quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

FALAR DA VIDA ALHEIA NÃO É UMA PRÁTICA CIDADÃ.

Por: Jair Eloi de Souza(*)

Reconheço está na antessala da velhice. Mas, cada dia que passa, embora mais velho, não consigo pousar na estação da vagabundagem, do ócio. Sou por índole e formação um ser irredento, afeito a exalar reproche aos que teimam em ser medíocres. Principalmente quando aportam no tenebroso da escuridão, na camarinha da ausência e cometem a indiscrição vil, de nodoar a imagem do seu semelhante, em especial quando este é um ser que pode reescrever uma página histórica de grande valia para nossa geração e as gerações subsequentes em nossa Jardim.

Não há bem aventurança, na insignificância de quem não consegue ostentar os seus próprios feitos, de quem não enxerga a página em branco e limpa, na qual poderia escrever sua própria história. A prática de atacar alguém, como se estivesse num covil escuro e hermético, onde impera um silêncio de veludo, não garante que o ruído da catilinária ofensiva, deixe seu eco ou ressonância imperceptíveis. “Cuidar da vida alheia”, ou melhor, dissipar o tempo na prancha da ofensa jocosa e mordaz, denegrindo a imagem de ser bem sucedido, é tarefa inglória para o praticante. Ainda mais, quando aquele é escolhido democraticamente num pleito, para ser o guia político de seu povo. Tais práticas sempre conquistam a notoriedade peca,  magrenha,  e não muito raro, o autor é candidato sério, a ser um vilão  desprezível.
  
A deslealdade funcional, não é igual às discordâncias ideológicas ou partidárias. Estas estão no campo da convivência dos contrários, aquela tem cheiro de mesquinhez que constrange. Judas entrou na galeria dos homens fracos, porquanto abandonou a filosofia cristã e fez opção pelo Império romano, que espoliava seu povo. Mas, é bom lembrar que fazia parte do grupo seleto escolhido por Cristo, para degustar da última ceia coletiva da comunhão, onde não deveria haver o beijo da entrega, da traição. Rompera a aliança com seu líder Jesus, o homem de Nazaré. A leitura que se faz, é que não estava preparado para levar aos povos a boa nova, como fizeram os outros. João Batista, o precursor que pregara no deserto, alimentando-se apenas de mel. Paulo que transpôs fronteiras pregou para os sábios gregos no areópago.  Daniel enfrentara a alcova de leões, José libertara seu povo do julgo egípcio, Moisés conduzira sua gente por quarenta anos em penúria desértica, Abrão enfrentara o cativeiro na Babilônia, sua altivez o fez o patriarca de Ur na Caldéia. A dignidade da mãe verdadeira, que ao ser cientificado por Salomão que seu filho seria dividido em duas partes, uma para si, a outra para sua contendora, faz de imediato o gesto de que desistia, não queria vez seu filho mutilado, revelando-se para a interpretação salomônica, ser a verdadeira mãe da criança.

Gestos dessa grandeza fazem tremer os que ostentam pela fraqueza, pelas mesquinhas coisas de somenos importância para atingir o seu semelhante. O mundo se constrói com a dignidade dos bons, com a intenção dos que se propõem a edificar uma boa obra, principalmente quando a consolidação dessa obra tem vocação para atender o coletivo, e preencher a vacância deixada pelos que deixaram, ou não puderam fazê-lo.

Em lua Cheia, sem as bênçãos de São Pedro, tarde escaldante.

*É Professor de Direito da UFRN.

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