Por: Rangel Alves da Costa(*)
PEQUENÍSSIMA
DISCUSSÃO DE TRÂNSITO
“E agora?”.
“Vamos
resolver calmamente...”.
“Prefiro
assim. Sou de paz...”.
“E eu odeio
violência...”.
“Mas olhe o
estrago...”.
“No meu carro
também...”.
“Ainda bem que
não causou prejuízo maior...”.
“Tudo fácil de
ser resolvido...”.
“Um
amassãozinho na porta...”.
“Encurvou o
para-choque do meu...”.
“Mas o bom é
que não tivemos nada...”.
“E a pancada
foi grande...”.
“Carro a gente
ajeita...”.
“E não houve
nada mais grave...”.
“Acho melhor
cada um pagar seu reparo e pronto...”.
“Mas o estrago
no meu foi maior...”.
“Engano seu,
no meu foi muito maior...”.
“Assim vou
sair no prejuízo...”.
“Basta a vida,
meu amigo, a vida...”.
“Também acho
que a vida é tudo...”.
“Então entre
no seu que entre no meu carro e vamos embora...”.
“Então vamos,
mas acho...”.
“Acha o que
meu amigo, não já está tudo resolvido?”.
“Você bem que
podia ajudar na pintura desse local...”.
“Mas vou ter
de pintar também o meu...”.
“Mas...”.

“Mas o que meu
amigo?”.
“A
preferencial era minha...”.
“Cadê a placa
mostrando?”.
“Todo mundo
sabe que eu vinha certo...”.
“Mas correndo
demais...”.
“Não, pois
quem vinha correndo era você...”.
“Está me
chamando de mentiroso?”.
“Entenda como
quiser...”.
“Mentiroso é
você, seu filho da puta...”.
“Filho de que
rapaz? Repita aí se for homem...”.
“Repito sim:
corno, viado, filho da puta...”.
“Vou encher
sua boca de bala agora mesmo...”.
“Puxe a arma
se tiver coragem...”.
“Você vai ver
seu verme nojento...”.
“Quem vai
morrer agora é você...”.
“Tenha
coragem, puxe a arma seu frouxo...”.
“Quer ver?”.
“Quer ver?”.
“Ta... ta...
ta...”.
“Ta... ta...
ta...”.
E um caído
morto de um lado.
O outro morto
do outro.
E os carros
atrás buzinando, querendo passar por cima de tudo.
(*) Meu nome é Rangel Alves da Costa, nascido no sertão sergipano do São Francisco, no município de Poço Redondo. Sou formado em Direito pela UFS e advogado inscrito na OAB/SE, da qual fui membro da Comissão de Direitos Humanos. Estudei também História na UFS e Jornalismo pela UNIT, cursos que não cheguei a concluir. Sou autor dos eguintes livros: romances em "Ilha das Flores" e "Evangelho Segundo a Solidão"; crônicas em "Crônicas Sertanejas" e "O Livro das Palavras Tristes"; contos em "Três Contos de Avoar" e "A Solidão e a Árvore e outros contos"; poesias em "Todo Inverso", "Poesia Artesã" e "Já Outono"; e ainda de "Estudos Para Cordel - prosa rimada sobre a vida do cordel", "Da Arte da Sobrevivência no Sertão - Palavras do Velho" e "Poço Redondo - Relatos Sobre o Refúgio do Sol". Outros livros já estão prontos para publicação. Escritório do autor: Av. Carlos Bulamarqui, nº 328, Centro, CEP 49010-660, Aracaju/SE.
Poeta e
cronista
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