Por: Capitão Alfredo Bonessi - Colaborador do blog do Mendes e Mendes

Crime dentro
da escola nos EUA
Não é
concebível que alguém na face da terra não tenha sentido dor, pesar, indignação
pelo crime acontecido dentro de uma escola nos EUA. Mas nós sabemos que sim. Em
algum canto do mundo tem alguém indiferente a essa tragédia. Não sabemos
quantas pessoas são e nem em que país reside, mas sabemos que essas pessoas
existem em nosso meio. Essa brutalidade contra crianças sempre existiu na
sociedade e quantas delas foram forçadas a servirem de repasto para sacerdotes
de diversas religiões e quantas delas foram mortas dentro das masmorras da
inquisição religiosa.
Pouca gente se
atreveu a escrever sobre esse acontecido nos EUA – é porque o mundo está
chocado – estático – horrorizado – abismado – sem compreender a causa de tudo
isso e não há uma explicação lógica para que pessoas inocentes –
indefesas – anjos, sejam levadas a morte de uma maneira tão cruel e sem terem
feito nada que o motive.
Existem
culpados ? – sim, existem !
Existem
responsáveis ? - sim, existem !
O fato poderia
ter sido evitado ? – sim, poderia !
Se eu escrevo
isso – então eu tenho que justificar e provar aquilo que afirmo.
A forma
de ensinar no mundo precisa mudar
A forma de
ensino no mundo já está ultrapassada e precisa mudar, se adaptar a nova
realidade social.
O modelo que
temos para os dias de hoje é um modelo da década de 60 – surgido logo após o
modelo antigo e violento que impunha castigos físicos aos alunos, como o uso da
palmatória pelos professores e os grão de milho debaixo dos joelhos de
determinadas crianças. Eu, por exemplo, levei uma paulada na cabeça dado pela
professora de musica, quando num lapso temporal, me desliguei do canto do
Hino da Independência que cantávamos em uma sala apertada, com
capacidade para 15 crianças – a vara de madeira que a professora tinha nãos
mãos alcançava a cabeça do ultimo aluno do fundo da saleta – era eu - foi
aí que eu levei a paulada.
O regime
escolar nas escolas até 1960 era um regime de terror: cumprimento rigoroso de
horários de entrada e saída; esmero nos uniformes – nossos
uniformes eram engomados e passados, impecavelmente limpos,
sapatos brilhando e gravata preta.
Os professores
eram maduros, grisalhos, sérios, carrancudos, falavam com grande energia
e não permitiam intimidades. Qualquer deslize o aluno ia para a secretaria e
chegando lá a vontade que se tinha era sumir do mundo – ninguém tinha
pena do aluno infrator e ele era cobrado até as ultimas conseqüências
de seu ato insano – moralmente ele ficava marcado por meses, até anos e a
partir daí ficava vigiado por todos aquelas pessoas encarregadas da vigilância
e da segurança da escola. Os professores ficavam sabendo do
ocorrido e a correção das provas era realizada com o maior rigor
possível. Muitos alunos eram reprovados por décimos, até
centésimos - perdiam o ano por causa de um gracejo, de uma brincadeira
dentro da sala de aula. A solução era mudar de escola ou aguardar
ser expulso. Se fosse expulso não conseguia vaga em local nenhum – ia por fim
estudar em uma escola de baixo nível e entrar no cacete por lá.
Mas a tortura
física e moral não ficava somente por parte da escola. Em casa as coisas
pioravam muito depois das surras dadas pela mãe, pelo pai e até pelos
irmãos mais velhos. Os serviços mais pesados eram dados aqueles filhos
que foram alunos arteiros e que envergonharam a família. Até a igreja se metia
nesses casos quando o fato chegava aos ouvidos do padre, do pastor e até
mesmo do policial vizinho, que passava um bom conselho ao jovem ou
criança infratora. Resumindo, por mais imperativa que fosse a
criança, ela jamais se recuperava de uma reprimenda desse porte e carregava as
lembranças do castigo moral para o resto de seus dias. Dificilmente
voltaria a errar. As vezes abandonava a escola de vez e se jogava no
trabalho duro pelo resto de seus dias.
Novos tempos
A escola, que
ficava a alguns quarteirões das casas dos alunos, aos poucos foi se distanciando.
As crianças, que saiam na hora da entrada dos colégios, agora precisavam
acordar mais cedo e andar a pé por horas a fio e, às vezes, por
debaixo de intempéries. Os professores grisalhos se foram e professores
mais novos ficaram em seus lugares. São mais alegres, sorridentes, mais
íntimos e contam piadas nas salas de aula. Os alunos estão mais soltos,
também interrompem as aulas para comentarem algum fato curioso acontecido no
final de semana. O clima é ameno no interior da sala de aula e não há mais
castigos físicos e morais infringidos aos alunos inquietos. Dificilmente
a direção da escola fica sabendo de uma arte acontecida no interior das
salas – os professores acomodam as coisas por lá mesmo. Ainda há a cobrança
pelo aprendizado e grande parte dos alunos ficam em segunda época e uma minoria
é reprovada. Não há mais uma cobrança rigorosa sobre as condições dos uniformes
– alguns alunos vem com peças faltando que são substituídas por
peças comum de vestuário.
Apelidos,
pegadinhas entre alunos é resolvido na saída da escola e no braço – ninguém se
intromete.
A escola
percebe que o aprendizado está decaindo e difunde uma nova idéia: os pais
precisam participar do ensino da criança e criam a trilogia: escola –
família - aluno.
O que não é
ensinado com ênfase nas escolas agora é ensinado dentro das casas e
as crianças possuem como mestras as mães. Elas são mais
rigorosas que as professoras, cobram mais, se dedicam mais e utilizam um
recurso já abolido dentro das salas de aula: a surra. Muitas mães perdem a
paciência com seus filhos e apelam para a violência a ponto
de esbofetear seus filhos e deixá-los de castigo se não fizerem a lição.
Na escola, a professora passa de orientadora para fiscalizadora dos ensinos
ministrados pelos pais e muitos deles são chamados as escolas para terem
ciência dos resultados escolares dos seus filhos. A coisa arrocha mais em
casa e a vida familiar vira um inferno para essas crianças. Mas o ensino
ainda prospera para a maioria de jovens e crianças. As crianças são levadas e
buscadas de carro pelos pais atarefados.
Surge
dois fatos novos na sociedade que influirá decisivamente no ensino das
crianças nas escolas. Surge o áudio visual, e o radio é substituído
pela TV. No começo uma só TV ficava na sala das casas a comando dos pais – eles
ligavam e desligavam a TV nas horas certas. As mães, professoras do
lar, tiveram que sair e trabalhar fora e as crianças ficaram as
soltas dentro de casa, dependuradas ao telefone e na frente das TVs, muitas
delas por conta das empregadas domesticas. Restou para as escolas
acomodar a qualidade do ensino para jovens e crianças diante dessas novas
realidades.
O presente
aqui e agora
Há uma troca
no ensino aprendizado. As crianças deixam de serem assistidas por
professores experientes passam as mãos de professores jovens, alguns são
solteiros e sem experiência nenhuma com o trato com crianças. São mal
remunerados e desmotivados para o ensino. A maioria carrega como bagagem
cultural problemas sociais profundos como morarem em favelas,
carência afetiva, carência material e muitas vezes carência
moral. Muitos foram mal criados, mal educados e sofreram abusos dentro de casa.
A maioria desses professores ficam a mercê das crianças, gritam, falam, mas
não conseguem se fazer entender por elas. Não possuem um professor
auxiliar e muitos deles estão em salas com mais de 45 alunos. O
conteúdo aplicado é bem inferior a capacidade intelectual do aluno, que é
bem vivido e muito bem informado pelos péssimos programas apresentados
pela TV, que ensinam de tudo, desde assaltos a banco, seqüestro e sexo. Grande
maioria dessas crianças ficam madrugadas inteiras vendo filmes
pornográficos exibidos pela TV, enquanto pais cansados dormem
profundamente. Enquanto que nas escolas, pouco é dado, pouco é cobrado. Se a
escola cobrar muito o aluno vai embora. Se a escola reprovar, alunos
novos não chegarão e em uma inversão de valores, quem está errado são sempre os
professores – são eles que são demitidos, pois quem paga as contas e
mantém a escola são os alunos. Agora o cassado são os professores, que
sofrem as violências dentro das salas e fora dela e, em
muitos casos, até a diretora apanha de alunos e dos pais das
crianças. Com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente – a meu ver um
erro histórico – criou-se uma nova casta de bandidos: menores infratores, que
por erro de interpretação do judiciário, os tornou impunes diante
de inúmeros crimes perpetuados contra a sociedade e contra a vida das pessoas.
O estatuto deveria ser interpretado como protetor de crianças e adolescente,
mas não menores e crianças infratores.
Se antes,
nunca uma criança ou um adolescente saía sozinho de casa e muito menos a
noite, agora saem livremente, muitos pernoitam fora de casa, muitos são
bandidos que carregam mais de 15 mortes nas costas, muitos são
chefes de quadrilhas e grande maioria estão ligados ao tráfico de
drogas e andam armados assaltando e assassinando pessoas de bem.
Muitos possuem armas ilegais em casa e muitos andam armados dentro das escolas.
Muitos traficam drogas e aliciam novos usuários dentro das escolas –
moram nos mesmo bairro – são vizinhos - quem denunciar morre. Os
professores fingem que não sabem e se falarem morrem também. Vigia durão, é
vigia morto.
Criando um
Mostro
A negligencia
dos pais e a perda da liderança dentro de casa, aliado aos maus exemplos
ensinados pela mídia, a impunidade, as péssimas companhias, a violência
domestica, a inversão de valores morais, o insucesso profissional,
o uso de drogas, a péssima qualidade do ensino e a maneira errada de como
está sendo aplicado o ensino leva as crianças e jovens a se revoltarem e a
modificarem a índole e o caráter – aos invés de serem formados bons
cidadãos, são transformados em monstros.
Método Novo
Como método
novo de educação pedagógica partiremos do seguinte principio:
- a escola
ensina;
- a criança
precisa aprender dentro da escola;
- a criança
precisa sair da escola sabendo algo novo;
- na
metodologia, bem diversificada, são utilizados todos os meios que a
mídia dispuser, como TVs, telões, notbook, e celulares;
- o computador
deve ser utilizado como diário escolar, como fonte de pesquisa, como
apresentador dos trabalhos escolares, como meio de comunicação e de exposição
dos temas, como facilitador e como expositor de assuntos ligados ao tema.
- a grade
curricular deverá ser melhorada – adaptada- encurtada-resumida e de fácil
acompanhamento e interpretação.
- fim dos temas
para casa. Aos finais de semana a criança e o adolescente ficarão com a
família, interagindo com ela, passeando, viajando ou praticando algum esporte.
Quando muito deverá fazer a leitura de um texto ou dar sequencia a
leitura de um livro mensal importante para a educação e formação pessoal.
- o ensino
deverá ser ministrado como fonte de informação, como forma de
conhecimento, como forma de curiosidade e não imposto, deve ser
praticado, deve ser demonstrado, exposto, debatido, treinado
e não cobrado. Uma vez entendido, deve ser assimilado, uma vez assimilado o
objetivo educacional estará alcançado.
- padronização
das fontes de pesquisas: o livro adotado em um Estado deverá ser o mesmo
a ser adotado em outros Estados.
- a reforma e
a modernização das escolas e o fim das mochilas escolares. Elas ficarão no
interior dos armários dentro das escolas, com uma cópia das chaves com a
secretaria que constantemente examinará esses armários a procura de armas e
drogas.
- a porta
giratória de entrada com detector de metais;
-
câmeras de segurança;
- melhoria das
instalações;
- separação
das salas em segmento masculino e feminino;
- adoção de
uniformes;
- olimpíadas
estudantis nas cidades – capitais e por fim uma grande olimpíada em uma
capital anual ( o objetivo é a formação de atletas olímpicos); premiação
e honra ao mérito aos vencedores;
- o ensino
religioso;
- a
aula cívica;
- musica;
canto e a instrumentação;
Encerrando
Não se
pode esquecer o acontecido com as crianças nos EUA. As autoridades policiais
estão pesquisando as causas que motivaram a tragédia. Salta aos olhos alguns
fatores que julgo relevantes para a elucidação dos motivos que levaram a
tragédia:
- o
assassinato da mãe por vários tiros;
- varias armas
dentro de casa de propriedade da mãe que foi professora;
- a ira do
assassino sobre a escola onde a mãe era professora;
- a ira do
assassino sobre as crianças inocentes;
- o suicídio;
Talvez quando
ainda era criança ele tenha sofrido pressões alem da conta,
principalmente por parte da mãe e, na escola da mesma forma, sendo
pressionado, amedrontado e forçado a fazer aquilo que não queria, por isso se
tornou um revoltado, desiludido da vida e fracassado moral, e ainda tendo presenciado
como modelo vários crimes sociais que tornaram seus causadores populares
na mídia, famosos por serem violentos e dessa forma possibilitou a
entrada para a história, embora negativamente, creio que foi dessa
maneira que esse mostro fora criado.
Acredito
também que dentro de cada ser humano exista tudo de bom e tudo de ruim, e que
ser anjo ou ser demônio é só uma questão de opinião, de gosto e de
conseqüências, o que não se entende e arrastar na tragédia seres inocentes que
não fizeram nada, ou se fizeram, ainda não sabemos - ainda nos falta um
conhecimento profundo, didático, cientifico, acadêmico - que ainda
não foi escrito – que possa explicar e justificar um crime horroroso
- hediondo - pavoroso – abominável - imperdoável -
desse porte.
Enviado pelo capitão Alfredo Bonessi
Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:
http://blogdomendesemendes.blgspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário