Por Clerisvaldo B. Chagas,
29 de janeiro de 2015 - Crônica Nº
1.355
Os velhos
carnavais de Santana do Ipanema têm seus registros mais antigos na década de
vinte, através do escritor santanense Oscar Silva. Oscar comentava até com
detalhes sobre alguns blocos masculinos e femininos e fala muito mais sobre o
“Negras da Costa”, oriundo de Quebrangulo. O “Negras da Costa” daquela cidade
Agrestina dançou várias vezes nos carnavais de Santana do Ipanema. Esta cidade,
porém, inspirada na brincadeira de Quebrangulo fundou o seu bloco fazendo
grande sucesso pelas ruas da cidade, tendo como brincantes, entre outros, os
saudosos Zé Urbano e Filemon. Esse bloco formado de homens vestidos de branco,
imitando baianas, roda e requebra pela cidade, numa cadência de causar inveja.
Recentemente o bloco de “Negras da Costa” apresentou-se em Maceió, continuando
com a mesma beleza impressionante dos carnavais da década de 20.
Entretanto, um
dos blocos mais antigos e tradicionais de Santana é o do “Urso Preto” do
malandro Zé Nogueira, Seu Caroula, Chico Paes e outros personagens que tornaram
esse animal imorredouro nos tempos carnavalescos.
As histórias
do bloco do urso e suas presepadas ainda hoje podem ser conhecidas nos bares e
nas esquinas centrais da minha terra.
Estamos,
porém, com mais de uma década de fracassos carnavalescos, muito embora haja
muita propaganda. Os brincantes resolveram abandonar o torrão e partir para
cidades como Pão de Açúcar e Piranhas, principalmente por causa do banho no rio
São Francisco.
Existem,
porém, os insistentes que teimam em brincar, independente de ajuda do poder
municipal.
Esse ano, com
a crise particular que aperta as goelas de Santana do Ipanema, nova machadada
cai na cabeça dos foliões sem condições de nada.
E lá na Rua
Delmiro Gouveia, no restaurante Zé de Pedro, um desses brincantes mais pobres,
estava a se lamentar.
Foi ele mesmo
quem disse que para tirar o prefeito da apatia, a solução era desenterrar uma
cabeça de burro na entrada da cidade e sentar um urso preto, como totem nos
degraus da prefeitura.
Alguém
perguntou ao folião se isso resolvia.
Ele respondeu:
─ Se resolve
mesmo, não sei, mas pelo menos é um fantasma a mais diante de quem tá dentro.
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