(*) José
Romero Araújo Cardoso
Determinado
alento econômico pode beneficiar certo espaço em detrimento de outro, o qual
pode continuar atrasado e carente de perspectivas.
Quem constatou
esse contraste e o esboçou em teoria foi León Trostky, revolucionário russo que
defendeu a tese da revolução permanente.
Observando a
sofisticação do processo de elaboração do espaço geográfico na região sudeste
brasileira ou no norte italiano podemos notar contrastes gigantescos se
comparamos, ambos, com o nordeste nacional e o sul da península itálica.
Para que o
sudeste brasileiro e o riquíssimo norte italiano desfrutem status
sócio-econômico privilegiado faz-se necessário que haja desenvolvimento
desigual e combinado com áreas especificamente elencadas dentro do processo
histórico que vem definindo diferenças na espacialização.
Após a segunda
grande guerra, em razão do apoio que a Sicília prestou aos aliados,
viabilizando a penetração de forças militares a fim de derrubar o regime
fascista de Benito Mussollini, foi criada instância assistencial, conhecida
como Cassa per Il Mezzogiorno, cujo objetivo era minimizar as diferenças
inter-regionais existentes no território italiano.
No final da
década de cinqüenta do século passado, buscando em muito inspiração na
experiência italiana, alicerçando-se na proposta Keynesiana nos EUA, houve
empenho à formação de um Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste,
comandado pelo paraibano Celso Furtado, que resultou na criação da SUDENE. O
economista Gileno di carli foi enviado à Itália para observar in loco o
desempenho da experiência que vinha sendo levada avante pelos italianos, ao
quais conscientes da necessidade de serem minimizados os contrastes aviltantes
entre o norte rico e o sul pobre e atrasado, buscavam corrigir as enormes
distorções regionais.
Dentro do
desenvolvimento desigual e combinado, áreas defasadas geralmente surgem como
fornecedoras de matérias-primas e de recursos humanos, os quais fomentam a
exponencialização das estatísticas positivas apresentadas pelos indicadores das
áreas mais ricas e privilegiadas pelo sistema.
A geografia
crítica utiliza a Lei do desenvolvimento desigual e combinado de Trotsky para
expor conceitos referentes à região e à regionalização, conforme os parâmetros
exigidos pela base filosófica que se alicerça no materialismo histórico e
dialético.
A Lei do
desenvolvimento desigual e combinado permite vislumbrar razões que explicam a
pobreza e a riqueza de determinados espaços de acordo com o nível de atraso ou
de avanço atingido pelas múltiplas e diversificadas porções antropizadas no
planeta em seus contrastes refletidos na qualidade de vida de suas populações.
(*) José
Romero Araújo Cardoso, geógrafo, professor-adjunto da UERN.
Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero Araújo Cardoso
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2 comentários:
Professor Romero, inicialmente, parabéns pela postagem. Não sou culto, ignoro muitas coisas, entretanto, sou o um leitor obstinado. Tenho mais afinidade com poesia, mas leio tudo. Prometo ler tudo que o senhor me enviar, pois sigo uma caminhada incessante em busca de conhecimentos. Um abraço!
Professou Romero, não sou intelectual, entretanto gosto muito de ler. Sigo uma incessante caminhada em busca do conhecimento.
Parabéns pelas postagens. até agora só li A LEI DO DESENVOLVIMENTO, POESIAS DE ANTONIO CARLOS, A POESIA DE NILSON SILVA, DIAS DE REFLEXÃO, O FIM DA TERRA E A IMORTALIDADE, mas prometo ler tudo que o sr. postar. Obrigado e eum abraço!
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