Por Clerisvaldo B.
Chagas, 1º de junho de 2015 - Crônica Nº
1.432
O livro “O
boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema”, também traz a
história dos alfaiates, barbeiros, ferreiros, canoeiros, sapateiros e cabarés
de Santana. Não é nada demais dizer, porém, que no sábado passado, feira da
cidade, estivemos com o último dos remanescentes alfaiates em Santana.
Conversamos muito. Gilson Saraiva, o homem que disputava cabeleira conosco em
1960 (modismo) e bom num taboleiro de "dama", trabalha no famoso beco
do comércio de Santana do Ipanema, São Sebastião. O Beco de São Sebastião fica
entre a Rua do Comércio e a Rua Professor Enéas, alguns metros para o leito do
rio Ipanema. O beco era famoso quando nas festas do mês de julho de Senhora
Santana, formava a via principal para o motel em área livre do rio, ocasião em
que os casais procuravam as pedras e areias do leito seco.
Beco São Sebastião, influência da igrejinha da esquina. Foto: (Clerisvaldo).
Beco de São
Sebastião por causa da igrejinha particular da família Rocha, dedicada ao
santo, construída na esquina, aproximadamente, em 1915.
Parcial
de Santana em dia de feira. Foto: (Clerisvaldo).
Gilson
Alfaiate nos falou que o Walter Alcântara ainda era vivo, possuindo serralharia
no Bairro Domingos Acácio onde para lá se desloca a pé todos os santos dias com
seus mais de oitenta anos.
Walter
Alcântara era proprietário da “Alfaiataria Nova Aurora” (abaixo do Beco São
Sebastião) com mais de dez funcionários e dominava a região nesse ramo
interessante, nas décadas 50-60. Inúmeros foram os discípulos de Walter e que
depois se tornaram profissionais independentes, entre eles Gilson Saraiva,
Carlos Sabão, Juca Alfaiate e Demerval Pontes, amplamente conhecidos.
Nunca sequer
dei um bom-dia ao Walter Alcântara, pois era apenas um garoto que passava para
as aulas de “Admissão ao Ginásio”, por sua Alfaiataria, em direção à escola de
dona Helena Oliveira na calçada alta da Ponte do Padre. Ali me encontrava com
os colegas Neubes, Serrinha Negra, Arquimedes, Demóstenes, Edson Caveirão, Zé
Vieira, Galego Bigula, entre outros que não me veem mais à memória.
A “Alfaiataria
Nova Aurora” faz parte da história de Santana registrada por mim (único
registro). Mesmo assim acho que o Walter nem me conhece, apesar de ter sido
colega de repartição da sua virtuosa e educadíssima esposa Léa Malta. A timidez
de um garoto não permitia conversar com os mais velhos. Talvez eu vá a sua
serralharia para colher mais subsídios sobre a nossa terra e conversar com o
homem elegante que marcou época em Santana do Ipanema, cujo pai, foi compadre
do meu.
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