segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

RACHANDO TUDO

Por Clerisvaldo B. Chagas, 5 de janeiro de 2015 - Crônica Nº 1.338

Cabra velho, o Sol de ontem (domingo), se fosse usar a linguagem das ruas, botou fedendo no Sertão. Era fogo vivo lá em cima, fogo aceso cá em baixo. Isso foi me lembrando a nossa excursão no mesmo janeiro há quase trinta anos atrás. Uma descida a pé através do leito seco do rio Ipanema, visando à metade do percurso. O janeiro da outra metade da excursão também foi assim. Aquilo não era sol de semiárido, era sol de deserto mesmo.

Chegada a Santana, vindo de Pão de Açúcar. Foto: (Clerisvaldo).

Animado para percorrer as trilhas da periferia, como sempre faço, não encontrei apoio algum. As ruas estavam desertas, próximo do meio-dia, cada um entocado nas sombras das suas residências ou nos alpendres das casas de fazendas e chácaras da região. Sem praia, sem balneário, sem algo mais para o domingo, o sertanejo não tinha coragem nem de usar a piscina caseira. Mesmo assim arrisquei uma estirada até a saída Santana ─ Pão de Açúcar, tentando capturar algumas imagens interessantes. A altíssima temperatura deixou-me sozinho no meio do asfalto da periferia vendo os montes precisando novas trovoadas para escaparem da queimada.

Estirando a vista em direção à cidade, fui usar outra expressão matuta em não avistar um só pedestre por ali, vou embora: “É o cão quem fica!”.

Janeiro já provou que é valente. Não é à toa que é o primeiro mês do ano. E do jeito que está por aqui, até automóvel tem que ser com ar condicionado, “topado”, como diz a malandragem. Livrando-nos dos raios matadores das tempestades, estamos precisando urgente das águas do céu, sem tragédias, sem choro e sem velas. Refrescar é preciso, pois as contas de energia nos cercam cada vez mais ameaçadoras. Ventiladores já não estão servindo e aquele arzinho abençoado é excelente compulsivo na gastança.

Desistente da periferia, vamos aguardar ocasião propícia para caminhadas que nos acalentam, mas com essa temperatura, só para quem tem couro de boi. Corro para o banho de chuveiro e, lá fora, deixo o Sol rachando tudo.


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