Por Rangel Alves
da Costa*
Ando meio
desconfiado de mim mesmo, juro por Deus. Nunca fui de quimeras, sonhos e
ilusões, mas de uns tempos para cá tenho me sentido como um passarinho
procurando uma brechinha na gaiola, e louco para fugir.
O que será que
tem acontecido comigo que tanto venho sonhando em me livrar de grilhões,
amarras, troncos, correntes, chibatas, ferraduras, algemas, nós e todos os
tipos de meios de opressão? Talvez eu esteja enlouquecendo. Será?
Acho que não,
pois ainda – e a cada dia – sinto na alma a dor e o sofrimento de viver neste
Brasil governado como está agora. A todo dia e minha pele sangra, meu bolso
esvazia, minha comida escasseia, minha esperança se esvai. Melhorar seria a
insanidade irracional a viver refém da guerrilha genocida de Dilma.
Guerrilha
genocida sim, pois uma nação inteira está cambaleante e não durará muito para
sucumbir de vez diante da tirania dessa cruel presidente. Não há um só dia em
que o povo não seja diminuído, a população empobreça ainda mais, as contas
aumentem assustadoramente, a sobrevivência se torne cada vez mais difícil de
ser suportada.
Mas talvez eu
esteja enlouquecendo mesmo. Nunca fui assim, mas agora me vejo fazendo promessa
para que Dona Dilma escorregue da rampa do planalto e não apareça mais, alguém
a coloque num avião com destino a Sibéria, e para nunca mais voltar. Que alguém
faça alguma coisa, mas que tire esse estrupício do seu trono de iniquidades e
arrogâncias.
Ah meu Deus,
como eu queria apenas viver. E viver sem ter de me assustar a conta nova conta
de energia que chega, a cada vez que vou ao mercadinho ou à feira, a cada vez
que tenho de comprar um remédio. Um quilo de cebola branca a dez reais é o fim
do mundo. Alguém sabe o preço do tomate, do leite, da fruta?
Eu não sei,
pois nunca mais comprei nada disso. Todo o dinheiro é para pagar a conta de luz
e o remédio para o coração suportar a chegada da conta. O problema todo é que o
preço da vela também aumentou demais, já procurei e não encontro lamparina,
candeeiro, bico de luz. Talvez o preço esteja na hora da morte, como disse o
petista antes de enlouquecer de remorso.
Como sei que
nada há a fazer antes que Dilma vá pedir asilo ao bolivarianismo de Nicolás
Maduro ou ao comunismo de Evo Morales, o máximo que posso buscar como conforto
e esperança é sonhar. E é o que ando fazendo demais, sonhando, sonhando...
Sonhando como
seria minha vida sem Dilma. Que paz, que alegria, que contentamento na alma,
que festa no coração. A vida sem Dilma seria o prazer de novamente abrir a
janela, de cantar, pular, correr, de viver. A vida sem Dilma seria como poder
novamente ligar o rádio e a televisão sem estar de lenço à mão.
Não importa
quem assuma o seu lugar, não interessa quem passe a ostentar o título de
presidente. O que importa mesmo é que seja imediatamente retirada do poder,
alijada da vida pública, condenada ao ostracismo entre os seus iguais.
Sei que Dilma
nem imagina que assim acontece, mas a verdade é que neste momento milhões de
mãos se unem em preces, promessas e rogos, para o Santo Sumiço. A cada dia
aumenta mais o número de votos a este santo tão útil nos dias atuais. E só se
ouve: Santo Sumiço, Santo Sumiço, fazei com que Dilma desapareça...
Mas eu fujo
das promessas e me satisfaço em sonhar. Um sonho bom, maravilhoso, encantador.
Num deles Dilma ia sumindo, sumindo, até desparecer de vez. E ninguém nunca
mais falou dela pelo resto da vida. E nem dela nem do PT, nem de qualquer outro
petista.
Sonhar é bom
porque de repente pode se transformar em realidade. E não haveria realidade
melhor sem Dilma em minha vida. E minha vida sem Dilma seria a certeza de que
nunca mais eu seria traído nem escravizado.
Minha vida sem
Dilma seria o reconforto da alma, e de uma lavada com arruda e sal grosso.
Preciso viver novamente. E o Brasil também.
Poeta e
cronista
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