Por: Jair Eloi de Souza(*)

Reconheço está
na antessala da velhice. Mas, cada dia que passa, embora mais velho, não
consigo pousar na estação da vagabundagem, do ócio. Sou por índole e formação
um ser irredento, afeito a exalar reproche aos que teimam em ser medíocres.
Principalmente quando aportam no tenebroso da escuridão, na camarinha da
ausência e cometem a indiscrição vil, de nodoar a imagem do seu semelhante, em
especial quando este é um ser que pode reescrever uma página histórica de
grande valia para nossa geração e as gerações subsequentes em nossa Jardim.
Não há bem
aventurança, na insignificância de quem não consegue ostentar os seus próprios
feitos, de quem não enxerga a página em branco e limpa, na qual poderia
escrever sua própria história. A prática de atacar alguém, como se estivesse
num covil escuro e hermético, onde impera um silêncio de veludo, não garante
que o ruído da catilinária ofensiva, deixe seu eco ou ressonância
imperceptíveis. “Cuidar da vida alheia”, ou melhor, dissipar o tempo na prancha
da ofensa jocosa e mordaz, denegrindo a imagem de ser bem sucedido, é tarefa
inglória para o praticante. Ainda mais, quando aquele é escolhido
democraticamente num pleito, para ser o guia político de seu povo. Tais
práticas sempre conquistam a notoriedade peca, magrenha, e não
muito raro, o autor é candidato sério, a ser um vilão desprezível.
A deslealdade
funcional, não é igual às discordâncias ideológicas ou partidárias. Estas estão
no campo da convivência dos contrários, aquela tem cheiro de mesquinhez que
constrange. Judas entrou na galeria dos homens fracos, porquanto abandonou a
filosofia cristã e fez opção pelo Império romano, que espoliava seu povo. Mas,
é bom lembrar que fazia parte do grupo seleto escolhido por Cristo, para
degustar da última ceia coletiva da comunhão, onde não deveria haver o beijo da
entrega, da traição. Rompera a aliança com seu líder Jesus, o homem de Nazaré.
A leitura que se faz, é que não estava preparado para levar aos povos a boa
nova, como fizeram os outros. João Batista, o precursor que pregara no deserto,
alimentando-se apenas de mel. Paulo que transpôs fronteiras pregou para os
sábios gregos no areópago. Daniel enfrentara a alcova de leões, José
libertara seu povo do julgo egípcio, Moisés conduzira sua gente por quarenta
anos em penúria desértica, Abrão enfrentara o cativeiro na Babilônia, sua
altivez o fez o patriarca de Ur na Caldéia. A dignidade da mãe verdadeira, que
ao ser cientificado por Salomão que seu filho seria dividido em duas partes,
uma para si, a outra para sua contendora, faz de imediato o gesto de que
desistia, não queria vez seu filho mutilado, revelando-se para a interpretação
salomônica, ser a verdadeira mãe da criança.
Gestos dessa
grandeza fazem tremer os que ostentam pela fraqueza, pelas mesquinhas coisas de
somenos importância para atingir o seu semelhante. O mundo se constrói com a
dignidade dos bons, com a intenção dos que se propõem a edificar uma boa obra,
principalmente quando a consolidação dessa obra tem vocação para atender o
coletivo, e preencher a vacância deixada pelos que deixaram, ou não puderam
fazê-lo.
Em lua Cheia,
sem as bênçãos de São Pedro, tarde escaldante.
*É Professor
de Direito da UFRN.
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