quinta-feira, 6 de junho de 2013

"Sou feliz sendo prostituta" - o Ministério da Saúde faz campanha


Não adianta negar: o Ministério da Saúde queria mesmo fazer a campanha. Planejou, organizou a petralhada encarregada, imprimiu cartazes, gastou milhões. Os cartazes são a prova da campanha.

A sociedade precisou gritar seu espanto para que o Ministério petralha voltasse atrás.

Dessa vez, o atentado ao bom senso foi radical: mulheres, garotas, meninas, aprendam o caminho da felicidade! Quando tiverem alcançado sucesso e felicidade digam também: “Sou feliz sendo prostituta”.

E pensar que o dinheiro de nossos impostos foi gasto para pagar uma pregação milionária, cuja finalidade, escondida nas intenções de bom samaritanismo do Ministério petralha, é subverter os valores morais (os poucos que ainda restam) dos brasileiros, particularmente das brasileiras.
Noutro dia, a sociedade brasileira foi surpreendida por aquele pastor evangélico que violentava mulheres, assegurando que a salvação só dependia de que lhe abrissem a porta do paraíso.

Não cabe ao Ministério petralha de um estado laico falar em salvação. O mote escolhido passou a ser a felicidade, ainda que a porta do paraíso a ser aberta esteja no mesmo lugar.

O pastor salvador está preso (por enquanto). Mas não dá para prender um Ministério petralha que ensina como ser feliz.

Se vitoriosa fosse a nojenta campanha do  Ministério petralha, logo apareceriam ONGs (também financiadas com o dinheiro público) para gerenciar cabarés petralhisticamente corretos, oferecendo cursos (com aulas práticas) sobre as artes do Kama Sutra, realizando testes vocacionais, coordenando concursos para selecionar candidatas à felicidade, com a garantia de X empregos diretos e Y empregos indiretos, gerando receita e contribuindo para melhorar, de modo decisivo, a aparência raquítica de nosso pibinho – aliás, as futuras profissionais preparadas pelas ONGs e baseadas no mais científico bom samaritanismo teriam até especialização para saber como fazer qualquer insignificante pibinho alcançar as dimensões de um verdadeiro pibão.

O diabo é que a sociedade tirou dos trilhos o trem da alegria no qual a campanha do Ministério petralha queria embarcar as brasileiras rumo à felicidade. Fica como momento histórico: nunca antes neste país, um Ministério (com o dinheiro dos contribuintes) levantou campanha de tão alto nível moral: “Sou feliz sendo prostituta”. Outras campanhas cretinas do mesmo Ministério já foram abortadas. Mas, é sempre bom tentar mais uma campanha, e talvez um dia, no Brasil maravilha, tenhamos no jardim de infância ambientes para encontros íntimos da pirralhada.

Evidentemente, as esposas, filhas, irmãs, mães dos petralhas estão destinadas a jamais conhecerem a felicidade, assim como também as militantes do petralhismo que preferirem não ser prostitutas.

Ser ou não ser prostituta – eis a questão. Ser ou não ser feliz – eis a resposta. Resultado estatístico do Ministério da Felicidade: a maioria das mulheres brasileiras não é feliz.

Depois dessa, tenho certeza de que já chegamos ao fundo do poço. Mas, a petralhada incansável tem fôlego para cavar mais fundo e empurrar a sociedade brasileira para o abismo – e tudo em nome de Príapo, digo, Poder...

Sem querer quebrar a tranquilidade do nobre Ministro da Saúde, quero rapidamente lembrar que os brasileiros estão morrendo nos hospitais públicos por falta de uma decente política de saúde pública.

Sônia van Dijck
04/06/2013 - 15:59

'Sou feliz sendo prostituta', diz campanha do governo.

Após repercussão negativa, ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recuou e disse que o material da campanha não foi autorizado pela pasta

Campanha do Ministério da Saúde (Divulgação)

O Ministério da Saúde lançou no último fim de semana uma campanha infeliz sobre a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), tendo como protagonistas as profissionais do sexo. Uma das peças ganhou destaque entre os vídeos e fotos divulgados nas redes sociais pela mensagem que trazia: “Eu sou feliz sendo prostituta”.

Após a repercussão negativa da campanha, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que o material não passou pelo seu aval: "Do Ministério da Saúde, é papel ter mensagens específicas para estimular a prevenção das DSTs fundamentadas nas profissionais do sexo, que é um grupo bastante vulnerável"
.
"Enquanto eu for ministro, campanhas assim não vão passar pelo ministério", afirmou Padilha, cotado como candidato do PT ao governo de São Paulo nas eleições do ano que vem.

Fiascos – A iniciativa surge logo após uma série de fiascos em campanhas de Saúde na gestão do petista. Em março deste ano, o Ministério da Saúde suspendeu distribuição de um material direcionado para o público adolescente e que tinha como tema a prevenção da aids. O kit era formado por seis revistas em quadrinhos e tratava de assuntos como gravidez na adolescência, uso de camisinha e homossexualidade. Na época, mais uma vez Padilha afirmou que a distribuição do material foi realizada sem o seu consentimento, além de não ter sido aprovado pelo conselho editorial.

Em maio de 2011, mais um projeto foi suspenso. A própria presidente cancelou a entrega de um kit de combate à homofobia produzido pelos ministérios da Saúde e da Educação. O material foi produzido pela Oficina de Comunicação em Saúde para Profissionais do Sexo, realizada entre os dias 11 e 14 de março em João Pessoa (PB). O objetivo da ação é se “opor ao estigma da prostituição associada à infecção pelo HIV e aids” e celebrar o Dia Internacional das Prostitutas (2 de junho).

No mês passado, o ministério gastou 10 milhões de reais em uma campanha que informava, de forma equivocada, que pessoas com problemas relacionados a planos de saúde particulares deveriam ligar para a Ouvidoria do SUS, que trata da saúde pública. A campanha precisou ser corrigida.

(Com Estadão Conteúdo)


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Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço: José Romero Araújo Cardoso

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