POR FRANCISCO DE
PAULA MELO AGUIAR

Falam que o
tempo apaga tudo. Tempo não apaga, tempo adormece.
Rachel
de Queiroz
Temos conhecimento e ciência própria, além do registro fotográfico realizado em
27 de agosto de 2013 da real situação de abandono por parte do Governo Federal
do conjunto arquitetônico do século XIX, envolvendo a Ponte de Cobé, os
dormentes e os trilhos da linha férrea sobre o Rio Paraíba, nos quais
passavam as locomotivas ferroviárias transportando o povo e nossas riquezas até
a década de 80 do século XX, localizada nas imediações de Paula Cavalcanti
(antigo Entroncamento, que serviu de transporte para o homenageado e então
Deputado José Francisco de Paula Cavalcanti, senhor dos engenhos Santana e
Massangana, deslocar-se para a Capital do Estado para exercer frequentar as
sessões da Assembleia Legislativa da Paraíba, a partir de 1934, quando foi
eleito), que encontra-se igualmente abandonada, apenas o seu conjunto
arquitetônico (parte dos prédios ainda estão em pé ), ou em melhor
situação porque ainda não foram totalmente derrubados, como o foi a Estação
Ferroviária de Cobé. É um patrimônio cultural de grande importância, de uma
arquitetura arrojada do século XIX, pois, foi construída em pleno Segundo
Reinado do Brasil, na gestão de Dom Pedro II, inclusive onde foi usada a
tecnologia europeia em termos de engenharia civil para sua construção, daí o
seu valor histórico e cultural para a Paraíba e para o Brasil, pois, o referido
conjunto arquitetônico ferroviário, além do mais, transportou, repetimos,
durante quase cem anos: pessoas, animais e outras mercadorias, para os grandes
centros: João Pessoa e Recife, por exemplo. O transporte ferroviário em
epígrafe, serviu de meio de condução para o poeta do “EU”, Augusto dos Anjos,
por exemplo, quando residia no Engenho Pau D'Arco (Bonfim e depois, Usina Santa
Helena), utilizou o referido meio de transporte para se deslocar para Paraíba
(atual João Pessoa) e para o Recife, quando estudante na Faculdade de Direito,
desembarcando na Estação Ferroviária de Cobé (nas terras do antigo Engenho
Cobé, em Espirito Santo, atual Cruz do Espirito Santo/PB) e de lá pegava o cavalo
e ou a carroça e ou cabriolé (Cabriolet (ou Cabriolé) - pronuncia-se cabriolê -
é um termo utilizado para designar um tipo de carruagem, e, como é comum na
indústria automobilística, um tipo de carroceria automotiva baseada no conceito
da carruagem. A palavra deriva de um verbo francês para saltar (cabriol),
inspirado provavelmente no fato da carruagem original não possuir portas. A
palavra cab, que serve para designar táxi em inglês, é uma abreviatura de
Cabriolet. Isto deve-se ao facto de Joseph Hansom ter adaptado o cabriolé,
acrescentando-lhe uma pequena cadeira mais alta para o condutor e ao qual
chamou Hansom cab.), que já estava lhe aguardando e sendo conduzido por algum
ex-escravo da confiança dos Rodrigues de Carvalho, para levá-lo para o referido
engenho de seus pais no período de férias e bem assim quando do regresso para a
Estação Ferroviária no Cobé. Devemos ressaltar de que o termo: cabriolé, tem
origem na língua francesa: Cabriolet (criação francesa do século XIX), e
significa que é uma carruagem leve de duas rodas, puxada por um animal,
normalmente um cavalo. Pode acolher dois passageiros que ficam virados para
frente. O condutor/cocheiro fica por trás da carruagem, num apoio próprio, de
onde pode facilmente manobrar o cabriolé. Foi criado no início do século XIX em
França. Substituiu rapidamente os hackney que circulavam em grande ambundância
na cidade de Londres como carruagem de aluguel. Enfocamos ainda, de que neste
tempo não existia em grande escala automóveis, quem possuía um cabriolé em sua
fazenda e ou engenho, era uma pessoa considerada rica, financeira, cultural e
socialmente bem de vida. Tem hora que acreditamos que nossa gente não tem
memória, diante da falta de valor axiológico que damos as nossas coisas, ações
e atitudes em sentido amplo. Sem deixar de lembrar que o também imortal José
Lins do Rego, segundo o romance “Menino de Engenho”, cantado em versos e prosa
pelo cinema nacional, também menciona que o mesmo também usou o transporte
ferroviário em suas idas e vindas para estudar no Instituto Nossa Senhora do
Carmo, em Itabaiana, com o professor Maciel e sua esposa, bem como para ir
estudar no Colégio Pio X e depois na Faculdade de Direito do Recife, por
analogia semelhante ao poeta do “EU”. O que confirma que o transporte ferroviário
foi, é e será sempre um transporte de massa, para os ricos e para os pobres,
durante todo sua existência, envolvendo o passado, o presente e quiçá o futuro,
que dependerá sempre de uma política de Estado e não de Governo, a sua
ressurreição em termos práticos.
Era o auge do transporte ferroviário brasileiro em pleno século XIX e inicio do
século XX. Vale relembrar de que em 1882 a linha férrea já passava pelo Cobé,
também chegou ao Sapé/Pb, quando ainda não era nem vila e que teve seu
progresso confirmado, graças ao transporte ferroviário, inclusive sua própria
emancipação política em 01 de dezembro de 1925. O tempo está destruindo
completamente esta grande riqueza da nação brasileira: o patrimônio e a
arquitetura ferroviária nacional, embora o Brasil precise de meios de
transporte de massa, a política de transporte do governo federal não tem
demonstrado interesse em reeleger o transporte ferroviário como prioridade
nacional e regional, pelo menos nesta primeira década do século XXI, sem deixar
de lado de que certos momentos de nossa história nacional, por analogia, em
sendo aplicado ao transporte ferroviário, nem o tempo apaga.
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Enviado pelo Autor: Francisco de Paula Melo Aguiar
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