Não adianta
negar: o Ministério da Saúde queria mesmo fazer a campanha. Planejou, organizou
a petralhada encarregada, imprimiu cartazes, gastou milhões. Os cartazes são a
prova da campanha.
A sociedade
precisou gritar seu espanto para que o Ministério petralha voltasse atrás.
Dessa vez, o
atentado ao bom senso foi radical: mulheres, garotas, meninas, aprendam o
caminho da felicidade! Quando tiverem alcançado sucesso e felicidade digam
também: “Sou feliz sendo prostituta”.
E pensar que o
dinheiro de nossos impostos foi gasto para pagar uma pregação milionária, cuja
finalidade, escondida nas intenções de bom samaritanismo do Ministério
petralha, é subverter os valores morais (os poucos que ainda restam) dos
brasileiros, particularmente das brasileiras.
Noutro dia, a
sociedade brasileira foi surpreendida por aquele pastor evangélico que
violentava mulheres, assegurando que a salvação só dependia de que lhe abrissem
a porta do paraíso.
Não cabe ao
Ministério petralha de um estado laico falar em salvação. O mote escolhido
passou a ser a felicidade, ainda que a porta do paraíso a ser aberta esteja no
mesmo lugar.
O pastor
salvador está preso (por enquanto). Mas não dá para prender um Ministério
petralha que ensina como ser feliz.
Se vitoriosa
fosse a nojenta campanha do Ministério petralha, logo apareceriam ONGs
(também financiadas com o dinheiro público) para gerenciar cabarés
petralhisticamente corretos, oferecendo cursos (com aulas práticas) sobre as
artes do Kama Sutra, realizando testes vocacionais, coordenando concursos para
selecionar candidatas à felicidade, com a garantia de X empregos diretos e Y
empregos indiretos, gerando receita e contribuindo para melhorar, de modo
decisivo, a aparência raquítica de nosso pibinho – aliás, as futuras
profissionais preparadas pelas ONGs e baseadas no mais científico bom
samaritanismo teriam até especialização para saber como fazer qualquer
insignificante pibinho alcançar as dimensões de um verdadeiro pibão.
O diabo é que
a sociedade tirou dos trilhos o trem da alegria no qual a campanha do
Ministério petralha queria embarcar as brasileiras rumo à felicidade. Fica como
momento histórico: nunca antes neste país, um Ministério (com o dinheiro dos
contribuintes) levantou campanha de tão alto nível moral: “Sou feliz sendo prostituta”.
Outras campanhas cretinas do mesmo Ministério já foram abortadas. Mas, é sempre
bom tentar mais uma campanha, e talvez um dia, no Brasil maravilha, tenhamos no
jardim de infância ambientes para encontros íntimos da pirralhada.
Evidentemente,
as esposas, filhas, irmãs, mães dos petralhas estão destinadas a jamais
conhecerem a felicidade, assim como também as militantes do petralhismo que
preferirem não ser prostitutas.
Ser ou não ser
prostituta – eis a questão. Ser ou não ser feliz – eis a resposta. Resultado
estatístico do Ministério da Felicidade: a maioria das mulheres brasileiras não
é feliz.
Depois dessa,
tenho certeza de que já chegamos ao fundo do poço. Mas, a petralhada incansável
tem fôlego para cavar mais fundo e empurrar a sociedade brasileira para o
abismo – e tudo em nome de Príapo, digo, Poder...
Sem querer
quebrar a tranquilidade do nobre Ministro da Saúde, quero rapidamente lembrar
que os brasileiros estão morrendo nos hospitais públicos por falta de uma
decente política de saúde pública.
Sônia van
Dijck
04/06/2013 -
15:59
'Sou feliz
sendo prostituta', diz campanha do governo.
Após
repercussão negativa, ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recuou e disse que
o material da campanha não foi autorizado pela pasta
Campanha do
Ministério da Saúde (Divulgação)
O Ministério
da Saúde lançou no último fim de semana uma campanha infeliz sobre a prevenção
de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), tendo como protagonistas as
profissionais do sexo. Uma das peças ganhou destaque entre os vídeos e fotos
divulgados nas redes sociais pela mensagem que trazia: “Eu sou feliz sendo
prostituta”.
Após a
repercussão negativa da campanha, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
afirmou que o material não passou pelo seu aval: "Do Ministério da Saúde,
é papel ter mensagens específicas para estimular a prevenção das DSTs
fundamentadas nas profissionais do sexo, que é um grupo bastante
vulnerável"
.
"Enquanto
eu for ministro, campanhas assim não vão passar pelo ministério", afirmou
Padilha, cotado como candidato do PT ao governo de São Paulo nas eleições do
ano que vem.
Fiascos – A iniciativa surge logo após uma série de fiascos em campanhas de Saúde na gestão do petista. Em março deste ano, o Ministério da Saúde suspendeu distribuição de um material direcionado para o público adolescente e que tinha como tema a prevenção da aids. O kit era formado por seis revistas em quadrinhos e tratava de assuntos como gravidez na adolescência, uso de camisinha e homossexualidade. Na época, mais uma vez Padilha afirmou que a distribuição do material foi realizada sem o seu consentimento, além de não ter sido aprovado pelo conselho editorial.
Fiascos – A iniciativa surge logo após uma série de fiascos em campanhas de Saúde na gestão do petista. Em março deste ano, o Ministério da Saúde suspendeu distribuição de um material direcionado para o público adolescente e que tinha como tema a prevenção da aids. O kit era formado por seis revistas em quadrinhos e tratava de assuntos como gravidez na adolescência, uso de camisinha e homossexualidade. Na época, mais uma vez Padilha afirmou que a distribuição do material foi realizada sem o seu consentimento, além de não ter sido aprovado pelo conselho editorial.
Em maio de 2011, mais um projeto foi suspenso. A própria presidente cancelou a entrega de um kit de combate à homofobia produzido pelos ministérios da Saúde e da Educação. O material foi produzido pela Oficina de Comunicação em Saúde para Profissionais do Sexo, realizada entre os dias 11 e 14 de março em João Pessoa (PB). O objetivo da ação é se “opor ao estigma da prostituição associada à infecção pelo HIV e aids” e celebrar o Dia Internacional das Prostitutas (2 de junho).
No mês
passado, o ministério gastou 10 milhões de reais em uma campanha que informava,
de forma equivocada, que pessoas com problemas relacionados a planos de saúde
particulares deveriam ligar para a Ouvidoria do SUS, que trata da saúde
pública. A campanha precisou ser corrigida.
(Com Estadão Conteúdo)
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