segunda-feira, 6 de abril de 2015

A DAMA E A MISSIVA.

Por Jair Eloi de Souza

Quando o pêndulo do tempo acusava a minha adolescência, ou mesmo a infância. Conheci a donzela. Vestido de chita estampada, cabelo longo em cock, preso por uma marrafa em cor de caramelo. Sempre embatonzada de vermelho. Mãos adereçadas de anéis em todos os dedos. Assim a via todos os dias, rua acima rua abaixo, Maria de Dourada.

Em Alpendres de Pacelo de Lica*, nesses dias, quando a lua iniciava seu reinado de crescente. O Cego, que se tivesse os dois olhos, seria uma enciclopédia e meia, me deu o seguinte mote: “Maria de Dourada velha, passou quarenta e três anos, “entregando de graça” cartas em Jardim de Piranhas”. Todos os dias, se dirigia aos correios e esperava o malote chegar. Recebia as correspondências e as destinava aos seus respectivos destinatários. Nunca se ouviu notícia que tenha faltado ou sido extraviado algum exemplar. Maria, nunca recebera remuneração alguma dos Correios e Telégrafos. Mas, mesmo im memoriam, poderia receber uma simbólica homenagem, como benfeitora, para conhecimento dos seus parentes.

*Eugênio Pacelli Pereira Monteiro.

Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço Francisco Borges de Araújo lá da cidade de Jardim de Piranhas.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário: