Por José Romero
Araújo Cardoso [1]
Promovido pelo Parque Cultural “O Rei do Baião”, com apoio do Grupo União São
Francisco e do Caldeirão Político, houve enfoque, na versão do ano de 2015, no
concurso Lembrança do Ídolo, para o compositor, radialista e apresentador de
televisão Rosil de Assis Cavalcanti, autor de sucessos como Sebastiana,
Tropeiros da Borborema, Aquarela Nordestina, entre dezenas de outras
composições imortalizadas por artistas de renome como Marinês, Jackson do
Pandeiro, Elba Ramalho, Luiz Gonzaga e muitos outros que se destacam ou se
destacaram no cenário artístico-musical do País.
A região Norte teve seis (6) inscritos, perfazendo um total de 7.8%. A
região Nordeste teve dezoito (18) candidatos inscritos, totalizando 23.4%. O
Centro-Oeste participou com quatro (4) candidato, enfatizando percentual de
5.2%. O Sudeste foi a região brasileira que participou mais ativamente do
concurso Lembrança do ídolo com trinta e três (33) concorrentes, cujo
percentual foi de 42.8%, enquanto a região Sul contabilizou quatorze
candidatos, totalizando 18.2%.
Houve dois concorrentes de Portugal, totalizando 2.6%. Guilherme Amoroso Romão
(Romaan), de Lisboa, Portugal, com a crônica intitulada “ROSIL GOSTA DE BOLA” e
Maria da Graça F. de Araújo (Maria Melo), de Portugal, com a crônica intitulada
“ROSIL foam os concorrentes do Velho Mundo.
A crônica vencedora foi do Nordeste, intitulada “A ação implacável das secas em
Aquarela Nordestina”, cujo concorrente reside em Mossoró/RN.
Abaixo pode-se conferir tanto a íntegra da crônica vencedora como todos os
participantes do concurso Lembrança do Ídolo em sua versão 2015.
A ação
implacável das secas em Aquarela Nordestina
José Romero
Araújo Cardoso
Na História da Música Popular Nordestina há lugar de destaque para a abordagem
brilhante que Rosil de Assis Cavalcanti (Macaparana, 20 de
dezembro de 1915 – Campina Grande, 10 de julho de) enfatizou no que se refere
ao drama representado pelas secas no Nordeste Brasileiro, através de belíssima
canção regional intitulada Aquarela Nordestina, composta em parceria com Maria
das Neves Coura Cavalcanti.
Em 1958, Marinês e sua gente gravaram Aquarela Nordestina, seguidos por outros
geniais intérpretes, a exemplo de Luiz Gonzaga, registrada em 1989, ano de sua
morte em dois de agosto e Elba Ramalho, que a gravou em 1981, entre outros
artistas de renome.
Disputado programa radiofônico transmitido pela Rádio Borborema de Campina
Grande, comandado pelo Capitão Zé Lagoa, Rosil Cavalcanti em pessoa, contava
com presença marcantes de artistas regionais, incluindo os precursores da
gravação de um dos mais cultivados hinos nordestinos.
A estiagem que calcina a terra é invocada para cantar a paisagem da região
supliciada pela ação intransigente do vento aliseo nordeste que, em consonância
com a participação orográfica representada pelo Planalto da Borborema, em cuja
vertente sudeste nasceu Rosil Cavalcanti, em Macaparana (PE), assinalam
indelevelmente marca efetiva no quadro natural do nordeste seco.
Aquarela Nordestina desperta ideia de pertencimento, destacando aspectos
bastante familiares ao nordestino vítima das secas, pois ao longo dos primeiros
versos descreve com invulgar perfeição a situação de aflição que atinge
inexorável a fauna dependente de água para sobreviver.
A fauna e a flora eram indissociáveis no cotidiano do povo dos outrora sertões
esquecidos, quase apêndice da própria existência, tendo em vista a relação
direta com costumes e tradições decantadas no legado musical deixado por Rosil
Cavalcanti. Hoje a situação difere radicalmente, tendo em vista o esvaziamento
do campo e a confirmação de uma nova realidade.
Em Aquarela Nordestina, a intensidade das secas é registrada em razão que áreas
não tão afetadas pela ação inclemente das estiagens são registradas, como o
Brejo, região que em Pernambuco assinalou o nascimento do célebre compositor,
bem como o agreste.
O destaque florístico contido na música de que acauã no alto do pau ferro canta
forte dimensiona a intensidade da calamidade cíclica, pois o nome vulgar
atribuído a essa espécie vegetal é usado para várias árvores da Família
Fabaceae, da mata atlântica latifoliada semidecídua, sendo encontrada em áreas
de transição, como a que onde Rosil Cavalcanti veio ao mundo.
A seca, em Aquarela Nordestina, não se restringe ao nordeste semiárido. Em
diversos momentos da História Nordestina, como nos anos de 1877 e 1879, há
registros de que a seca extrapolou seus limites geográficos e se espraiou por
espaços privilegiados, levando inconformismo e desespero, efetivando-se
flagelos às desvalidas populações interioranas da grande região
Nordeste.
Patrimônio valiosíssimo da cultura de um povo forte e altivo, Aquarela
Nordestina ultrapassa gerações e não perde seu valor em razão que eternas
pérolas perpetuar-se-ão desafiando as brumas do tempo e as imposições de
modelos falsos de conduta que não respeitam a grandiosidade de culturas
forjadas na autenticidade.
Crônica
vencedora do concurso Lembrança do Ídolo – 2015 – Troféu Rosil Cavalcanti –
Promoção do Grupo União São Francisco e Caldeirão Político.
Concurso
Lembrança do Ídolo 2015 - Concorrentes
01 - Wesley
Moreira de Almeida, de Feira de Santana, Bahia, com a crônica: LEI DA VIDA PUNE
A MORTE.
02 - Valdete Krueger Martins, de Santa Maria de Jetibá, Espírito Santo, com a
crônica: NOS EMBALOS DA NOSTALGIA.
03 - Sílvio Eduardo Paro, de Santa Fé do Sul, São Paulo, com a crônica
"SOBRE A MORTE DE ROSIL CAVALCANTI".
04 - Diego de Toledo L. da Silva, de Limeira - SP, com a crônica: CABOCLA
ENIGMÁTICA.
05 - Roberth Marcel Fabris, de Maringá-PR, com a crônica: TRIO DE AMIGOS.
06 - Bruna Cristina Cunha, de Belo Horizonte-MG, com a crônica "MILHO,
MILHO, MILHO".
07 - Edilson Nascimento Leão, de Urandi-BA, com a crônica "HONRA
ETERNA".
08 - Mª Apparecida S. Coquemala, de Itararé/SP, com a crônica "LUIZ
GONZAGA, UM BEM NACIONAL".
09 - Karline Costa Bandeira, de Aracati-CE, com a crônica "ROSIL
'NORDESTE' CAVALCANTI.
10 - Thiago Jovane Nascimento, de Itajaí-SC, com a crônica "COMIDA
FRIA".
11 - Petronilha Alice A. Meirelles, de Rio de Janeiro-RJ, com a crônica
"CÉU DOS SANFONEIROS XAXADEIROS".
12 - Rangel Cordeiro, de Petrolina-PE, com a crônica "ORGULHO
NORDESTINO".
13 - Ruth Hellmann Claudino, de Dourados-MS, com a crônica "TALENTO E ESPLENDOR".
14 - Leônidas de Souza (Tiko Lee), de Osasco-SP, com a crônica intitulada
“SEMENTES,... ROSIL CAVALCANTI!”.
15 - Edinei Lisboa da Silva, de Salvador-BA, com a crônica intitulada “ROSIL
CAVALCANTI”.
16 - Luiz Eduardo Dias Viana, de Lidianópolis-PR, com a crônica intitulada “UM
ÍDOLO REVIVE”.
17 - Roger Vinícius da Silva Costa, de Betim-MG, com a crônica intitulada
“AFASTE DE MIM ESTE CÁLICE”.
18 - José Romero Araújo Cardoso, de Mossoró-RN, com a crônica intitulada “A
AÇÃO IMPLACÁVEL DAS SECAS EM AQUARELA NORDESTINA”. (Crônica vencedora do
concurso Lembrança do Ídolo – 2015 – Troféu Rosil Cavalcanti – Promoção do
Grupo União São Francisco e Caldeirão Político.)
19 - Hilda
Maria Vieira Lacerda, de Maceió-AL, com a crônica intitulada “PRESENÇA”.
20 - Josias Leonardo de Moura, de Paulista-PE, com a crônica intitulada “DE
MARRÉ DE SI”.
21 - Meiry Hely Veras, de Ipojuca-PE, com a crônica intitulada “POEMA ROSIL
CAVALCANTI”.
22 - Lúcio Rodrigues Junior (Univeus), de Tietê-SP, com a crônica intitulada
“AMIGO INUSITADO”.
23 - Rodrigo Romão Antônio, de Piratininga-SP, com a crônica intitulada
“SAUDADES DE ROSIL”.
24 - Carla Patrícia de B. Marinho, de João Pessoa-PB, com a crônica intitulada
“A VOZ DE ROSIL”.
25 - Guilherme Amoroso Romão (Romaan), de Lisboa, Portugal, com a crônica
intitulada “ROSIL GOSTA DE BOLA”.
26 - Ana Luiza Figueiredo, de Niterói-RJ, com a crônica intitulada
“DESCONSTRUÇÃO”.
27 - Luiz Eduardo de Carvalho, de São Paulo-SP, com a crônica intitulada “NA
VOLTA DA HISTÓRIA”.
28 - Flávio Theodosio Junkes, de Biguaçu-SC, com a crônica intitulada “O
ENCONTRO COM LAMPIÃO”.
29 - Maurício Matos Cunha, de São Gonçalo-RJ, com a crônica intitulada “SOB A
BÊNÇÃO DO JIQUE E QUIXABA”.
30 - César Rodrigo Mendonça da Costa, de Resende-RJ, com a crônica intitulada
“O XOTE DO ADEUS”.
31 - Maria da Graça F. de Araújo (Maria Melo), de Portugal, com a crônica intitulada
“ROSIL CAVALCANTI”.
32 - Antônio dos Santos (Amigo Velho), de Brasília-DF, com a crônica intitulada
“O FORASTEIRO QUE CHEGOU EM CAMPINA GRANDE”.
33 - Márcio Dison da Silva, de Porto União-SC, com a crônica intitulada “A
FÁBULA DE LUIZ GONZAGA”.
34 - Glauber Costa (Alexandre), de Ubatã-BA, com a crônica intitulada “O CANTO
DO PÁSSARO”.
35 - Gláucia F. Gomes, de Maricá-RJ, com a crônica intitulada “INQUIETO”.
36 - Sirlene Cristófano (Sila Lima), de Vila Santa Luzia-SP, com a crônica
intitulada “MAMÃE, SÓ MAIS UM...”.
37 - Raphael Carmesin Gomes, de Ananindeua-PA, com a crônica intitulada “A, e,
i, o, u, Y.”.
38 - Maria Inez Santos, de São Miguel do Oeste-SC, com a crônica intitulada
“INESQUECÍVEL CAVALCANTI”.
39 - Jaqueline Teixeira Bastos, de São Paulo-SP, com a crônica intitulada “O
HOMEM PERNAMBUCO”.
40 - Laerte Silvio Tavares, de Florianópolis-SC, com a crônica intitulada
“ROSIL DE ASSIS CAVALCANTI”.
41 - Tayson Teles, do Rio Branco-AC, com a crônica intitulada “ROSIL CAVALCANTI:
UM AMIGO DO REI DO BAIÃO”.
42 - Mariana de Oliveira Pinto, de Canoas-RS, com a crônica intitulada “ENTRE
UM GOLE E OUTRO”.
43 - Marcela Ferreira Lopes, de Cajazeiras-PB, com a crônica intitulada
“CONSIDERAÇÕES ACERCA DA TRAJETÓRIA DE ROSIL CAVALCANTI”.
44 - Felipe Faustino Alvarenga, de Betim-MG, com a crônica intitulada “PONTO DE
ÔNIBUS”.
45 - Ronaldo Coelho Teixeira, de Palmas-TO, com a crônica intitulada “DAS
INDUMENTÁRIAS DO SER PRETENSABIDO OU COMO BORBOLETEAR-SE”.
46 - Roque Aloisio Weschenfelder, de Santa Rosa-RS, com a crônica intitulada
“UMA VOZ APAIXONADA”.
47 - Camila Mendes Ferreira, do Rio de Janeiro-RJ, com a crônica intitulada “O
HOMEM QUE AMOU A RÁDIO E A COMPOSIÇÃO”.
48 - Hélio Alves Ribeiro (Léo Bonfim), de Juiz de Fora-MG, com a crônica
intitulada “ARTIFÍCIO E NOJO”.
49 - Jair Lisboa dos Santos (Patativa), do Rio de Janeiro-RJ, com a crônica
intitulada “ESTALA RELHO MARVADO”.
50 - Amadeu Bispo de Oliveira, de Diadema-SP, com a crônica intitulada “LEMBRANÇA
DO ÍDOLO”.
51 - Crispina Soares Pedreira (Bira), de Cotia-SP, com a crônica intitulada “UM
HOMEM EXEMPLAR”.
52 - Kássio Henrique Aires, de Palmas-TO, com a crônica intitulada “UM GRANDE
RADIALISTA CHAMADO ROSIL CAVALCANTI”.
53 - Cristiano Correa Vieira, de Rio Grande-RS, com a crônica intitulada “SONHA
MENINO”.
54 - Luanda da Costa Vasconcelos, de São Gonçalo-RJ, com a crônica intitulada
“VIROU? NÃO VIROU?”.
55 - Maria das Graças Silva, de Recife-PE, com a crônica intitulada “IPSILONE”.
56 - José David Emanoell Feitoza Braga, de Cajazeiras/PB, com a crônica
intitulada “O TESTAMENTO DE ROSIL”.
57 - Nathália de Almeida Torres, de João Pessoa/PB, com a crônica intitulada
“HOJE EM DIA ESTÁ TUDO DIFERENTE...”.
58 - Helen De La Silva Gomes, de Ouro Preto/MG, com a crônica intitulada
“ETERNAMENTE ROSIL”.
59 - Paola Cristina Ribeiro Marcellos, de Gama/DF, com a crônica intitulada
“RECRIAÇÃO”.
60 - Santiago Castro, de Porta Alegre/RS, com a crônica intitulada “AOS GÊNIOS
ESQUECIDOS”.
61 - Priscilla Raquel Mendes dos Santos, de Anápolis/GO, com a crônica
intitulada “A COROA DE ROSIL”.
62 - Carlos Brunno Silva Barbosa, de Valença/RJ, com a crônica intitulada
“CONVERSA (A)FIADA COM O JOVEM LOUCO DA PRAÇA ENQUANTO A CAMPINA FICA ‘MAIS GRANDE’
NO HORIZONTE DISTANTE”.
63 - Keslley Michelly Cremonezi Torres, de Goiânia/GO, com a crônica intitulada
“UM GRANDE HERÓI”.
64 - Mayara Taísa Lins de Oliveira, de Maceió/AL, com a crônica intitulada
“SAUDADES DA TERRA”.
65 - Jonathan Tavares (Vladimir), de Contagem/MG, com a crônica intitulada
“AQUARELA”.
66 - Anderson do Couto Candido, do Rio de Janeiro/RJ, com a crônica intitulada
“O ECLÉTICO HOMEM DA BORBOREMA”.
67 - Bárbara Canela Martins de Carvalho, de Belo Horizonte/MG, com a crônica intitulada
“ÉS TU ROSIL”.
68 - Patrícia Mara S. P. L. Barbosa (Fernanda), de Guaratinguetá/SP, com a
crônica intitulada “BAIÃO DE DOIS”.
69 - Drelenay Prado Mafra, de Curitiba/PR, com a crônica intitulada “A FARSA,
DE TÃO CEGA, MUDA FALOU”.
70 - Celso Roberto Bertoli, de Itapema/SC, com a crônica intitulada “BAILE SEM
ETIQUETA”.
71 - Thaís Alves Ferreira, de Sete Lagoas/MG, com a crônica intitulada “CEM
ANOS DE ROSIL CAVALCANTI”.
72 - Caroline da Cruz Alias, de Bragança Paulista/SP, com a crônica intitulada
“DESTINO ESCRITO”.
73 - Camila de Sousa Brito, do Crato/CE, com a crônica intitulada “E AGORA
JOSÉ?”.
74 - Flávia de Araújo Padula, de Poços de Caldas/MG, com a crônica intitulada
“AQUARELA NORDESTINA”.
75 - Verônica Sayuri Kohama Watanabe, de São Paulo/SP, com a crônica intitulada
“A ALMA NUNCA ESQUECE”.
76 - Rivamberg Virgulino de Souza, da cidade de Sousa/PB, com a crônica
intitulada "AO CENTENÁRIO DE ROSIL CAVALCANTE: O GÊNIO DA CULTURA POPULAR
NAS VEREDAS DO XAXADO".
77 - Carolina Galhardo e Santiago, de Palmas/TO, com a crônica intitulada
"MEMÓRIAS DE ROSIL CAVALCANTI".
[1] José
Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor-Adjunto IV do Departamento de
Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial
(UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio
Ambiente (PRODEMA/UERN).
Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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