quinta-feira, 25 de junho de 2015

AS MANHÃS DOS DIAS

Por Rangel Alves da Costa*

O dia acaba, a noite vem. Depois da noite o alvorecer, os primeiros sinais das manhãs da vida.

A cama acolhe o cansaço, o sono repara as forças, o sonho propicia uma realidade totalmente diferente.

Os sonhos não permanecem e o ser tem que voltar ao seu mundo de dormência para depois acordar.

O relógio biológico não tarda a avisar. Também o despertador, o galo cantando, a fresta de luz que entra pela janela.

Lá fora um tempo ainda sonolento, mesclado de cores sombrias e douradas. Ainda não há sol, somente a tênue claridade que se espalha nos horizontes.

A natureza já despertou desde muito. As árvores pulsam através dos galhos que se movem e das folhagens que tremulam.

Surgem os primeiros sons no meio da mata, os primeiros cantos, os gorjeios matinais. E logo a passarada estará fazendo festa por todo lugar.

A fruta verdosa já amanhece vistosa no pomar. As frutas não dormem se maquiando no espelho da noite para surgirem coloridas ao amanhecer.

No jardim ainda orvalhado, a flor vai desabrochando lentamente. O verde da planta vai dando lugar a um rosáceo encantador.

Borboletas, colibris, abelhas, todos despontam em meio à natureza e logo voam em direção ao jardim. A festa de toda manhã.

Ainda sonolentos, os olhos se abrem para as visões do dia. Os passos lentos se encaminham para mais adiante em direção à janela.


As janelas sempre se abrem para uma vida nova, ainda que seja desalentadora a primeira paisagem avistada.

As janelas nunca se abrem para a mesma paisagem. Encontram muros, cercados, jardins esturricados, asfalto, chão batido, terra, ou a pujança da natureza.

Sorte na vida de quem acorda para um alvorecer sertanejo. Além da janela ou após a porta há sempre um motivo bom para a felicidade.

As manhãs sertanejas possuem uma formosura diferente da de qualquer outro lugar. Os sons tão próximos da natureza, os animais ao redor, a singeleza da vida.

Desde a madrugada que a vida sertaneja se impõe. Não dura muito e o cheiro do café torrado, o cuscuz de milho perfumando os quintais. Uma xícara de café e de contentamento.

Os centros urbanos geralmente negam ao olhar esse primeiro sorriso. As ruas petrificadas, os barulhos que já se elevam, a pressa nos passos, a frieza em tudo.

Mecanizada e burocrática é a manhã da cidade. O relógio que marca e avança, o tempo que passa, o medo de se atrasar, a correria desde aquele momento.

Na cidade, poucas são as pessoas que despertam para a manhã. O citadino não conhece o sentido do encontro matinal com a vida, sequer sabe o que é colher uma fruta no quintal.

Mas todas as manhãs, sejam no campo ou na cidade, possuem uma significação que poucos dão importância. Há de saber que amanhecer é também despertar para nova vida.

Nova vida por que o bom ou ruim do dia ou da noite passada não persistirá do mesmo modo. O que for bom será aprimorado, o que foi difícil será transformado.

As manhãs da vida são como chances de fazer diferente. Por isso mesmo que nascem esperançosas. A pessoa sempre acorda com um pulsar diferente, mais ânimo e confiança.

Amanhecer é construir o mundo desde que levanta ao abrir a porta. O que passou ficou para trás. Então é preciso viver significativamente a partir da nova caminhada.

Caminho novo surgido a cada manhã. Mas é preciso sorrir para a vida desde o abrir a janela. Ninguém procura a felicidade levando sombras no coração.

Então tenha um bom dia!

Poeta e cronista
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