Por: Clerisvaldo B. Chagas, Crônica Nº 893

JUVENTUDE COM
FUTURO
Fazia tempo
que eu não andava para os lados do povoado São Félix. Situado a 12 km de
Santana do Ipanema, AL, o lugar funciona como entreposto do maciço santanense.
Quando jovem, eu visitava, aos domingos a serra do Gugi, naquelas imediações,
indo e vindo a pé, para passar o dia no topo, principalmente em épocas de
mangas. Mas agora estava me dirigindo ao povoado, antes chamado Quixabeira
Amargosa. Nas primeiras horas da noite de ontem, o automóvel rodava pelo Bairro
São Vicente, Imburana do Bicho, serra da Camonga, Gravatá, até o destino. A
mesma estrada de terra de décadas e décadas atrás, esquelética e longa. É que a
antiga Quixabeira estava realizando uma programação cultural de três dias, em
sua escola municipal. Compareci para uma palestra sobre a história do povoado,
a convite da diretora e ex-aluna Lígia.
Nessa noite,
dedicada à poesia, ao cordel, conheci a organização e o empenho da unidade. A
escola havia sido dividida em compartimentos para suas atividades em favor da
Cultura. Ideias criativas dinamizavam os trabalhos dos professores, cuja
organização nada devia aos grandes estabelecimentos da cidade. Música,
palestras, produções literárias, cordel, repentes de violas e até pinturas em
tela, demonstravam o interesse dos corpos docente e discente. A homenagem ao
sanfoneiro Luiz Gonzaga estava ali exposta em cartaz. Lembrei-me de Cândido,
escritor e compositor daquela região, autor da música de sucesso nacional
“Carcará”, em parceria com João do Vale. Cândido era dali de perto, do sítio
Puxinanã e, representava muito bem essa juventude estudiosa do povoado São
Félix. Falei sobre os diversos gêneros literários, li crônica e poesias à
vontade. Matei um pouco as saudades daquelas bandas do Sertão, além de
constatar que a cultura pode retirar inúmeros jovens da ociosidade.
De volta,
enquanto os faróis do veículo furavam à noite, o motorista e músico, Paulo, ia
descrevendo suas aventuras pela Argentina, Colômbia e falando sobre Angola.
Abençoadas sejam a Educação e a Cultura, portas abertas também para o alunado
rural. Ontem, Quixabeira Amargosa, hoje, São Félix, promoção e tanta. Uma
JUVENTUDE COM FUTURO.
Autobiografia do autor:
Clerisvaldo
Braga das Chagas nasceu no dia 2 de dezembro de 1946, à Rua Benedito Melo ( Rua
Nova) s/n, em Santana do Ipanema, Alagoas. Logo cedo se mudou para a Rua do
Sebo (depois Cleto Campelo) e atual Antonio Tavares, nº 238, onde passou toda a
sua vida de solteiro. Filho do comerciante Manoel Celestino das Chagas e da
professora Helena Braga das Chagas, foi o segundo de uma plêiade de mais nove
irmãos (eram cinco homens e cinco mulheres). Clerisvaldo fez o Fundamental
menor (antigo Primário), no Grupo Escolar Padre Francisco Correia e, o
Fundamental maior (antigo Ginasial), no Ginásio Santana, encerrando essa fase
em 1966.Prosseguindo seus estudos, Chagas mudou-se para Maceió onde estudou o
Curso Médio, então, Científico, no Colégio Guido de Fontgalland, terminando os
dois últimos anos no Colégio Moreira e Silva, ambos no Farol Concluído o Curso
Médio, Clerisvaldo retornou a Santana do Ipanema e foi tentar a vida na capital
paulista. Retornou novamente a sua terra onde foi pesquisador do IBGE –
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Casou em 30 de março de 1974
com a professora Irene Ferreira da Costa, tendo nascido dessa união, duas
filhas: Clerine e Clerise. Chagas iniciou o curso de Geografia na Faculdade de
Formação de Professores de Arapiraca e concluiu sua Licenciatura Plena na AESA
- Faculdade de Formação de Professores de Arcoverde, em Pernambuco (1991). Fez
Especialização em Geo-História pelo CESMAC – Centro de Estudos Superiores de
Maceió (2003). Nesse período de estudos, além do IBGE, lecionou Ciências e
Geografia no Ginásio Santana, Colégio Santo Tomaz de Aquino e Colégio Instituto
Sagrada Família. Aprovado em 1º lugar em concurso público, deixou o IBGE e
passou a lecionar no, então, Colégio Estadual Deraldo Campos (atual Escola
Estadual Prof. Mileno Ferreira da Silva). Clerisvaldo ainda voltou a ser
aprovado também em mais dois concursos públicos em 1º e 2º lugares. Lecionou em
várias escolas tendo a Geografia como base. Também ensinou História,
Sociologia, Filosofia, Biologia, Arte e Ciências. Contribuiu com o seu saber em
vários outros estabelecimentos de ensino, além dos mencionados acima como as
escolas: Ormindo Barros, Lions, Aloísio Ernande Brandão, Helena Braga das
Chagas, São Cristóvão e Ismael Fernandes de Oliveira. Na cidade de Ouro Branco
lecionou na Escola Rui Palmeira — onde foi vice-diretor e membro fundador — e
ainda na cidade de Olho d’Água das Flores, no Colégio Mestre e Rei.
Sua
vida social tem sido intensa e fecunda. Foi membro fundador do 4º teatro
de Santana (Teatro de Amadores Augusto Almeida); membro fundador de escolas em
Santana, Carneiros, Dois Riachos e Ouro Branco. Foi cronista da Rádio Correio
do Sertão (Crônica do Meio-Dia); Venerável por duas vezes da Loja Maçônica Amor
à Verdade; 1º presidente regional do SINTEAL (antiga APAL), núcleo da região de
Santana; membro fundador da ACALA - Academia Arapiraquense de Letras e Artes;
criador do programa na Rádio Cidade: Santana, Terra da Gente; redator do diário Jornal
do Sertão(encarte do Jornal de Alagoas); 1º diretor eleito da Escola Estadual
Prof. Mileno Ferreira da Silva; membro fundador da Academia Interiorana de
Letras de Alagoas – ACILAL.
Em sua trajetória, Clerisvaldo Braga das Chagas, adotou o nome artístico Clerisvaldo B. Chagas, em homenagem ao escritor de Palmeira dos Índios, Alagoas, Luís B. Torres, o primeiro escritor a reconhecer o seu trabalho. Pela ordem, são obras do autor que se caracteriza como romancista: Ribeira do Panema (romance - 1977); Geografia de Santana do Ipanema (didático – 1978); Carnaval do Lobisomem (conto – 1979); Defunto Perfumado (romance – 1982); O Coice do Bode (humor maçônico – 1983); Floro Novais, Herói ou Bandido? (documentário romanceado – 1985); A Igrejinha das Tocaias (episódio histórico em versos – 1992); Sertão Brabo CD (10 poemas engraçados).
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