Por Francisco de
Paula Melo Aguiar
As barras da
sepultura descerão quando juntamente no pó teremos descanso.
Jó
17:16
Preliminarmente entendemos de que existe o prefixo latino “in”, que tem caráter
privativo e por outro lado a palavra igualmente latina “mortalitas”, que
significa em qualquer sentido da existência humana, mortalidade e/ou seja
condição humana igual para todos (inclusive para os seres não humanos) e ou em
síntese que é mortal, aquele que morre e morre mesmo, fisicamente falando. Tudo
veio do pó e ao pó voltará. É a profecia bíblica dominante. É justamente isso
que afirma Gênesis, capítulo 13, versículo 16: “E farei a tua descendência como
o pó da terra; de maneira que se alguém puder contar o pó da terra, também a
tua descendência será contada”, igualmente assim determina em Eclesiastes,
capítulo 3, versículo 20: “Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e
todos voltarão ao pó”. Amparo ideológico neste sentido tem Salomão em Salmos,
capitulo 113, versículo 7 “Levanta o pobre do pó e do monturo levanta o
necessitado” e sintetiza tudo isso em Salmos, capítulo 119, versículo 25 ao
afirmar: “A minha alma está pegada ao pó; vivifica-me segundo a tua palavra”.
Tanto faz ser rico e ou pobre, nada disso importa, segundo Jó, capítulo
34, versículo 15: ”Toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o
pó”. A Bíblia Sagrada, considerado como livro santo entre os cristãos
católicos, protestantes, espíritas, dentre outras religiões, compactua com tal
o princípio bíblico em sua totalidade, tendo em vista a falta de argumentos
contrários cientificamente comprovados. Tudo que se falou até agora contra a
profecia bíblica é mera ilação. A Bíblia Sagrada é a inspiração de Deus em sua
totalidade e unicidade, daí não caber qualquer outra teoria para explicar a
condição humana e a condição espiritual do ser humano, fruto de sua criação
máxima: o ser humano. O escritor Jó, no capitulo 42, versículo 6, diz ainda: “Por
isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza”. Isso por analogia tem tudo a
haver com o povo que procura receber cinzas na quarta feira de cinza, inicio da
quaresma na fé católica. Isso é fato e contra fato, repetimos não se tem
argumentos. Quem duvida que não veio do pó e ao pó vai se transformará quando
morrer? Quem quer discutir tal teoria realística fora dos ensinamentos da
Bíblia Sagrada? Quem tem a teoria para evitar a morte física do corpo dos seres
humanos e não humanos? É bíblico e é também uma tradição cultural de nossa
gente, receber cinzas na quarta feira de cinza, logo após a festa de carnaval.
E do alto de sua inteligência, Salomão ao escrever os Salmos, capítulo 44,
versículo 25, prova mais ainda tal entendimento: “Pois a nossa alma está
abatida até ao pó; o nosso ventre se apega à terra”. Somos humanos e vamos
continuarmos apegados a terra e no que ela tem, somos partes integrantes dela
do nascer ao morrer. Em outro momento da historicidade bíblica, em Atos,
capítulo 13, versículo 51, está escrito: “Sacudindo, porém, contra eles o pó
dos seus pés, partiram para Icônio”, de modo que corrobora também com a
doutrina ou teoria criacionista da realidade humana (e dos demais seres) que
tem inicio e fim no pó, o próprio livro das Lamentações¹, capítulo 3, versículo
29, ao afirmar: “Ponha a sua boca no pó; talvez ainda haja esperança”. Por
outro lado, em Jó, capítulo 5, versículo 6, está escrito: “Porque do pó não procede
a aflição, nem da terra brota o trabalho”. E isso é fato e contra fato não se
tem argumento. E o termo “pó”, que não se tratar de cocaína, produto que gera
desgraça e destruição de gerações em todo mundo na atualidade, volta a ser
abordado por Jó, capítulo 16, versículo 15, quando ele afirma: “Cosi sobre a
minha pele o cilício, e revolvi a minha cabeça no pó”. E o livro sagrado antes
citado está cheio de passagem escritas envolvendo o pó, tanto no Antigo, quanto
no Novo Testamento, são muitas as citações e versões relativistas usando o
referido termo, que tem significados lingüísticos diversificados. É esse o
entendimento de Segundo Samuel, capítulo 22, versículo 43: “Então os moí como o
pó da terra; como a lama das ruas os trilhei e dissipei”. Enquanto pó, o ser
(humano e ou não), não tem outra escolha. Se subir o bicho pega e se ficar o
bicho come.
Ante o exposto, a condição humana (ou não dos demais seres viventes) de quem é
em sua essência mortal, disso ninguém tenta duvidar porque até onde se sabe
todos nasceram, e inevitavelmente morrerão fisicamente um dia. Isso significa
justamente a desintegração de todos os seus elementos constitutivos e
essenciais que formam o corpo humano (e dos seres viventes irracionais). Por
outro lado, surge à ideia da imortalidade, tema que está presente em todas as
civilizações que o ser humano já instalou e fez instalar na face da terra em
todas as ideologias e religiosidades que se tem conhecimento nas culturas
pré-cristãs e suas tecnologias, isso é um fato concreto, como por exemplo, o
caso do embalsamento dos mortos pelo povo egípcio, onde era usada tecnologia de
ponta, até então inventada e praticada, quando o mundo nem se quer conhecia
ainda a tecnologia para fazer penicilina e anestesia, dentre outros
medicamentos. Assim isso nos leva a crer que o povo do Egito tinha muito
cuidado com seus mortos e/ou já tinha a presunção de vida futura entre eles.
Isso quer dizer que um ser misterioso como é o ser homem, em cujo pensamento
não se resume e/ou se confina apenas aos limites do tempo e/ou do seu tempo, a
morte significa grosseiramente como sendo um final máximo da humilhação da
condição do ser humano, de modo que vem daí o misterioso desejo da
imortalidade do ser humano, constituindo assim um dos mais profundos
desejos de imortalidade através de seus atos e fatos construído durante sua
existência terrestre para que pós sua morte possa ser referenciado, lembrado e
tornar-se imortal, tudo isso são aspirações informuladas, são aspirações da
mente e/ou do coração do ser humano. Quem não quer ser lembrado depois da
morte? É a sobrevivência na sua posteridade através de seus escritos
literários, poéticos, históricos, suas honrarias acadêmicas, etc., inclusive
das páginas policiais e processuais praticados por corruptos e corruptores
locais, regionais e internacionais. Essa gente será sempre lembrada pelo que
faz de bom e/ou de ruim. O povo não tem memória curta não. Pensar assim é
desconstruir o universo e o sonho do povo por dias melhores, inclusive sua imortalidade.
O individuo é lembrado por suas atrocidades, veja como exemplo disso, o caso de
Hitler, e de bondade o caso de Jesus Cristo, assumiu todos os pecados da
humanidade e teve morte de cruz, dentre inúmeros outros exemplos da história da
humanidade.
A imortalidade do ser humano, nada mais é do que o desejo procurado, a ideia vaga do comprazer para poder ter sobrevivência na posteridade e bem assim na
memória do povo e dos seus entes queridos. Vejamos por exemplo, o caso do homem
que não deixa filhos ao morrer, pode ser entendido que é na realidade um fim
absoluto daquilo que chamamos de filete e/ou faísca de vida, o que significa
dizer que remonta ao inicio da criação da espécie daquela árvore genealógica.
É certo que o pai sente direta e/ou indiretamente no filho, o prolongamento de
seu sangue, como se fosse uma corrente de vida na qual, de certo modo,
continuará sobrevivendo depois de sua morte de geração em geração. É o
continuar ouvir e ver através dos olhos do seu e de seus descendentes. E isso
não é mera ilação. Também não é cronagem, é realidade. O próprio Deus usou a
Virgem Maria para materializar o sonho dele para poder nascer o Salvador da
humanidade, via a tecnologia divina maior representada pelo Espírito Santo. E
isso é um fato e contra fato não se tem argumento. A idéia da imortalidade do
ser humano, preliminarmente foi inventada por inúmeras religiões e também por
filosofias de diversas formas e ou maneiras, vejamos por exemplo, a “metempsicose”,
o nirvana, ou seja a sobrevivência do ser humano após sua morte num cosmos
panteísta. Por outro lado, graças ao Cristianismo, surgiu a idéia da
imortalidade pessoal diante da consistência do aparecimento de um credo
religioso. A religião aqui é a tecnologia que liga o ser humano ao ser Divino.
Diante disso, o homem passou a ser um composto substancial que tem espírito
(alma) e matéria (corpo) em sua constituição. Assim sendo, a morte
significa justamente a ruptura, a desconstituição deste composto. Inevitavelmente,
o corpo está sujeito às leis da matéria orgânica, desintegra-se e
mineraliza-se, segundo as leis químicas da composição e da decomposição do ser
(racionais e ou irracional), enquanto matéria. Por outro lado, o espírito é uma
substancia incorruptível, assim sendo, é a pura consciência e liberdade, tem
subsistência na sua realidade pessoal. Até a própria filosofia pagã em sua
sabedoria admite obscuramente tal sobrevivência, conforme se comprova diante da
consignação no mais célebre verso que se tem conhecimento na face da terra,
escrito por um dos seus poetas mais eloquentes, Horácio² (65-8 a.C): “Non omnis
moriar”, que significa sua tradução ao pé da letra: “não morrerei de todo”. É
na fé em Jesus Cristo de que tal ideia de sobrevivência depois da morte vai
muito mais longe. A ideia de sobrevivência advinda com a ressurreição de Nosso
Senhor Jesus Cristo, diante da promessa e a garantia de uma ressurreição e ou
via futura e ou eterna. É desse modo que a ideia de ressurreição, de nova vida a partir do fato da ressurreição de Jesus Cristo, o nosso Deus Criador,
jamais constitui nenhum problema formal e ou informal, bem como insolúvel que
não venha permitir que o espírito do ser humano não reassuma um novo corpo e se
reconstitua assim como aconteceu com Jesus Cristo, que ressuscitou dos mortos,
imperecível em sua real totalidade, com o corpo são e salvo. E por analogia,
Atos, capítulo 22, versículo 23, enfatiza: “E, clamando eles, e arrojando
de si as vestes, e lançando pó para o ar”. O ser humano, assim como os demais
seres, continua sendo do principio ao fim de sua existência ou não, o pó da
terra em sua essência.
¹ Cf. As
Lamentações ( possivelmente escrito pelo Profeta Jeremias) são usadas na
liturgia da Igreja Católica por ocasião da Semana Santa, para lembrar o
sofrimento de Jesus. A tradição popular conservou, durante a procissão da sexta
feira Santa, o canto de Verônica: "Vocês todos que passam pelo caminho,
olhem e prestem atenção: haverá dor semelhante à minha dor?" (Lamentações,
1,12)
² Cf. Quinto
Horácio Flaco, em latim Quintus Horatius Flaccus, ( Venúsia, 8 de dezembro de
65.a.C – Roma, 27 de dezembro de 8 a.C) foi um poeta lírico e satírico romano,
além de filósofo. É conhecido por ser um dos maiores poetas da Roma
Antiga.
Enviado pelo escritor Francisco de Paula Melo Aguiar
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