Por: Clerisvaldo B.
Chagas, 13 de novembro de 2012. Crônica Nº 906

ASSUMINDO O LUGAR
Esses movimentos
religiosos com seus cantos alegres e tristes, de início de novembro, levam-me a
lembrar de duas pessoas da minha infância. É interessante para o pesquisador
encontrar em vários recantos desse Nordeste, gente que se destaca nas
comunidades, de uma forma ou de outra. Era assim que se sobressaía Dona Maria
Néris, no povoado Pedrão (é) nos cânticos do Ofício de Nossa Senhora. Povoado
da, então, vila de Olho d’Água das Flores, o Pedrão não dispunha de padre
permanente. Mas o sentimento católico dos seus líderes, entre eles, minha tia
Delídia, fazia puxar o terço todas às noites na bela igreja branca daquele povoado.
Outras vezes era o ofício de Nossa Senhora, quando a voz estridente e
inconfundível de Dona Maria Néris, cobria as outras vozes na homenagem segura à
Virgem Mãe de Jesus. Eram de arrepiar as estrofes que doíam nos ossos dos
meninos. Dona Maria costurava enquanto o marido Antonio exercia a profissão de
marceneiro, mais um seguidor de São José. Mais tarde o casal mudou-se para
Santana do Ipanema, indo morar quase defronte a minha casa.
Vez em quando
eu subia a calçada alta para brincar com seu filho Antonio, o qual apelidamos
de “Tonho Bié”. Dona Maria Néris havia intensificado suas ações de costura e
Seu Antonio não parava o serrote na madeira. Tornaram-se pessoas queridas e
apreciadas na Rua Antonio Tavares. O senhor Antonio era alto, magro e atlético,
homem que não media esforços em prestar seus serviços a quem o procurasse. Dona
Maria Néris, sempre que encontrava oportunidades, continuava desempenhando o
seu papel de católica, emprestando a sua voz. Lembro bem da sua filha Sônia que
terminou casando com um rapaz de Santana. “Tonho Bié”, quando adversário de
jogo de bola, no meio da rua ou nas areias do Ipanema irritava pela eficiência
da sua defesa chutando de “paêta”. Já mais velho, Bié, tornou-se “rato” nas
sinucas do Salão de Zé Galego. Ainda hoje estão as casas onde habitaram muitos
personagens que abrilhantaram a rua da minha juventude. Várias estão em estado
lastimável, guardando os segredos de uma dinâmica temporal.
O motivo desse
trabalho foi mais por Seu Antonio, marceneiro, ter passado no meu sonho de
ontem. Encerro meus escritos fazendo essa homenagem com a frase que citei no
final do sonho, em relação a ele e ao também carpinteiro pai de Jesus: “Quando
São José deixa a oficina, Seu Antonio vai ASSUMINDO O LUGAR”.
CLERISVALDO
B. CHAGAS – AUTOBIOGRAFIA
ROMANCISTA
– CRONISTA – HISTORIADOR - POETA
Clerisvaldo
Braga das Chagas nasceu no dia 2 de dezembro de 1946, à Rua Benedito Melo ( Rua
Nova) s/n, em Santana do Ipanema, Alagoas. Logo cedo se mudou para a Rua do
Sebo (depois Cleto Campelo) e atual Antonio Tavares, nº 238, onde passou toda a
sua vida de solteiro. Filho do comerciante Manoel Celestino das Chagas e da
professora Helena Braga das Chagas, foi o segundo de uma plêiade de mais nove
irmãos (eram cinco homens e cinco mulheres). Clerisvaldo fez o Fundamental
menor (antigo Primário), no Grupo Escolar Padre Francisco Correia e, o
Fundamental maior (antigo Ginasial), no Ginásio Santana, encerrando essa fase
em 1966.Prosseguindo seus estudos, Chagas mudou-se para Maceió onde estudou o
Curso Médio, então, Científico, no Colégio Guido de Fontgalland, terminando os
dois últimos anos no Colégio Moreira e Silva, ambos no Farol Concluído o Curso
Médio, Clerisvaldo retornou a Santana do Ipanema e foi tentar a vida na capital
paulista. Retornou novamente a sua terra onde foi pesquisador do IBGE –
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Casou em 30 de março de 1974
com a professora Irene Ferreira da Costa, tendo nascido dessa união, duas
filhas: Clerine e Clerise. Chagas iniciou o curso de Geografia na Faculdade de
Formação de Professores de Arapiraca e concluiu sua Licenciatura Plena na AESA
- Faculdade de Formação de Professores de Arcoverde, em Pernambuco (1991). Fez
Especialização em Geo-História pelo CESMAC – Centro de Estudos Superiores de
Maceió (2003). Nesse período de estudos, além do IBGE, lecionou Ciências e
Geografia no Ginásio Santana, Colégio Santo Tomaz de Aquino e Colégio Instituto
Sagrada Família. Aprovado em 1º lugar em concurso público, deixou o IBGE e
passou a lecionar no, então, Colégio Estadual Deraldo Campos (atual Escola
Estadual Prof. Mileno Ferreira da Silva). Clerisvaldo ainda voltou a ser
aprovado também em mais dois concursos públicos em 1º e 2º lugares. Lecionou em
várias escolas tendo a Geografia como base. Também ensinou História,
Sociologia, Filosofia, Biologia, Arte e Ciências. Contribuiu com o seu saber em
vários outros estabelecimentos de ensino, além dos mencionados acima como as
escolas: Ormindo Barros, Lions, Aloísio Ernande Brandão, Helena Braga das
Chagas, São Cristóvão e Ismael Fernandes de Oliveira. Na cidade de Ouro Branco
lecionou na Escola Rui Palmeira — onde foi vice-diretor e membro fundador — e
ainda na cidade de Olho d’Água das Flores, no Colégio Mestre e Rei.
Sua
vida social tem sido intensa e fecunda. Foi membro fundador do 4º teatro
de Santana (Teatro de Amadores Augusto Almeida); membro fundador de escolas em
Santana, Carneiros, Dois Riachos e Ouro Branco. Foi cronista da Rádio Correio
do Sertão (Crônica do Meio-Dia); Venerável por duas vezes da Loja Maçônica Amor
à Verdade; 1º presidente regional do SINTEAL (antiga APAL), núcleo da região de
Santana; membro fundador da ACALA - Academia Arapiraquense de Letras e Artes;
criador do programa na Rádio Cidade: Santana, Terra da Gente; redator do diário Jornal
do Sertão(encarte do Jornal de Alagoas); 1º diretor eleito da Escola Estadual
Prof. Mileno Ferreira da Silva; membro fundador da Academia Interiorana de
Letras de Alagoas – ACILAL.
Em sua trajetória, Clerisvaldo Braga das Chagas, adotou o nome artístico Clerisvaldo B. Chagas, em homenagem ao escritor de Palmeira dos Índios, Alagoas, Luís B. Torres, o primeiro escritor a reconhecer o seu trabalho. Pela ordem, são obras do autor que se caracteriza como romancista: Ribeira do Panema (romance - 1977); Geografia de Santana do Ipanema (didático – 1978); Carnaval do Lobisomem (conto – 1979); Defunto Perfumado (romance – 1982); O Coice do Bode (humor maçônico – 1983); Floro Novais, Herói ou Bandido? (documentário romanceado – 1985); A Igrejinha das Tocaias (episódio histórico em versos – 1992); Sertão Brabo CD (10 poemas engraçados).
Até setembro
de 2009, o autor tentava publicar as seguintes obras inéditas: Ipanema, um
Rio Macho (paradidático); Deuses de Mandacaru (romance); Fazenda
Lajeado (romance); O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de
Santana do Ipanema(história); Colibris do Camoxinga - poesia selvagem (poesia).
Atualmente
(2009), o escritor romancista Clerisvaldo B. Chagas também escreve crônicas
diariamente para o seu Blog no portal sertanejo Santana Oxente,
onde estão detalhes biográficos e apresentações do seu trabalho.
(Clerisvaldo
B. Chagas – Autobiografia)
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com.br
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