segunda-feira, 8 de outubro de 2012

DIA DE ELEIÇÃO

Por: Clerisvaldo B. Chagas, Crônica Nº 880

Clerisvaldo B. Chagas

DIA DE ELEIÇÃO

Logo cedo os mesários chegaram às sessões para um dia de trabalho diferente e cansativo. Os relógios mexem nos ponteiros que parecem tão ansiosos quanto os candidatos exaustos de uma campanha ferrenha. É o dia da prova dos nove. Lá no sertão o homem do campo diz que é a hora de mostrar “quem tem roupa na mochila”. Os transportes já se encontram em ações plenas, cortando fazendas, sítios e comunidades em busca do eleitor desconfiado. Muita gente nem dormiu tentando driblar a vigilância irredutível da Justiça, este ano. Os espertos trocaram as batidas malas pretas por outros depósitos mais leves e camuflados. Os olhares atentos dos que vendem disputam os horizontes dos caminhos, as baixadas desiguais, as veredas de bodes, os lombos dos lajeiros... Nas ruas pavimentadas rodam os carrões negros da polícia, o automóvel carimbado do juiz, as motos ligeiras dos que devem. Mostrando a festa da democracia, ganham às ruas os coloridos que alegram o pleito e ornamentam o todo. As praças estão apinhadas e os “santinhos” sem milagres forram a dureza dos paralelepípedos.

Mário Silva, prefeito eleito de Santana do Ipanema, AL. Foto: (sertão24horas).

Quando a lei endurece o povo cala. Povo calado é um perigo para o que botou a alma no fogo do chamego. Movimentam-se grupos de matutos; formam-se fila nas repartições; espumas descem pelos copázios desafiando a lei seca; e à tardinha vai encostando com o resultado nervoso das urnas eletrônicas. A contagem eficiente acelera o passo e os novos reis do dinheiro público vibram com a vitória. Os vencidos desparecem como ratos abandonando o navio. Os vitoriosos enchem as ruas de correligionários numa alegria sem par. Sons de campanha vibram noite adentro, misturados às latinhas que também irão alegrar os catadores da manhã. Os destronados somem. Somem por encanto furando a noite rumo às fazendas distantes ou às mansões recuadas das capitais. Pelegos apressados rasgam as propagandas dos carrões de luxo dos seus amos e a fila da elite continua a debandada. A cidade não dorme com a zoada imposta pela novidade recente.

A ressaca de hoje, segunda-feira bem chegada, vem trazendo sorriso novo para a vitória e poeira fina para a derrota. Acabamos de viver um espetáculo de democracia. Assim foi o nosso DIA DE ELEIÇÃO. 

Autobiografia

Clerisvaldo Braga das Chagas nasceu no dia 2 de dezembro de 1946, à Rua Benedito Melo ( Rua Nova) s/n, em Santana do Ipanema, Alagoas. Logo cedo se mudou para a Rua do Sebo (depois Cleto Campelo) e atual Antonio Tavares, nº 238, onde passou toda a sua vida de solteiro. Filho do comerciante Manoel Celestino das Chagas e da professora Helena Braga das Chagas, foi o segundo de uma plêiade de mais nove irmãos (eram cinco homens e cinco mulheres). Clerisvaldo fez o Fundamental menor (antigo Primário), no Grupo Escolar Padre Francisco Correia e, o Fundamental maior (antigo Ginasial), no Ginásio Santana, encerrando essa fase em 1966.Prosseguindo seus estudos, Chagas mudou-se para Maceió onde estudou o Curso Médio, então, Científico, no Colégio Guido de Fontgalland, terminando os dois últimos anos no Colégio Moreira e Silva, ambos no Farol Concluído o Curso Médio, Clerisvaldo retornou a Santana do Ipanema e foi tentar a vida na capital paulista. Retornou novamente a sua terra onde foi pesquisador do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Casou em 30 de março de 1974 com a professora Irene Ferreira da Costa, tendo nascido dessa união, duas filhas: Clerine e Clerise. Chagas iniciou o curso de Geografia na Faculdade de Formação de Professores de Arapiraca e concluiu sua Licenciatura Plena na AESA - Faculdade de Formação de Professores de Arcoverde, em Pernambuco (1991). Fez Especialização em Geo-História pelo CESMAC – Centro de Estudos Superiores de Maceió (2003). Nesse período de estudos, além do IBGE, lecionou Ciências e Geografia no Ginásio Santana, Colégio Santo Tomaz de Aquino e Colégio Instituto Sagrada Família. Aprovado em 1º lugar em concurso público, deixou o IBGE e passou a lecionar no, então, Colégio Estadual Deraldo Campos (atual Escola Estadual Prof. Mileno Ferreira da Silva). Clerisvaldo ainda voltou a ser aprovado também em mais dois concursos públicos em 1º e 2º lugares. Lecionou em várias escolas tendo a Geografia como base. Também ensinou História, Sociologia, Filosofia, Biologia, Arte e Ciências. Contribuiu com o seu saber em vários outros estabelecimentos de ensino, além dos mencionados acima como as escolas: Ormindo Barros, Lions, Aloísio Ernande Brandão, Helena Braga das Chagas, São Cristóvão e Ismael Fernandes de Oliveira. Na cidade de Ouro Branco lecionou na Escola Rui Palmeira — onde foi vice-diretor e membro fundador — e ainda na cidade de Olho d’Água das Flores, no Colégio Mestre e Rei.

  Sua vida social tem sido intensa e fecunda. Foi membro fundador do 4º  teatro de Santana (Teatro de Amadores Augusto Almeida); membro fundador de escolas em Santana, Carneiros, Dois Riachos e Ouro Branco. Foi cronista da Rádio Correio do Sertão (Crônica do Meio-Dia); Venerável por duas vezes da Loja Maçônica Amor à Verdade; 1º presidente regional do SINTEAL (antiga APAL), núcleo da região de Santana; membro fundador da ACALA - Academia Arapiraquense de Letras e Artes; criador do programa na Rádio Cidade: Santana, Terra da Gente; redator do diário Jornal do Sertão(encarte do Jornal de Alagoas); 1º diretor eleito da Escola Estadual Prof. Mileno Ferreira da Silva; membro fundador da Academia Interiorana de Letras de Alagoas – ACILAL.

Em sua trajetória, Clerisvaldo Braga das Chagas, adotou o nome artístico Clerisvaldo B. Chagas, em homenagem ao escritor de Palmeira dos Índios, Alagoas, Luís B. Torres, o primeiro escritor a reconhecer o seu trabalho. Pela ordem, são obras do autor que se caracteriza como romancista: Ribeira do Panema (romance - 1977); Geografia de Santana do Ipanema (didático – 1978); Carnaval do Lobisomem (conto – 1979); Defunto Perfumado (romance – 1982); O Coice do Bode (humor maçônico – 1983); Floro Novais, Herói ou Bandido? (documentário romanceado – 1985); A Igrejinha das Tocaias (episódio histórico em versos – 1992); Sertão Brabo CD (10 poemas engraçados).






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