Por Jair Eloi de Souza
Quando o
pêndulo do tempo acusava a minha adolescência, ou mesmo a infância. Conheci a
donzela. Vestido de chita estampada, cabelo longo em cock, preso por uma
marrafa em cor de caramelo. Sempre embatonzada de vermelho. Mãos adereçadas de
anéis em todos os dedos. Assim a via todos os dias, rua acima rua abaixo, Maria
de Dourada.
Em Alpendres de Pacelo de Lica*, nesses dias, quando a lua iniciava seu reinado de crescente. O Cego, que se tivesse os dois olhos, seria uma enciclopédia e meia, me deu o seguinte mote: “Maria de Dourada velha, passou quarenta e três anos, “entregando de graça” cartas em Jardim de Piranhas”. Todos os dias, se dirigia aos correios e esperava o malote chegar. Recebia as correspondências e as destinava aos seus respectivos destinatários. Nunca se ouviu notícia que tenha faltado ou sido extraviado algum exemplar. Maria, nunca recebera remuneração alguma dos Correios e Telégrafos. Mas, mesmo im memoriam, poderia receber uma simbólica homenagem, como benfeitora, para conhecimento dos seus parentes.
*Eugênio
Pacelli Pereira Monteiro.
Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço Francisco Borges de Araújo lá da cidade de Jardim de Piranhas.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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