Por: Clerisvaldo
B. Chagas, 4 de setembro de 2013. - Crônica Nº 1081

O HOMEM/CAVALO
As cidades grandes vão se modernizando devagar ou às pressas, mas os
contrastes urbanos mostram-se em toda plenitude. Edifícios modernos surgem ao
lado de terrenos originários de sítios com mangueiras e outras árvores que
aguardam apenas o capital da especulação. Antigos bangalôs de famílias
tradicionais, abandonados, ainda de pé graças à bondade da natureza, ricos
falidos, restos de família ou fuga para apartamentos deixam-nos órfãos do
passado radioso. Nenhum governo tem condições de ir tombando tantos prédios antigos
que fizeram história e nem todos os artistas juntos conseguem salvar esses casarões
espalhados vítimas do próprio tempo dos seus antigos donos. Os berros dos
vendedores tentam imitar um passado de cinquenta anos, concorrendo com os sons
poderosos e irritantes. Casas velhas transformam-se em mercadões iluminados de
calçadas repletas de remendos. As barreiras comidas pela ação do homem e do
clima mostram prédios gigantes no topo, ao lado de residências capengas como
desenhos máximos da pobreza que ameaçam queda fatal com família e tudo.

Homem/cavalo nas ruas de Maceió - (Autor)
E nas ruas,
desde as primeiras luzes da aurora, a miséria sai à cata da sobrevivência,
mostrando as mazelas mais esquisitas de um corpo descomunal de concreto.
Chamam-nos invisíveis aqueles seres que passam sem serem vistos, pela situação
degradante da pele social. Entre eles, está a criatividade que substitui o
animal de tração, pelas mãos dos humanos mais humildes. O catador de papelão
mistura-se ao trânsito ligeiro das avenidas apinhadas no fado diário de herói
de casa. Arrastando uma carroça entre dois caibros e correntes penduradas,
adapta-se o ser humano à condição cavalar. Com precisão e vista de rapina, vai
conduzindo aquela carroça enorme cheia dos recortes que encontra nas lixeiras.
Passa por todos automóveis, não bate em nenhum, nem relincha, nem escoiceia,
mas não deixa de ser o homem/cavalo da sociedade que não o enxerga. Os
edifícios continuam furando o céu, o luxo permanece no brilho dos metais e, o
dinheiro grosso a circular nos azuis da prosperidade. Enquanto isso, o lixo
pede passagem entre pneus, apitos e luzes. Você nem vê, mas bem perto circula O
HOMEM/CAVALO.
Autobiografia
CLERISVALDO B. CHAGAS – AUTOBIOGRAFIA
ROMANCISTA – CRONISTA – HISTORIADOR - POETA
Clerisvaldo Braga das Chagas nasceu no dia 2 de dezembro de 1946, à Rua Benedito Melo ( Rua Nova) s/n, em Santana do Ipanema, Alagoas. Logo cedo se mudou para a Rua do Sebo (depois Cleto Campelo) e atual Antonio Tavares, nº 238, onde passou toda a sua vida de solteiro. Filho do comerciante Manoel Celestino das Chagas e da professora Helena Braga das Chagas, foi o segundo de uma plêiade de mais nove irmãos (eram cinco homens e cinco mulheres). Clerisvaldo fez o Fundamental menor (antigo Primário), no Grupo Escolar Padre Francisco Correia e, o Fundamental maior (antigo Ginasial), no Ginásio Santana, encerrando essa fase em 1966.Prosseguindo seus estudos, Chagas mudou-se para Maceió onde estudou o Curso Médio, então, Científico, no Colégio Guido de Fontgalland, terminando os dois últimos anos no Colégio Moreira e Silva, ambos no Farol Concluído o Curso Médio, Clerisvaldo retornou a Santana do Ipanema e foi tentar a vida na capital paulista. Retornou novamente a sua terra onde foi pesquisador do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Casou em 30 de março de 1974 com a professora Irene Ferreira da Costa, tendo nascido dessa união, duas filhas: Clerine e Clerise. Chagas iniciou o curso de Geografia na Faculdade de Formação de Professores de Arapiraca e concluiu sua Licenciatura Plena na AESA - Faculdade de Formação de Professores de Arcoverde, em Pernambuco (1991). Fez Especialização em Geo-História pelo CESMAC – Centro de Estudos Superiores de Maceió (2003). Nesse período de estudos, além do IBGE, lecionou Ciências e Geografia no Ginásio Santana, Colégio Santo Tomaz de Aquino e Colégio Instituto Sagrada Família. Aprovado em 1º lugar em concurso público, deixou o IBGE e passou a lecionar no, então, Colégio Estadual Deraldo Campos (atual Escola Estadual Prof. Mileno Ferreira da Silva). Clerisvaldo ainda voltou a ser aprovado também em mais dois concursos públicos em 1º e 2º lugares. Lecionou em várias escolas tendo a Geografia como base. Também ensinou História, Sociologia, Filosofia, Biologia, Arte e Ciências. Contribuiu com o seu saber em vários outros estabelecimentos de ensino, além dos mencionados acima como as escolas: Ormindo Barros, Lions, Aloísio Ernande Brandão, Helena Braga das Chagas, São Cristóvão e Ismael Fernandes de Oliveira. Na cidade de Ouro Branco lecionou na Escola Rui Palmeira — onde foi vice-diretor e membro fundador — e ainda na cidade de Olho d’Água das Flores, no Colégio Mestre e Rei.
Sua vida social tem sido intensa e fecunda. Foi membro fundador do 4º teatro de Santana (Teatro de Amadores Augusto Almeida); membro fundador de escolas em Santana, Carneiros, Dois Riachos e Ouro Branco. Foi cronista da Rádio Correio do Sertão (Crônica do Meio-Dia); Venerável por duas vezes da Loja Maçônica Amor à Verdade; 1º presidente regional do SINTEAL (antiga APAL), núcleo da região de Santana; membro fundador da ACALA - Academia Arapiraquense de Letras e Artes; criador do programa na Rádio Cidade: Santana, Terra da Gente; redator do diário Jornal do Sertão (encarte do Jornal de Alagoas); 1º diretor eleito da Escola Estadual Prof. Mileno Ferreira da Silva; membro fundador da Academia Interiorana de Letras de Alagoas – ACILAL.
Em sua trajetória, Clerisvaldo Braga das Chagas, adotou o nome artístico Clerisvaldo B. Chagas, em homenagem ao escritor de Palmeira dos Índios, Alagoas, Luís B. Torres, o primeiro escritor a reconhecer o seu trabalho. Pela ordem, são obras do autor que se caracteriza como romancista: Ribeira do Panema (romance - 1977); Geografia de Santana do Ipanema (didático – 1978); Carnaval do Lobisomem (conto – 1979); Defunto Perfumado (romance – 1982); O Coice do Bode (humor maçônico – 1983); Floro Novais, Herói ou Bandido? (documentário romanceado – 1985); A Igrejinha das Tocaias (episódio histórico em versos – 1992); Sertão Brabo CD (10 poemas engraçados).

Até setembro de 2009, o autor tentava publicar as seguintes obras inéditas: Ipanema, um Rio Macho (paradidático);Deuses de Mandacaru (romance); Fazenda Lajeado(romance); O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema (história); Colibris do Camoxinga - poesia selvagem (poesia).
Atualmente (2009), o escritor romancista Clerisvaldo B. Chagas também escreve crônicas diariamente para o seu Blog no portal sertanejo Santana Oxente, onde estão detalhes biográficos e apresentações do seu trabalho.
(Clerisvaldo B. Chagas – Autobiografia)
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com
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