Por: Adinalzir Pereira Lamego
Por sugestão
do Prof. Victor Hugo Abreu, do curso de pós-graduação da FEUC. Coloco aqui
essa entrevista, de autoria de João
Marcos Coelho, publicada em 24 de setembro de 2003, que faz parte da edição
de aniversário dos 35 anos da Revista Veja. Nela o autor procura explicar
as observações e as conclusões de Sérgio
Buarque de Holanda, nascido em São Paulo em 11 de julho de 1902 e falecido
em 1982, baseado na análise da História. Autor de uma obra colossal, que
procura dar conta da tradição colonial brasileira, do surgimento da ideia de
nação durante o Império, e da modernização do país a partir da
República. Sérgio Buarque de Holanda é considerado até hoje um dos
mais eminentes intelectuais brasileiros do século XX e juntamente com
Gilberto Freire e Caio Prado Júnior, não podemos negar que foi um dos
"grandes explicadores do Brasil", isto é, alguém que, por meio
de uma obra extremamente importante, procurou tornar o país mais inteligível
aos próprios brasileiros.
Segundo o
Prof. Victor essa entrevista é fundamental para se discutir as questões do
Primeiro Reinado nas suas aulas. Já que é muito importante se fazer essa
análise.
Entrevista:
Sérgio Buarque de Holanda
A caminho dos
74 anos, que completará em julho, Sérgio Buarque de Holanda é, ao mesmo tempo,
um impecável historiador e um fascinante contador de histórias. Grande
viajante, entremeia reflexões sobre o exercício da História com finas
observações do tipo: "Me diverti muito quando estive na Grécia. Lá, os
carregadores de bagagens são chamados metaphoras, e os que esperam na fila do
ônibus estão em ekstasis. É agradável, mas também chocante, você se deparar de
repente com as palavras sendo utilizadas em seu sentido rigoroso, não é?
Seu primeiro
livro, "Raízes do Brasil" (1936), forma, junto com "Casa-Grande
& Senzala", de Gilberto Freyre, e "Formação do Brasil
Contemporâneo", de Caio Prado Jr., o grande tripé básico da cultura
brasileira no século XX. Começou a lecionar na Universidade do Distrito Federal,
transferindo-se em 1938 para o Instituto Nacional do Livro. Dez anos depois
passou a ocupar a cadeira de História Econômica do Brasil na Escola de
Sociologia e Política de São Paulo. A partir de 1956, assumiu o posto de
catedrático de História da Civilização na Universidade de São Paulo. Pronunciou
conferências e deu cursos nos Estados Unidos, França, Itália, Suíça e Chile.
Entre as universidades americanas, lecionou em Colúmbia, Harvard, Califórnia,
Indiana, Yale e na New York State University.
Desde 1960
dirige a "História Geral da Civilização Brasileira", já em seu sétimo
volume publicado: "Do Império à República". Embora negue predileção
pelo período do Segundo Reinado, Sérgio diz que "basicamente a coleção é
um trabalho de equipe, mas este volume é apenas meu. Eu ia fazer apenas uma
resenha do aspecto político do Império, mas ela acabou virando um livro,
publicado como último tomo do século XIX. Um pouco cansado com o trabalho de
coordenar uma coleção desse porte, pedi um sucessor para a parte da República.
E Bóris Fausto foi o escolhido". Contudo, ainda este ano Sérgio pretende
publicar uma nova versão de "Do Império à República",
consideravelmente ampliada.
Confortavelmente
sentado em uma poltrona, numa das salas - todas literalmente atulhadas de
livros - de sua casa normanda no bairro do Pacaembu, em São Paulo, Sérgio (ou o
"pai do Chico Buarque", como adora ser chamado) falou sobre a
História. E também contou muitas outras.
VEJA - O que o
senhor modificaria, hoje, em seu livro "Raízes do Brasil", escrito na
década de 30?
SÉRGIO BUARQUE
- Muita coisa. Eu escrevi dois de seus capítulos na Alemanha, quando lá morei,
entre 1928 e 1931. A idéia básica era a de que nunca houve democracia no
Brasil, e de que necessitávamos de uma revolução vertical, que realmente
implicasse a participação das camadas populares. Nunca uma revolução de
superfície, como foram todas na História do Brasil, mas uma que mexesse mesmo
com toda a estrutura social e política vigente.
VEJA - E a
ideologia brasileira do homem cordial, que vem da passagem do século e o senhor
de certa forma adota, ainda valeria?
SÉRGIO BUARQUE
- Critica-se muito, mas poucos entenderam o verdadeiro sentido da expressão
homem cordial. Quando falo cordial, não é no sentido de "cordiais
saudações", como Cassiano Ricardo o fez. A cordialidade com que
caracterizei o brasileiro pode ocorrer mesmo em situações de confronto, fatos
comuns em nossa história. Nesse sentido, ela tem sido incruenta. Tem havido
muita discussão, recentemente, a respeito da História do Brasil, se ela é
cruenta ou incruenta. Considero esse debate bizantino. É inegável, porém, que a
independência, a proclamação da República e mesmo as revoluções de 1930 e 1964
se fizeram sem derramamento de sangue. Portanto, a cordialidade continua valendo
para a nossa História.
VEJA - O que o
levou a tentar explicar globalmente o caráter nacional brasileiro?
SÉRGIO BUARQUE
- Hoje, eu não me aventuraria mais a tentar uma empreitada dessa espécie.
Simplesmente porque os tempos são outros. Eu estava muito influenciado pelo
sociólogo alemão Max Weber. Aliás, foi naquela mesma década de 30 que surgiram
outras obras brasileiras cuja característica também era a de tentar a grande
síntese: "Casa Grande & Senzala", "Formação do Brasil Contemporâneo".
Há pouco tempo uma editora francesa, a Gallimard, me propôs a tradução de
"Raízes do Brasil". Pediram-me também um ensaio, que seria publicado
na edição francesa, atualizando minhas idéias. Tentei, mas acabei desistindo. O
livro está superado e plenamente datado. Minhas preocupações eram outras. Não
tem sentido reescrever eternamente uma mesma obra.
VEJA - Quando
o senhor afirma que no Brasil nunca houve democracia, isso talvez signifique
que, num certo sentido, as massas populares jamais participaram do jogo político
nacional?
SÉRGIO BUARQUE
- Claro. No Brasil, sempre foi uma camada miúda e muito exígua que decidiu. O
povo sempre está inteiramente fora disso. As lutas, ou mudanças, são executadas
por essa elite e em benefício dela, é óbvio. A grande massa navega adormecida,
num estado letárgico, mas em certos momentos, de repente, pode irromper
brutalmente.
VEJA - Em
quais momentos esse despertar teria ocorrido?
SÉRGIO BUARQUE
- Até agora, todas as revoluções dentro da História do Brasil foram de elites,
civis ou militares, mas sempre elites. E, quando a questão se restringe a
querelas elitistas, o processo caminha como numa briga de família: aparece um
primo, um tio, ou um amigo da família com bom relacionamento com ambas as
partes capaz de contornar diplomaticamente o confronto direto. E é exatamente
no conchavo que pode surgir a figura do homem cordial. Por isso a democracia,
que nasceu aqui num mal-entendido, percorreu em nossa História um caminho
inusitado. Ou seja, foi murchando aos poucos.
VEJA - Como se
deu esse esvaziamento?
SÉRGIO BUARQUE
- Pela Constituição de 1824, somente os escravos (porque dependiam do senhor),
os religiosos em regime claustral, as mulheres e os menores não votavam. Ela
permitia o voto dos analfabetos, dos libertos. O censo pecuniário (mínimo de
renda mensal para poder votar) era de 100 mil-réis - esta quantia, só os
indigentes não conseguiam obter. Era uma Constituição relativamente
democrática. Em 1846, houve uma reforma, mas só para aumentar a renda mínima,
devido à desvalorização da moeda, de 100 para 200 mil-réis. Havia duas espécies
de participantes do processo eleitoral: os votantes, que tinham o direito de
escolher os eleitores; e estes, que, por sua vez, elegiam os deputados e
senadores. Os primeiros constituíam toda a massa ativa da população, mal ou bem
participando realmente do jogo político. Na década de 70, em pleno Segundo
Reinado, os partidos Liberal e Conservador se uniram para lutar por eleições
totalmente diretas. Com a passagem dos votantes, grande maioria da população,
para a condição de eleitores, entretanto, a democracia sofreu um golpe, pois a
renda mínima foi muito aumentada (400 mil-réis, sujeitos a comprovação), que
por sua vez era discutível. Isso alijou os antigos votantes e restringiu o
número de eleitores de 1,5 milhão para pouco menos de 300 000. Tanto é que um
estudo, coordenado por Santana Nery, publicado em Paris, em 1889, afirmava:
"O Brasil é o país que tem menor número de votantes: apenas 1,5% da
população tem esse direito". Computando-se as habituais abstenções, não se
chegava a 1 %. Somente em 1930, quando a massa popular votava, subiu-se para
5%. Então, veio o freio da revolução, que sustou o processo eleitoral por algum
tempo.
VEJA - Seria
correto afirmar que no Brasil sempre se confundiram as palavras democracia e liberalismo?
SÉRGIO BUARQUE
- Evidente. O liberalismo pode perfeitamente sobreviver sem a prática da
democracia, e isso é o que sempre aconteceu no Brasil. O substantivo liberal
surgiu nas Cortes de Madrid, entendido como oposto ao servil, ou iliberal. Dicionarizado
em 1803, no Brasil ainda significava pessoa generosa, dadivosa. Em toda a
História do Brasil, porém, a palavra é freqüentemente usada como sinônimo de
concessão por parte das elites dominantes. O próprio dom Pedro I, quando
dissolveu a Assembléia Constituinte de 1823, afirmou que a Constituição que
outorgaria era duplicadamente mais liberal do que a elaborada pelos
constituintes. "Quero uma Constituição para o povo, não pelo povo",
chegou a dizer, deixando claro que apenas com sua permissão se podia praticar a
liberdade. Isso pairou idealmente em todo o Segundo Reinado, embora jamais
tenha existido na prática.
VEJA - Quer
dizer que a democracia sobreviveu no Brasil apenas quando era bom o humor das
elites dominantes?
SÉRGIO BUARQUE
- Sim. E alguns políticos mais lúcidos perceberam isso já no século passado.
Nabuco de Araújo, em 1869, dizia que nós tínhamos liberdade, ou liberalismo,
mas só nas capitais. No interior, quem resolvia era o capanga, o prefeito ou o
chefe de polícia. Em um discurso particularmente inflamado, chegou a afirmar
que "a liberdade existe para nós, homens de gravata lavada, e não para o
povo". Na época, usava-se uma gravata de seda ou linho, com colarinho
alto, com um nó triplo bastante saliente, colorindo o peito e forçando a pessoa
a uma posição sempre altiva. E a cor, obrigatoriamente branca. Com o calor do
Rio de Janeiro e sua situação urbanística (para chegar ao Senado, na antiga rua
do Areal, era preciso passar pelo Campo de Santana, onde haviam capim, brejos e
burro soltos), o consumo de gravatas diárias chegava a cinco ou seis. E
naturalmente era preciso ter dinheiro para manter esse enorme estoque. Outro
político contemporâneo de Nabuco de Araújo, Teófilo Otôni, cognominado o
"Tribuno Liberal", numa circular para seus eleitores mineiros, usou
expressão semelhante: "O que eu quero é a democracia de classe média, a
democracia de gravata lavada".
VEJA - Ao que
parece, eles só pensavam numa democracia higienicamente asseptizada.
SÉRGIO BUARQUE
- Na verdade, a palavra democracia era mal vista pelos liberais brasileiros no
começo do Império. Talvez devido a uma identificação com os ideais de
Robespierre, o que, os levava a associar democracia com anarquia. Quando ganhou
status, em meados do Império, a palavra já tinha perdido seu sentido original.
E passou a significar liberalismo. Aliás, outro bom exemplo é o de frei Caneca,
que em um de seus escritos afirmou: "É impossível viver com esta gentalha
composta de mulatos e mestiços", deixando entrever um nítido desprezo
pelas classes populares.
VEJA - E a
partir da República? Continuou o processo de esvaziamento da democracia?
SÉRGIO BUARQUE
- Sim. O período republicano se iniciou entre nós com uma vitória de Rui
Barbosa: o chamado censo literário, com que, finalmente, se barrou o acesso dos
analfabetos ao voto. Um dos argumentos constantes do grupo vitorioso era o de
que uma parte da população ainda não estava preparada para participar do jogo
democrático. Era preciso esperar o progresso, que naturalmente elevaria a massa
à condição de 'alfabetizada e, portanto, apta a votar. Esta, no fundo, é uma
idéia reacionária: não é preciso lutar, o progresso há de vir,
independentemente de nossa vontade. Mais de oitenta anos se passaram e nem com
o Mobral o problema foi resolvido. Aliás, José Bonifácio, "o Moço",
que adotou posição contrária à de Rui Barbosa (um seu ex-aluno a quem muito
respeitava) usava argumentos bastante convincentes: "Por que os
analfabetos não podem votar? Amanhã vão dizer que os surdos também não podem,
depois os mudos, e depois ainda só votarão as pessoas formadas em
universidades: depois os epilépticos, conhecidos ou desconhecidos". Em
seguida, dirigiu-se ao governo: "Eu sou a Democracia... fostes para as
alturas e eu fiquei. Não vos acuso.., neste país há lugar para todos. Pois bem,
deixai também lugar para mim".
VEJA - Como
encarar a história brasileira, de 1930 em diante?
SÉRGIO BUARQUE
- Certamente como uma nova versão, modernizada, da democracia de gravata
lavada. Falar em democracia, hoje, todo o mundo fala. Inclusive os países
comunistas. Até durante o nazismo mais de 90% da população alemã votava. Claro
que pressionada e num jogo de cartas marcadas. Mas votava. A fachada da
democracia sempre está presente, inclusive nos regimes autoritários e
totalitários.
VEJA - Parecem
coexistir hoje dois grandes grupos de historiadores preocupados com o Brasil.
De um lado, os brasileiros, que, numa posição extremamente critica, procuram,
grosso modo, reconstituir o que chamam de história da dependência. E, de outro,
os chamados brazilianists, estrangeiros que têm dado preferência a certos temas
da nossa História, como por exemplo, a escravidão, o Estado Novo e os governos
da Revolução de 1964. Eles se completam, de alguma maneira?
SÉRGIO BUARQUE
- Primeiro, é preciso esclarecer que o interesse pelo Brasil não é novo. Na
década de 40, quando o presidente Roosevelt pôs em prática o que chamou de
política de boa vizinhança, houve muitas teses sobre o Brasil. Até eu fui
convidado a visitar os Estados Unidos para participar de um congresso sobre
estudos brasileiros, durante três meses. Em 1965, em nova ida aos EUA para dar
cursos, vivi como um nababo: me hospedei no Waldorf Astoria, um carro do ano
com motorista à disposição, tudo por conta do governo americano. Agora, porém,
essa nova vaga parece ter raízes mais profundas e duradouras. Os historiadores
Richard Morse, Thomas Skidmore (autor de "De Getúlio a Castello"),
Stanley Stein e Richard Graham me parecem os melhores. A explicação para a
escolha de determinados temas é relativamente fácil: a escravidão, por exemplo,
é um dos temas americanos permanentes. Quando ouviram comentários de que tinha
havido no Brasil o bom senhor, e escravos unidos - graças a um livro de Frank
Tannembaum, "Slave and Citizen", e a edição inglesa de "Casa
Grande & Senzala", de Gilberto Freyre -, rapidamente o assunto virou
moda. Já quanto aos temas contemporâneos, de Getúlio para cá, tive uma boa
resposta quando, na Universidade de Berkeley, Califórnia, fiz esta pergunta a
um brazilianist. Sua resposta: "Cuba". A posição do Brasil como país
estratégico, política e militarmente, tem se reforçado cada vez mais nos
últimos tempos e por isso é preciso, do ponto de vista americano, conhecê-lo
muito bem.
VEJA - Em que
consistiu a contribuição dos brazilianists para a historiografia brasileira?
SÉRGIO BUARQUE
- Existe um preconceito com relação aos historiadores americanos de que são
ingênuos e pouco teóricos. Isso não é muito correto mas tem um fundo de
verdade. Um amigo me contou que um dia encontrou um rapaz numa biblioteca
americana preparando uma tese sobre o Renascimento. Perguntou-lhe se ele já
tinha lido o celebérrimo livro de Jacob Burckhardt a respeito e obteve esta
resposta: "Ainda não cheguei lá. Estou nos autores cujos nomes começam por
A". Isso ilustra a capacidade de coleta de material deles, espantosa em
seu rigor e meticulosidade.
VEJA - Uma das
críticas que se fazem, não somente ao historiador mas ao intelectual brasileiro
em geral, é a de que ele tem a obsessão de ultrapassar rapidamente a realidade
empírica e partir para a ensaística, ou interpretação teórica, sem bases
sólidas.
SÉRGIO BUARQUE
- Concordo integralmente, e é por isso que eu jamais escreveria de novo
"Raízes do Brasil". Principalmente porque o livro ficou no nível do
ensaio. Não sou contra a ensaística ou a interpretação, mesmo hoje. Mas a
pesquisa deve ser rigorosa e exaustiva. Se não, o resultado são apenas
elucubrações, às vezes brilhantes, mas desvinculadas da realidade.
VEJA - De
qualquer modo, não há jeito de escapar da ideologia?
SÉRGIO BUARQUE
- Não. E é engraçado observar como diversas vezes, na História do Brasil,
pessoas mascararam suas verdadeiras posições em função do momento político.
Quando Dom Pedro I abdicou, devido a inúmeras pressões, no período
imediatamente seguinte - a Regência - os grupos dirigentes permaneceram unidos,
porque tinham pavor da volta dele ao poder. Somente depois de 1834, quando dom
Pedro morreu, é que se revelaram as verdadeiras posições. Tanto que os
conservadores fundaram seu partido em 1837, opondo-se aos moderados. O próprio
Gilberto Freyre, quando surgiu, era tido como altamente revolucionário apenas
porque usava palavrão, falava da vida sexual e era contra os jesuítas e a
maçonaria. Grande parte do clero se voltou, decididamente, contra ele e
contribuiu para forjar dele uma falsa imagem revolucionária.
VEJA - Os
historiadores brasileiros têm tentado detectar as ideologias que determinam os
fatos de nossa história e fazer uma revisão de tudo o que já foi dito?
SÉRGIO BUARQUE
- A revisão da História não tem que ser absolutamente um momento privilegiado.
Ela tem que ser feita a todo instante. A história não é prisão ao passado. Ela
é mudança, é movimento, é transformação. E por isso estamos irremediavelmente
presos a ideologias que na maioria das vezes são exóticas, pois não nasceram
aqui. A atual geração de historiadores considera que a ideologia representa um
pensamento falso. Mas eu pergunto: será possível assumir uma idéia que seja
válida? Cada um de nós tem, no fundo, uma certa ideologia, um certo conceito de
tempo. Para transcender isso, somente um gênio. E não devemos ficar eternamente
de braços cruzados à espera desse ser excepcional, devorador de ideologias, que
assumiria o ponto de vista da eternidade.
VEJA - Então,
fazer história é reescrevê-la perpetuamente?
SÉRGIO BUARQUE
- Eu diria, junto com Benedetto Croce, que toda história é história
contemporânea. Ou seja, nós sempre privilegiamos um aspecto em função de nossa
realidade. Por exemplo, quando Bismarck governava todo-poderoso a Alemanha, a
Escola Prussiana de História, ao estudar a Grécia antiga, privilegiou muito as
qualidades de Alexandre Magno, o homem forte que dominou toda aquela região por
um bom tempo. Tudo isso em função de Bismarck. Nós contamos a história a partir
da vivência cotidiana de nossos problemas, de nossa realidade. Os historiadores
sempre foram e serão presa fácil de seu tempo.
Extraído do blog do professor e pesquisador Adinalzir Pereira Lamego
http://saibahistoria.blogspot.com.br/
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http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Um comentário:
Prezado amigo
Sei que ando sumido do seu blog, mas pode deixar que estou reunindo alguns artigos selecionados que em breve irei postar. Agradeço pela postagem.
Um grande abraço!
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