Publicada em
30/07/2010
Criptoeconomia
tem sua etimologia no grego clássico, significando, amiúde, leis subterrâneas
que regem a casa que está oculta, ou seja, a sociedade underground, pois
números apresentados por esse setor não são computados pelas estatísticas
oficiais.
A
criptoeconomia compreende em geral o submundo da marginalidade, presente desde
serviços de pistolagem ao tráfico de drogas e de armas, contrabando,
prostituição, jogos proibidos e reprimidos oficialmente, a exemplo das
jogatinas de Cassinos no Brasil, proibidas por Dutra quando de sua gestão na
presidência da República, entre outras inúmeras e diversificadas manifestações.
No geral a
criptoeconomia perfaz preocupações do aparelho repressivo do Estado no ensejo
do cumprimento de tarefas para o funcionamento legal da sociedade, tendo em
vista que a forma como o setor se manifesta invariavelmente vem caracterizada
pelo uso da violência a fim de afirmar interesses.
Na Itália, a
Máfia, surgida na Idade Média para garantir benefícios a uma região
historicamente esquecida, no caso a Sicília, derivou para uma poderosa
organização criptoeconômica que se caracteriza pela atuação criminosa
tentacular, a qual açambarca dos crimes de encomenda ao tráfico de drogas e de
armas, entre inúmeras outras atividades. Trata-se de uma
organização sofisticada que inspirou inúmeras confrarias criminosas mundo a
fora, tendo abrigado lendas como Al Capone, criminoso número um da história da
humanidade. Até o ítalo-americano Frank Sinatra teve benefícios propiciados
pela Máfia Italiana. Após a marcha sobre Roma, em 1922, quando os
fascistas chegam ao poder, impressionando futuros ditadores, como o General
argentino Juan Péron, Mussollini passou a concentrar esforços na repressão à
Máfia Siciliana, gerando ódio inaudito dos italianos do sul à sua pessoa. Foi
nesta região que os aliados apostaram seus esforços a fim de viabilizar a
entrada na península itálica quando da segunda guerra mundial. A Máfia
fazia, e ainda faz, inegavelmente, papel do Estado em uma área historicamente
relegada ao esquecimento, assistindo e amparando carentes e desvalidos, não
obstante suas vendettas sejam conhecidas para àqueles que ousarem trair a
organização. No Brasil, papel semelhante é desempenhado nos morros cariocas,
quando traficantes, em troca de favores, imitam sua congênere maior localizada
no continente europeu.
Impossível
saber com precisão o volume astronômico gerado pelas atividades
criptoeconômicas, pois os números não são computados pelas estatísticas
oficiais fornecidas pelos governos de todos os países.
Existem casos
em que atividades ilegais provavelmente cheguem perto ou até mesmo possam
ultrapassar o próprio produto interno bruto de alguns países, a exemplo da
produção, distribuição e comércio de cocaína.
Assim como a
economia formal, a criptoeconomia também abrange quatro setores, quais sejam, o
primário, o secundário, o terciário e o terciário superior ou quaternário,
tendo em vista que as atividades ligadas à economia subterrânea seguem a
evolução dos tempos, sofisticando-se à medida que exponencializam-se as
exigências de efetivação de atividades ilícitas.
Mas não é
somente de atividades criminosas que se move a criptoeconomia, pois tudo que
não é declarado oficialmente pelas estatísticas fornecidas por setores
competentes ligados aos governos dos países integra o conjunto da produção de
bens e serviços.
A economia
informal presente no dinheiro conseguido por um vendedor de chiclete em
semáforos ou no apurado diário de um flanelinha também engrossa o volume
incalculável gerado pela criptoeconomia a nível mundial, embora no geral vão
ser em atividades poderosas do submundo do crime onde encontram-se percentual
gigantesco e extraordinário que move a economia subterrânea.
A
criptoeconomia assumiu importância extraordinária a ponto de grupos
guerrilheiros se vincularem ao narcotráfico a fim de buscar condições para a
continuidade da luta que encabeçam, a exemplo das Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia, as quais no presente imprescindem de simbiose com
o esquema do tráfico internacional de drogas, uma das razões para o controle de
diversos territórios neste país sul-americano.
Impossível
dimensionar o tamanho da criptoecomina a nível planetário, pois geralmente
envolta no desconhecimento de sua dimensão total torna-se inviável calcular os
números gerados pelas atividades que a esta estão vinculadas.
(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor-adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial e em Organização de Arquivos. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Membro do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP). Contato: romero.cardoso@gmail.com.
(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor-adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial e em Organização de Arquivos. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Membro do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP). Contato: romero.cardoso@gmail.com.
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