Por Clerisvaldo B.
Chagas, 18 de março 2015 - Crônica Nº
1.389
Pelas calçadas
ruas de Senador Rui Palmeira, não se tem como não se lançar um olhar crítico à
falta de interesse e estratégia desenvolvimentista da cidade polo de Santana do
Ipanema, na época. A inércia, o sono eterno, o acomodamento umbilical, deixaram
escapar a oportunidade de asfaltar o município de Senador a Santana do Ipanema,
pela grande região de Olho d’Água do Amaro, um dos trechos da zona rural mais
rico de Santana. O sertão continua assim, com um desinteresse generalizado pelo
desenvolvimento coletivo, com os dirigentes encastelados nos seus próprios
feudos. Um sertão enfraquecido politicamente que a única coisa que reivindica,
mesmo assim no individual, é o carro-pipa quando o homem do campo já não
aguenta mais.
CIDADE
DE SENADOR RUI PALMEIRA. Foto: (divulgação).
Senador é um
município que pertenceu a Santana do Ipanema e tem uma área, aproximada de
359,667 km2. Originou-se de uma fábrica de corda de caroá,
matéria-prima abundante naquele momento, típica do semiárido nordestino. A
fábrica foi implantada por Antônio Afonso de Melo, vindo de Palmeira dos
Índios, em torno de 1940. Com a instalação da fábrica, o lugar passou a ser
chamado de Usina. No momento havia apenas alguns casebres de taipa pertencentes
aos funcionários da fábrica. Cinco anos depois, foi instalado um alambique para
produção e venda de cachaça, pelo cidadão José Rodrigues Fontes.
A
característica principal desse futuro município foi a sua feira-livre iniciada
mais ou menos em 1943 que se expandiu e, nos anos 60 atingiu o clímax,
rivalizando com a feira da sede, cujo carro-chefe era o negócio do feijão.
Inúmeras carretas do país inteiro movimentavam a grande, pujante e crescente
feira do lugar, cuja denominação já era de Riacho Grande.
Emancipado de
Santana do Ipanema com o novo título de Senador Rui Palmeira, o município
ganhou asfalto, por outro trecho, deixando Olho d’Água do Amaro, Campo de
Aviação, Várzea da Ema, João Gomes e inúmeros outros sítios santanenses “a ver
navios”, isto é, poeira. O intercâmbio intensivo com esse município que
despejava dinheiro em Santana foi canalizado para outras cidades beneficiadas
pelo asfalto. Mais uma vez a inércia venceu a boa vontade.
A propósito,
quem nasce na progressista cidade do Alto Sertão alagoano é conhecido como
rui-palmeirense. Por lá vai passando o Canal do Sertão que até nisso Santana
perdeu.
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