Por Francisco
de Paula Melo Aguiar
Educação é
aquilo que fica depois que você esquece o que a escola ensinou.
Albert Einstein
Estamos no limiar de um novo ano, 2015, a humanidade cristã continua envolvida em
resolver seus velhos problemas: segurança, industrialização, comunicação,
educação, saúde, acessibilidade, trabalho, cultura, esportes, lazer, etc, etc,
diante da internet, somos uma pequena aldeia no sistema de globalização,
sabemos tudo o que acontece em qualquer parte do mundo em fração de segundos.
Invocamos analogicamente o pensamento de Lao-Tsé que afirma: “Se deres um peixe
a um homem faminto, vais alimentá-lo por um dia. Se o ensinares a pescar, vais
alimentá-lo toda a vida”. E isso é um fato e contra fato não se tem argumento.
Uma história puxa outra, como por exemplo, o caso do conceito de intersecção,
aquele usado no ensino de matemática, onde é conceituado como sendo o que
designa os elementos comuns entre dois conjuntos de quaisquer coisas. É assim,
via analogia que o criador da Filosofia Clínica, Lúcio Packter, a
conceitua, afirmando que a intersecção é aquilo que compõe o campo comum entre
estruturas de pensamento. O que vale afirmar que é justamente, aquilo que há,
no sentido de existir de comum entre duas subjetividades. Assim sendo,
devemos entender como subjetividade e ou subjetivo, aquilo que vai depender do
ponto de vista do sujeito. Para tanto, podemos citar como exemplo desse tipo de
subjetividade, o caso específico da liberdade, compreendida como sendo algo
inerente e presente na vida do ser humano em sua totalidade, levando-se em
consideração de que cada ser humano em si tem ou possui sua própria
subjetividade e por assim dizer é absolutamente única.
Então entendemos como uma regra máxima e ou de ouro, não importa a denominação
que lhe seja dada para compreender que em todo processo de ensino-aprendizagem,
só existe ensino-aprendizagem, se existir realmente a interseção. O encontro
comum do que fica do que foi dito pelo professor e do que foi absorvido pelo
aluno. Nunca fica a totalidade do foi ensinado ao aprendiz. E isso é algo comum
existente entre o professor e o aluno, aqui compreendido como sendo a
subjetividade. Sem essa subjetividade o foco ou a questão do ensino,
inevitavelmente ficará comprometida. Assim sendo, é preciso que o aluno goste
do professor, trata-se de uma espécie de empatia comum para ambos. Isso é
um ponto comum, é subjetividade entre si como pessoa para poder gostar de
estudar sua matéria. Vem daí o despertar o interesse em estudar mais uma
matéria do que outro tudo passa por esse relacionamento comum, subjetivo a que
denominamos de intersecção do ensino-aprendizagem.
Sem inclusão,
afeto e acolhimento por parte da escola via o professor aos seus alunos, nada
feito, por o afeto é algo subjetivo, parecido como “cimento” e ou “cola” do
processo que leva ao ensino-aprendizagem de verdade. Tal argumento tem tudo a
haver com o que Jean Piaget diz que: “O professor não ensina, mas arranja modos
de a própria criança descobrir. Cria situações-problemas”. E isso é o que
chamamos de interseção e ou subjetividade. Por incrível que pareça. Sem isso na
feito.
O sábio grego Protágoras afirma que “o homem é a medida de todas as coisas. Das
coisas que são enquanto são, e das coisas que não são, enquanto não são”. Ele
tem razão e de sobra ao pronunciar tal afirmação. Somos em quaisquer sentidos
de nossas vidas, únicos e responsáveis diretos e indiretos por todas as consequências
passadas, presentes e futuras, levando-se em consideração as nossas ações e ou
medidas tomadas para o bem e ou para mal. Diante do exposto, equivale afirmar
de que para que o professor consiga estabelecer e ou envolver minimamente
de interseção o seu aluno, precisa necessariamente que antes de mais nada o
conheça o mínimo possível sobre si, sua família, sua comunidade, seus valores
pessoais e familiares, em que acredita e em que não acredita, sua história de
vida. E isso significa conhecer sua subjetividade, sua intersecção sobre o bem
e sobre o mal. Diante de tais conhecimentos, o professor poderá estruturar um
planejamento voltado para atender as necessidades pessoas de seus alunos com
melhor qualidade no trabalho a ser oferecido, se na escola pública, onde os
participantes/alunos são cidadãos e na escola particular os
participantes/alunos são clientes. O sábio Confúcio entende que “Querem que vos
ensine o modo de chegar à ciência verdadeira? Aquilo que se sabe, saber que se
sabe; aquilo que não se sabe, saber que não se sabe; na verdade é este o
saber”. Salvo melhor juízo, isso não anda acontecendo na escola público de
nossos sonhos e na nossa realidade, apesar dos bilhões de reais “gastos” todos
os em educação sem compromisso de transformar a nossa realidade nacional,
estadual e municipal. Temos a educação pública que temos não por falta de
dinheiro público e sim por falta de compromisso em querer mudar essa história
que começa pelos gabinetes dos governos nos três níveis de administração
pública até se chegar a sala de aula. E isso não significa investimento,
significar gasto, porque se o que é ensinado não se aprende e não tem controle
de qualidade e em nada de novo vai retornar para a sociedade, sua financiadora
através do pagamento de impostos. Crescem a cada ano os índices de
analfabetismos no Brasil, assustadoramente. Por analogia citamos o Provérbio
Chinês que diz: “Antes de dar comida a um mendigo, dá-lhe uma vara e ensina-lhe
a pescar”. Essa vara de pescar é semelhante a interseção e ou subjetividade que
é negada ao alunado todos os anos nas escolas do Brasil e do mundo. Segundo o
IBGE¹ existem 9,3% com 10 ou mais anos sem instrução no Brasil, embora tenha
diminuído as desigualdades. Na realidade encontram-se fora da escola 3,5
milhões na idade entre 4 e 17 anos. No tocante aos dados regionais o número de
analfabetos diminuiu, porém “ Nas regiões Norte e Nordeste, a queda foi mais
acentuada. No Norte, o índice de pessoas com 15 anos ou mais analfabetas caiu
de 10% para 9,5%. No Nordeste, a taxa recuou de 17,4% para 16,6% entre 2012 e
2013, mas a região ainda mantém o nível mais alto do país”.
Na escola pública é a sociedade que financia direta e indiretamente a escola,
assim como qualquer outra “prestação de serviços” que existem e não funcionam
com boa qualidade, existe uma grande insatisfação da população no Brasil e no
mundo quando os serviços de primeira necessidade, “existem” no papel e não
funcionam na prática. E no tocante a uma escola particular que não tem controle
de qualidade, não tem interseção e ou subjetividade naquilo que presta a seus
clientes/alunos, estará inevitavelmente fada a falência múltipla de seus
órgãos. Seus dias estão contados via o fechamento de suas atividades pela falta
de interseção em termos de subjetividade no processo de ensino-aprendizagem
como foco principal do objeto contrato de prestação de serviços educacionais,
por exemplo.
A população como usuária, cidadã, precisa ter conhecimento da prestação de
serviços de qualidade para pode defender a escola, a saúde, a segurança, a
cultura, etc, que o oficialismo em todos os níveis que governo lhe oferece em
contrapartida levando-se em consideração a carga tributária existente em tais
gestões pagas direta e indiretamente pelo contribuinte. Na realidade não temos
o que comemorar nesta passagem de ano de 2014 para 2015 em termos educacionais,
tendo em vista que a ONU/UNESCO² afirma que o “Brasil é o 8º país com maior
número de analfabetos adultos”. Isso é uma tristeza, tem aí uma grande falta de
compromisso por parte de governos e professores para com a educação, tudo isso
representa atraso e subdesenvolvimento de nossa nação em termos educacionais.
Bem, podemos sintetizar de que se a gestão pública, por exemplo, no caso da
educação pública: federal, estadual e municipal, oferecida no Brasil, em todas
as unidades da federação nacional, pretende transmitir algo novo aos seus
usuários, alunos e suas famílias, enquanto escola cidadã garantia legal contida
na Carta Magna de 1988 e demais legislação ordinária e complementar, neste
nascer do primeiro dia do ano novo de 2015, bem como nos anos seguintes,
devemos inicialmente pensar na construção de um Projeto Político Pedagógico,
devidamente construído e ou materializado, onde o “outro”, que no caso em tela
é o nosso alunado da escola pública, pare para nos escutar, pois, se a
mensagem, a boa nova, o “Evangelho Educativo”, laico, apolítico e devidamente
planejado, não for agradável, não aparece bem na tela, não pegar como fala o
dito popular, esse mesmo alunado e suas famílias não nos ouvirá e continuaremos
tendo uma educação reprodutora, não terá criticidade e muito menos algo novo
para oferecer aos seus alunos/participantes. É uma educação de “terra
arrasada”, desacreditada por tudo e por todos, apenas copia os valores e ou
padrões culturais da classe dominante em todos os sentidos da palavra. É a
hegemonia do poder para o poder, algo semelhante ao chavão da época do Regime
Militar/1964³: “Brasil, ame-o ou deixo-o”, onde o verbo amar neste contexto
significava aceitas as leis dos ditadores e seus apaniguados. Diante de tais
razões, se faz necessária a presença da educação transformadora em nossas
escolas, sejam elas públicas e ou privadas, somente assim estaremos dando a
devida importância a aquilo que chamamos de interseção, pois, jamais existirá o
processo de ensino-aprendizagem sem sua participação ativamente na sala de
aula.
¹Cf. <http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/09/analfabetismo-volta-diminuir-apos-estacionar-no-ano-anterior-diz-pnad.html
>. Página acessada em 31/12/2014.
²Cf. <http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/01/brasil-e-o-8-pais-com-mais-analfabetos-adultos-diz-unesco.html
>. Página acessada em 31/12/20104.
³ Cf. Slogan
"Brasil, ame-o ou deixe-o", onde "amar" é sinônimo de
aceitar as leis constitucionais e "deixe-o", um termo figurativo para
aqueles que não concordavam com o regime militar. < http://pt.wikipedia.org/wiki/Ufanismo
> . Página acessada em 31/12/2014.
Enviado pelo autor Francisco de Paula Melo Aguiar
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