Em 1944 houve
definição de uma nova ordem econômica mundial, quando da conclusão das
conferências de Bretton Woods, ensejando o mais ousado e impressionante
capítulo do processo de globalização sob a égide capitalista.
Seis anos mais
tarde, surgia a Geografia Teorético-Quantitativa, a partir dos estudos
fomentados pela Escola de Chicago a fim de viabilizar o planejamento público e
privado, visando maximizar lucros e minimizar custos principalmente das
empresas transnacionais.
A
fundamentação teórica, como na Geografia Tradicional, novamente alicerçava-se
no positivismo, mas a diferença estava na forma rígida como passou a tratar
conceitos-chave, sobretudo espaço, submetendo-os à análise
matemático-estatística.
Houve
comemoração, pois propalava-se que finalmente a ciência geográfica atingia
status máximo em razão que a proposta de Comte se estabelecia de forma efetiva,
tendo em vista a vinculação com as ciências naturais e exatas.
Espaço passou
a ser visualizado como uma planície isotrópica e sua correlação matricial,
quando todos os níveis poderiam ser analisados de maneira homogênea, impedindo
que subjetividade atrapalhasse a condução científica.
Seleções
espaciais começaram a definir exclusão e marginalização, pois a inserção na
nova ordem econômica mundial só poderia ser feita caso a garantia de sucesso
empresarial estivesse plenamente satisfeita.
Diferenças
inter-regionais recrudesceram-se espantosamente, tendo em vista que somente
onde houvesse condições de ampliar-se a reprodução do capital tornou-se alvo do
processo de globalização iniciado pós segunda grande guerra.
O sudeste
brasileiro, a título de exemplo, tornou-se espaço privilegiado para a
penetração do capital externo, conforme orientação dos geógrafos
teoréticos-quantitativos. Enquanto isso, a região Nordeste não apresentava-se
com nenhum atrativo, suscitando a formação do GTDN (Grupo de Trabalho para o
Desenvolvimento do Nordeste), embrião da SUDENE.
Começaram a
ser formadas as ilhas de excelência do desempenho do capitalismo globalizado, a
exemplo dos Tigres Asiáticos. Insurgências como a verificada no Vietnam do
Norte passaram a ser tradas como casos de polícia internacional, dando ênfase a
tragédias terribilíssimas que marcaram indelevelmente a história da humanidade.
No Brasil,
ecos importantes da geografia teorético-quantitativa estão presentes
principalmente no campus da UNESP de Rio Claro/SP. A Associação de Geografia
Teorética representa a profunda influência na produção científica nacional da
corrente geográfica surgida a partir de 1950.
O retorno do
nacional-populismo Varguista em 1950 impediu por seis longos anos que as
pretensões externas se consolidassem, dificultando extraordinariamente os
planos traçados para a inserção do cone sul na fase da globalização definida
antes do término do segundo conflito mundial do século XX.
Monopólio do
petróleo e a intransigência quase draconiana das portarias da Superintendência
da Moeda e do Crédito (SUMOC), que protegiam o meio circulante de brasileiro de
troca, são exemplos do desafio lançado pelo nacional-populismo à proposta de
internacionalização da economia nacional.
Indícios de
posturas nacionalistas passaram a ser tenazmente perseguidas e desmobilizadas
em quase todo planeta, usando-se para tal da indispensável e eficiente política
externa do grande porrete (Big stick).
A atuação
fanática por várias partes do globo, reprimindo ferozmente qualquer motivação
contrária à fase da globalização que tinha como carro-chefe a atuação marcada
pela ubiquidade das grandes empresas transnacionais, talvez tenha levado
importante teórico da corrente geográfica a serviço do capital externo e da
globalização marcada pelo avanço impressionante da revolução
técnico-científica-informacional a mudar radicalmente de posição e de
pensamento acerca dos rumos que devem nortear a ciência geográfica.
David
Harvey (Gillingham, Kent, 7 de dezembro de 1935) tornou-se
figura basilar da geografia teorético-quantitativa, mas desencantou-se com os
rumos dessa vertente geográfica e, a partir de 1969, começou a produzir
trabalhos com influência no materialismo histórico-dialético, fomentando
denúncias sociais.
Servindo
magistralmente a interesses dominantes e dominadores, a geografia
teorético-quantitativa consagrou-se em beneficiar os donos do gigantesco
capital representado pelas grande empresas transnacionais a firmar nova etapa
na história da humanidade, cuja marca impressiona em razão da permanência das
contradições acintosas a nível de escala que ainda perduram em função da
ganância desmedia que assinala o comportamento das maiores potências do globo
em sua sanha cotidiano nos desafios para situar a hegemonia do planeta enquanto
condição sine qua non de status e de poder.
[1] José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo.
Professor-Adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e
Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista
em Geografia e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB).
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA/UERN).
[2] Marcela Ferreira Lopes. Geógrafa-UFCG/CFP.
Especialista em Educação de Jovens e Adultos com ênfase em Economia
Solidária-UFCG/CCJS. Graduanda em Pedagogia-UFCG/CFP. Membro do grupo de
pesquisa (FORPECS) na mesma instituição.
Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero Araújo Cardoso
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