher amada e ela não consegue equilíbrio necessário para ponderar determinadas situações, externaliza-se no homem sentimento profundo que se cristaliza em lágrimas profícuas que são inevitáveis, impossíveis de serem contidas.

O ciúme, lançando sua flecha preta, como na canção de Caetano, torna-se outro imperativo a ser contornado, pois quando se ama de verdade é ao lado da pessoa amada que se quer ficar, bem juntinhos, como no mito platônico.

Ciúme, velho companheiro dos apaixonados, de forte conotação ambígua, suscita sentimento de posse que não pode ser realimentado, pois é na liberdade que o amor triunfa. É no afã de querer o melhor para si e para a pessoa amada que este sentimento contraditório surge como resultado das engrenagens benditas que definem o mais nobre dos sentimentos e das emoções humanas.

Dizem que os animais também ama. Acredito piamente, pois já vi, já testemunhei demonstrações inequívocas disso. Mas amar com a determinação dos seres humanos é impossível. Somente o gênero humano é capaz de traduzir de forma impecável, seja através da prosa ou da poesia, ou mesmo através da sutileza de um olhar, o magistral sentido do amor.

Somente por amor haverá sentido nas lágrimas que correm dos olhos do homem. Nada se compara à grandeza desse sentimento valioso que vem ocupando corações e mentes de gerações ao longo da História.

José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Escritor, Professor-Adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero Araújo Cardoso

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