terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Crime dentro da escola nos EUA

Por: Capitão Alfredo Bonessi - Colaborador do blog do Mendes e Mendes

Crime dentro da escola nos EUA

Não é concebível que alguém na face da terra não tenha sentido dor, pesar, indignação pelo crime acontecido dentro de uma escola nos EUA. Mas nós sabemos que sim. Em algum canto do mundo tem alguém indiferente a essa tragédia. Não sabemos quantas pessoas são e nem em que país reside, mas sabemos que essas pessoas existem em nosso meio. Essa brutalidade contra crianças sempre existiu na sociedade e quantas delas foram forçadas a servirem de repasto para sacerdotes de diversas religiões e quantas delas foram mortas dentro das masmorras da inquisição religiosa.

Pouca gente se atreveu a escrever sobre esse acontecido nos EUA – é porque  o mundo está chocado – estático – horrorizado – abismado – sem compreender a causa de tudo isso e não há uma explicação lógica para que  pessoas inocentes – indefesas – anjos, sejam levadas a morte de uma maneira tão cruel e sem terem feito nada  que o motive.

Existem culpados ? – sim,  existem !

Existem responsáveis ?  - sim,  existem !

O fato poderia ter sido evitado ? – sim, poderia !

Se eu escrevo isso – então eu tenho que justificar e provar aquilo que afirmo.

A forma de ensinar  no mundo precisa mudar

A forma de ensino no mundo já está ultrapassada e precisa mudar, se adaptar a nova realidade social.

O modelo que temos para os dias de hoje é um modelo da década de 60 – surgido logo após o modelo antigo e violento que impunha castigos físicos aos alunos, como o uso da palmatória pelos professores e os grão de milho debaixo dos joelhos de determinadas crianças. Eu, por exemplo, levei uma paulada na cabeça dado pela professora de musica, quando num lapso temporal,  me desliguei do canto do Hino da Independência  que cantávamos  em uma sala apertada, com capacidade para 15 crianças – a vara de madeira que a professora tinha nãos mãos alcançava a cabeça do ultimo aluno do fundo da saleta – era eu -  foi aí que eu levei a paulada.

O regime escolar nas escolas até 1960 era um regime de terror: cumprimento rigoroso de horários  de entrada e saída; esmero nos uniformes – nossos  uniformes eram engomados e passados,  impecavelmente   limpos, sapatos brilhando e gravata preta.

Os professores eram maduros, grisalhos, sérios, carrancudos,  falavam com grande energia e não permitiam intimidades. Qualquer deslize o aluno ia para a secretaria e chegando lá  a vontade que se tinha era sumir do mundo – ninguém tinha pena do aluno infrator e ele era  cobrado até as ultimas conseqüências  de seu ato insano – moralmente ele ficava marcado por meses, até anos e a partir daí ficava vigiado por todos aquelas pessoas encarregadas da vigilância e da segurança da escola.  Os professores  ficavam sabendo do ocorrido e a correção das provas  era realizada com o maior rigor possível. Muitos alunos   eram reprovados por décimos, até centésimos  - perdiam o ano por causa de um gracejo, de uma brincadeira dentro da sala de aula.  A solução era mudar de escola ou aguardar  ser expulso. Se fosse expulso não conseguia vaga em local nenhum – ia por fim estudar em uma escola de baixo nível e entrar no cacete por lá.

Mas a tortura física e moral não ficava somente por parte da escola. Em casa as coisas pioravam  muito depois das surras dadas pela mãe, pelo pai e até pelos irmãos mais velhos. Os serviços mais pesados eram dados  aqueles filhos que foram alunos arteiros e que envergonharam a família. Até a igreja se metia nesses casos quando o fato chegava aos ouvidos do padre, do pastor  e até mesmo do policial vizinho, que passava um bom conselho ao jovem ou  criança infratora. Resumindo, por mais  imperativa que fosse a criança, ela jamais se recuperava de uma reprimenda desse porte e carregava as lembranças do castigo moral para o resto de seus dias.  Dificilmente voltaria a errar. As vezes abandonava a escola de vez e se jogava no trabalho  duro pelo resto de seus dias.

Novos tempos

A escola, que ficava a alguns quarteirões das casas  dos alunos, aos poucos foi se distanciando.  As crianças, que saiam na hora da entrada dos colégios, agora precisavam acordar mais cedo e andar a pé por horas a fio e, às vezes,   por debaixo de intempéries.  Os professores grisalhos se foram e professores mais novos ficaram em seus lugares. São mais alegres,  sorridentes, mais íntimos e contam piadas nas salas de aula. Os alunos estão mais soltos,  também interrompem as aulas para comentarem algum fato curioso acontecido no final de semana. O clima é ameno no interior da sala de aula e não há mais castigos físicos e morais infringidos aos alunos inquietos.  Dificilmente a direção da escola fica sabendo de uma arte  acontecida no interior das salas – os professores acomodam as coisas por lá mesmo. Ainda há a cobrança pelo aprendizado e grande parte dos alunos ficam em segunda época e uma minoria é reprovada. Não há mais uma cobrança rigorosa sobre as condições dos uniformes – alguns alunos vem com peças faltando que são substituídas   por peças  comum de vestuário.

Apelidos, pegadinhas entre alunos é resolvido na saída da escola e no braço – ninguém se intromete.

A escola  percebe que o  aprendizado está decaindo e difunde uma nova idéia: os pais precisam participar do ensino da criança  e criam a trilogia: escola – família  - aluno.

O que não é ensinado com ênfase  nas escolas agora  é ensinado dentro das casas e as crianças  possuem  como mestras  as mães. Elas são mais rigorosas que as professoras, cobram mais, se dedicam mais e utilizam um recurso já abolido dentro das salas de aula: a surra. Muitas mães perdem a paciência  com seus filhos e apelam para a violência   a ponto de esbofetear seus filhos e deixá-los de castigo se não fizerem a lição.  Na escola, a professora passa de orientadora para fiscalizadora dos ensinos ministrados pelos pais e muitos deles são chamados as escolas para terem ciência  dos resultados escolares dos seus filhos. A coisa arrocha mais em casa e a vida familiar  vira um inferno para essas crianças. Mas o ensino ainda prospera para a maioria de jovens e crianças. As crianças são levadas e buscadas de carro pelos pais atarefados.

Surge  dois fatos novos na sociedade  que influirá decisivamente no ensino das crianças nas escolas. Surge o áudio visual,  e o radio é substituído  pela TV. No começo uma só TV ficava na sala das casas a comando dos pais – eles ligavam e desligavam a TV nas horas certas.  As mães, professoras do lar,  tiveram que sair e trabalhar fora e as crianças ficaram as soltas  dentro de casa, dependuradas ao telefone e na frente das TVs, muitas delas por conta das empregadas domesticas. Restou para as escolas acomodar  a qualidade do ensino para jovens e crianças diante dessas novas realidades.

O presente aqui e agora

Há uma troca no ensino aprendizado. As crianças deixam de  serem assistidas  por professores experientes  passam as mãos de professores jovens, alguns são solteiros e sem experiência nenhuma com o trato com crianças.  São mal remunerados e desmotivados para o ensino. A maioria carrega como bagagem cultural  problemas sociais profundos como morarem em favelas,  carência  afetiva, carência material e muitas  vezes carência  moral. Muitos foram mal criados, mal educados e sofreram abusos dentro de casa. A maioria desses professores ficam  a mercê das crianças, gritam, falam, mas não conseguem se fazer entender por elas. Não possuem um professor auxiliar  e muitos deles estão em salas com mais de 45 alunos.  O conteúdo  aplicado é bem inferior a capacidade intelectual do aluno, que é bem vivido e muito bem informado  pelos péssimos programas apresentados pela TV, que ensinam de tudo, desde assaltos a banco, seqüestro e sexo. Grande maioria dessas crianças ficam   madrugadas inteiras vendo filmes pornográficos   exibidos pela TV, enquanto  pais cansados dormem profundamente. Enquanto que nas escolas, pouco é dado, pouco é cobrado. Se a escola cobrar muito o aluno vai embora.  Se a escola reprovar, alunos novos não chegarão e em uma inversão de valores, quem está errado são sempre os professores – são eles que são demitidos, pois quem paga as contas  e mantém a escola são os alunos. Agora o cassado são os professores,  que sofrem as violências  dentro das salas  e fora dela e,  em muitos casos,  até a diretora  apanha de alunos  e dos pais das crianças. Com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente – a meu ver um erro histórico – criou-se uma nova casta de bandidos: menores infratores, que  por erro de interpretação do judiciário, os tornou  impunes diante de inúmeros crimes perpetuados contra a sociedade e contra a vida das pessoas. O estatuto deveria ser interpretado como protetor de crianças e adolescente, mas não menores e crianças infratores.

Se antes, nunca uma criança  ou um adolescente saía sozinho de casa e muito menos a noite, agora saem livremente, muitos pernoitam fora de casa, muitos são bandidos que carregam mais de 15 mortes nas costas,   muitos são chefes de quadrilhas e grande maioria estão ligados ao tráfico  de drogas  e andam armados  assaltando e assassinando pessoas de bem.  Muitos possuem armas ilegais em casa e muitos andam armados dentro das escolas. Muitos traficam drogas e aliciam novos usuários  dentro das escolas – moram nos mesmo bairro – são vizinhos -  quem denunciar morre. Os professores fingem que não sabem e se falarem morrem também. Vigia durão, é vigia morto.

Criando um Mostro

A negligencia dos pais e a perda da liderança dentro de casa, aliado aos maus exemplos ensinados pela mídia, a impunidade, as péssimas companhias,  a violência domestica, a inversão de valores  morais, o insucesso profissional,  o uso de drogas,  a péssima qualidade do ensino e a maneira errada de como está sendo aplicado o ensino leva as crianças e jovens a se revoltarem e a modificarem a índole e o caráter – aos invés de serem  formados bons  cidadãos, são  transformados em  monstros.

Método Novo

Como método novo de educação pedagógica  partiremos do seguinte principio:

- a escola ensina;

- a criança precisa aprender dentro da escola;

- a criança precisa sair da escola sabendo algo novo;

- na metodologia,  bem diversificada,  são utilizados todos os meios que a mídia dispuser, como TVs, telões,  notbook, e celulares;

- o computador deve ser utilizado como diário escolar, como fonte de pesquisa, como  apresentador dos trabalhos escolares, como meio de comunicação e de exposição dos temas, como facilitador e como expositor de assuntos ligados ao tema.

- a grade curricular deverá ser melhorada – adaptada- encurtada-resumida e de fácil acompanhamento e interpretação.

- fim dos temas para casa. Aos finais de semana a criança e o adolescente ficarão com a família, interagindo com ela, passeando, viajando ou praticando algum esporte. Quando muito  deverá fazer a leitura de um texto ou dar sequencia  a leitura de um livro mensal importante para a educação e formação pessoal.

- o ensino deverá ser  ministrado  como fonte de informação, como forma de conhecimento, como forma de curiosidade e não imposto,  deve ser praticado, deve ser demonstrado,  exposto, debatido,  treinado  e não cobrado. Uma vez entendido, deve ser assimilado, uma vez assimilado o objetivo educacional estará alcançado.

- padronização das fontes de pesquisas: o livro adotado em um Estado deverá ser o mesmo  a ser adotado em outros Estados.

- a reforma e a modernização das escolas e o fim das mochilas escolares. Elas ficarão no interior dos armários dentro das escolas, com uma cópia das chaves com a secretaria que constantemente examinará esses armários a procura de armas e drogas.

- a porta giratória de entrada com detector de metais;

- câmeras  de segurança;

- melhoria das instalações;

- separação das salas em segmento masculino e feminino;

- adoção de uniformes;

- olimpíadas estudantis nas cidades – capitais e por fim uma grande olimpíada  em uma capital anual  ( o objetivo é a formação de atletas olímpicos); premiação e honra ao mérito aos vencedores;

- o ensino religioso;

- a  aula  cívica;

- musica; canto e a instrumentação; 

 Encerrando

Não se pode esquecer o acontecido com as crianças nos EUA. As autoridades policiais estão pesquisando as causas que motivaram a tragédia. Salta aos olhos alguns fatores que julgo relevantes para a elucidação dos motivos que levaram a tragédia:

- o assassinato da mãe por vários tiros;

- varias armas dentro de casa de propriedade da mãe que foi professora;

- a ira do assassino sobre a escola  onde a mãe era professora;

- a ira do assassino sobre as crianças inocentes;

- o suicídio;

Talvez quando ainda era criança  ele tenha sofrido pressões alem da conta, principalmente por parte da mãe  e, na escola da mesma forma, sendo pressionado, amedrontado e forçado a fazer aquilo que não queria, por isso se tornou um revoltado, desiludido da vida e fracassado moral, e ainda tendo presenciado como modelo vários crimes sociais que tornaram seus causadores  populares na mídia,  famosos por serem violentos e dessa forma possibilitou a entrada para a história,  embora  negativamente, creio que foi dessa maneira que esse mostro fora criado.

Acredito também que dentro de cada ser humano exista tudo de bom e tudo de ruim, e que ser anjo ou  ser demônio  é só uma questão de opinião, de gosto e de conseqüências, o que não se entende e arrastar na tragédia seres inocentes que não fizeram nada, ou se fizeram, ainda não sabemos - ainda nos falta um conhecimento profundo,  didático, cientifico,  acadêmico - que ainda não foi escrito – que possa explicar e justificar  um crime horroroso -  hediondo -  pavoroso – abominável  - imperdoável  - desse porte.

Enviado pelo capitão Alfredo Bonessi


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