sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O professor João Maleável


Por: José Mendes Pereira

Nessa noite o João Maleável enfrentou a classe sem ânimo. Havia passado o dia inteiro limpando a sua velha e desmoronada biblioteca.  Há anos que ela não recebia livros novos.  O mau cheiro de livros velhos e empestados de ácaros obrigou-lhe a fazer uma boa limpeza.  De novidades, somente uma pequena apostila de português que havia recebido do primo Carlos Maia.  Afinal, tinha recebido porque ele gostava de lhe presentear com algumas coisas de português, mas do tipo que havia recebido, não lhe fazia falta na sua estante, pois tinha bastantes apostilas 
              
- Chega de tanto material sem conteúdo! - Dizia ele retirando a sujeira da biblioteca. 
              
As paredes da sala onde era a biblioteca já precisavam de um reparo urgente, ou talvez uma mão de cal, mas não lhe ia adiantar nada, porque elas estavam muito deterioradas, e o certo mesmo era esperar, não por uma mão de cal, mas sim, a mão de Deus que lhe desse mais oportunidade na vida.
              
Ao entrar na sala de aula, uma pergunta lhe foi feita pela Raquel.
            
- Professor, na análise morfológica, a palavra “AQUI”, pertence a qual classe gramatical?
              
No momento ele não se lembrou, mas lhe deu uma resposta meio sem graça.
              
- Pertence à classe dos verbos.
              
- Verbo, professor? - duvidou a Raquel.
              
- Sim, é verbo! – respondeu ele timidamente.
             
- Então o conjugue professor, porque não só eu, mas todos nós temos interesses de sabermos como se faz essa conjugação.
             
Ele apoderou-se de um giz, foi à lousa, mas antes chamou bastante a atenção dos alunos para que eles memorizassem bem a sua bela explicação.
             
- Prestem bem atenção, meus alunos! Isso é muito importante na vida de um estudante. Não desgrudar os olhos do quadro e ligar as antenas dos ouvidos quando um professor começa a explicar um determinado assunto. O aluno não deve perder nada em uma sala de aula. Se o professor abrir a boca, olho nele e antenas ligadas!

            
E começou ele a conjugação:

Eu aqui,
Tu ali,
 Ele acolá,
Nós na frente,
Vós no meio,
 Eles atrás.

- Pois diga, professor! - exclamou um aluno lá no final da classe.

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