sábado, 14 de fevereiro de 2015

A IMORTALIDADE

Por Francisco de Paula Melo Aguiar

As barras da sepultura descerão quando juntamente no pó teremos descanso.
                                                 Jó 17:16

Preliminarmente entendemos de que existe o prefixo latino “in”, que tem caráter privativo e por outro lado a palavra igualmente latina “mortalitas”, que significa em qualquer sentido da existência humana, mortalidade e/ou seja condição humana igual para todos (inclusive para os seres não humanos) e ou em síntese que é mortal, aquele que morre e morre mesmo, fisicamente falando. Tudo veio do pó e ao pó voltará. É a profecia bíblica dominante. É justamente isso que afirma Gênesis, capítulo 13, versículo 16: “E farei a tua descendência como o pó da terra; de maneira que se alguém puder contar o pó da terra, também a tua descendência será contada”, igualmente assim determina em Eclesiastes, capítulo 3, versículo 20: “Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó”. Amparo ideológico neste sentido tem Salomão em Salmos, capitulo 113, versículo 7 “Levanta o pobre do pó e do monturo levanta o necessitado” e sintetiza tudo isso em Salmos, capítulo 119, versículo 25 ao afirmar: “A minha alma está pegada ao pó; vivifica-me segundo a tua palavra”. Tanto faz ser rico e ou pobre, nada disso importa, segundo  Jó, capítulo 34, versículo 15: ”Toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó”. A Bíblia Sagrada, considerado como livro santo entre os cristãos católicos, protestantes, espíritas, dentre outras religiões, compactua com tal o princípio bíblico em sua totalidade, tendo em vista a falta de argumentos contrários cientificamente comprovados. Tudo que se falou até agora contra a profecia bíblica é mera ilação. A Bíblia Sagrada é a inspiração de Deus em sua totalidade e unicidade, daí não caber qualquer outra teoria para explicar a condição humana e a condição espiritual do ser humano, fruto de sua criação máxima: o ser humano. O escritor Jó, no capitulo 42, versículo 6, diz ainda: “Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza”. Isso por analogia tem tudo a haver com o povo que procura receber cinzas na quarta feira de cinza, inicio da quaresma na fé católica. Isso é fato e contra fato, repetimos não se tem argumentos. Quem duvida que não veio do pó e ao pó vai se transformará quando morrer? Quem quer discutir tal teoria realística fora dos ensinamentos da Bíblia Sagrada? Quem tem a teoria para evitar a morte física do corpo dos seres humanos e não humanos? É bíblico e é também uma tradição cultural de nossa gente, receber cinzas na quarta feira de cinza, logo após a festa de carnaval. E do alto de sua inteligência, Salomão ao escrever os Salmos, capítulo 44, versículo 25, prova mais ainda tal entendimento: “Pois a nossa alma está abatida até ao pó; o nosso ventre se apega à terra”. Somos humanos e vamos continuarmos apegados a terra e no que ela tem, somos partes integrantes dela do nascer ao morrer. Em outro momento da historicidade bíblica, em Atos, capítulo 13, versículo 51, está escrito: “Sacudindo, porém, contra eles o pó dos seus pés, partiram para Icônio”, de modo que corrobora também com a doutrina ou teoria criacionista da realidade humana (e dos demais seres) que tem inicio e fim no pó, o próprio livro das Lamentações¹, capítulo 3, versículo 29, ao afirmar: “Ponha a sua boca no pó; talvez ainda haja esperança”. Por outro lado, em Jó, capítulo 5, versículo 6, está escrito: “Porque do pó não procede a aflição, nem da terra brota o trabalho”. E isso é fato e contra fato não se tem argumento. E o termo “pó”, que não se tratar de cocaína, produto que gera desgraça e destruição de gerações em todo mundo na atualidade, volta a ser abordado por Jó, capítulo 16, versículo 15, quando ele afirma: “Cosi sobre a minha pele o cilício, e revolvi a minha cabeça no pó”. E o livro sagrado antes citado está cheio de passagem escritas envolvendo o pó, tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento, são muitas as citações e versões relativistas usando o referido termo, que tem significados lingüísticos diversificados. É esse o entendimento de Segundo Samuel, capítulo 22, versículo 43: “Então os moí como o pó da terra; como a lama das ruas os trilhei e dissipei”. Enquanto pó, o ser (humano e ou não), não tem outra escolha. Se subir o bicho pega e se ficar o bicho come.
                     
Ante o exposto, a condição humana (ou não dos demais seres viventes) de quem é em sua essência mortal, disso ninguém tenta duvidar porque até onde se sabe todos nasceram, e inevitavelmente morrerão fisicamente um dia. Isso significa justamente a desintegração de todos os seus elementos constitutivos e essenciais que formam o corpo humano (e dos seres viventes irracionais). Por outro lado, surge à ideia da imortalidade, tema que está presente em todas as civilizações que o ser humano já instalou e fez instalar na face da terra em todas as ideologias e religiosidades que se tem conhecimento nas culturas pré-cristãs e suas tecnologias, isso é um fato concreto, como por exemplo, o caso do embalsamento dos mortos pelo povo egípcio, onde era usada tecnologia de ponta, até então inventada e praticada, quando o mundo nem se quer conhecia ainda a tecnologia para fazer penicilina e anestesia, dentre outros medicamentos. Assim isso nos leva a crer que o povo do Egito tinha muito cuidado com seus mortos e/ou já tinha a presunção de vida futura entre eles. Isso quer dizer que um ser misterioso como é o ser homem, em cujo pensamento não se resume e/ou se confina apenas aos limites do tempo e/ou do seu tempo, a morte significa grosseiramente como sendo um final máximo da humilhação da condição do ser humano, de modo que vem daí o misterioso desejo da imortalidade  do ser humano, constituindo assim um dos mais profundos desejos de imortalidade através de seus atos e fatos construído durante sua existência terrestre para que pós sua morte possa ser referenciado, lembrado e tornar-se imortal, tudo isso são aspirações informuladas, são aspirações da mente e/ou do coração do ser humano. Quem não quer ser lembrado depois da morte?  É a sobrevivência na sua posteridade através de seus escritos literários, poéticos, históricos, suas honrarias acadêmicas, etc., inclusive das páginas policiais e processuais praticados por corruptos e corruptores locais, regionais e internacionais. Essa gente será sempre lembrada pelo que faz de bom e/ou de ruim. O povo não tem memória curta não. Pensar assim é desconstruir o universo e o sonho do povo por dias melhores, inclusive sua imortalidade. O individuo é lembrado por suas atrocidades, veja como exemplo disso, o caso de Hitler, e de bondade o caso de Jesus Cristo, assumiu todos os pecados da humanidade e teve morte de cruz, dentre inúmeros outros exemplos da história da humanidade.
                                     
A imortalidade do ser humano, nada mais é do que o desejo procurado, a ideia vaga do comprazer para poder ter sobrevivência na posteridade e bem assim na memória do povo e dos seus entes queridos. Vejamos por exemplo, o caso do homem que não deixa filhos ao morrer, pode ser entendido que é na realidade um fim absoluto daquilo que chamamos de filete e/ou faísca de vida, o que significa dizer que remonta ao inicio da criação da espécie daquela árvore genealógica.  É certo que o pai sente direta e/ou indiretamente no filho, o prolongamento de seu sangue, como se fosse uma corrente de vida na qual, de certo modo, continuará sobrevivendo depois de sua morte de geração em geração. É o continuar ouvir e ver através dos olhos do seu e de seus descendentes. E isso não é mera ilação. Também não é cronagem, é realidade. O próprio Deus usou a Virgem Maria para materializar o sonho dele para poder nascer o Salvador da humanidade, via a tecnologia divina maior representada pelo Espírito Santo. E isso é um fato e contra fato não se tem argumento. A idéia da imortalidade do ser humano, preliminarmente foi inventada por inúmeras religiões e também por filosofias de diversas formas e ou maneiras, vejamos por exemplo, a “metempsicose”, o nirvana, ou seja a sobrevivência do ser humano após sua morte num cosmos panteísta. Por outro lado, graças ao Cristianismo, surgiu a idéia da imortalidade pessoal diante da consistência do aparecimento de um credo religioso. A religião aqui é a tecnologia que liga o ser humano ao ser Divino. Diante disso, o homem passou a ser um composto substancial que tem espírito (alma) e matéria (corpo) em sua constituição.  Assim sendo, a morte significa justamente a ruptura, a desconstituição deste composto. Inevitavelmente, o corpo está sujeito às leis da matéria orgânica, desintegra-se e mineraliza-se, segundo as leis químicas da composição e da decomposição do ser (racionais e ou irracional), enquanto matéria. Por outro lado, o espírito é uma substancia incorruptível, assim sendo, é a pura consciência e liberdade, tem subsistência na sua realidade pessoal. Até a própria filosofia pagã em sua sabedoria admite obscuramente tal sobrevivência, conforme se comprova diante da consignação no mais célebre verso que se tem conhecimento na face da terra, escrito por um dos seus poetas mais eloquentes, Horácio² (65-8 a.C): “Non omnis moriar”, que significa sua tradução ao pé da letra: “não morrerei de todo”. É na fé em Jesus Cristo de que tal ideia de sobrevivência depois da morte vai muito mais longe. A ideia de sobrevivência advinda com a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, diante da promessa e a garantia de uma ressurreição e ou via futura e ou eterna.  É desse modo que a ideia de ressurreição, de nova vida a partir do fato da ressurreição de Jesus Cristo, o nosso Deus Criador, jamais constitui nenhum problema formal e ou informal, bem como insolúvel que não venha permitir que o espírito do ser humano não reassuma um novo corpo e se reconstitua assim como aconteceu com Jesus Cristo, que ressuscitou dos mortos, imperecível em sua real totalidade, com o corpo são e salvo. E por analogia,  Atos, capítulo 22, versículo 23, enfatiza: “E, clamando eles, e arrojando de si as vestes, e lançando pó para o ar”. O ser humano, assim como os demais seres, continua sendo do principio ao fim de sua existência ou não, o pó da terra em sua essência.

¹ Cf. As Lamentações ( possivelmente escrito pelo Profeta Jeremias) são usadas na liturgia da  Igreja Católica por ocasião da Semana Santa, para lembrar o sofrimento de Jesus. A tradição popular conservou, durante a procissão da sexta feira Santa, o canto de Verônica: "Vocês todos que passam pelo caminho, olhem e prestem atenção: haverá dor semelhante à minha dor?" (Lamentações, 1,12)
² Cf. Quinto Horácio Flaco, em latim Quintus Horatius Flaccus, ( Venúsia, 8 de dezembro de 65.a.C – Roma, 27 de dezembro de 8 a.C) foi um poeta lírico e satírico romano, além de filósofo. É conhecido por ser um dos maiores poetas da  Roma Antiga.

Enviado pelo escritor Francisco de Paula Melo Aguiar

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