quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

NO BATENTE DE PAU DO CASARÃO

Por Juciana Miguel

Eu me lembro das grandes alegrias
Que tivemos lá em nossa casinha
Era tão simples e tão pobrezinha
Mas fizemos lá muitas cantorias 
As pessoas trocando euforias
Comendo ovo arroz e feijão
Era tão lindo aquele sertão
Ninguém nem lembrava de riqueza
E o meu pai cantava com beleza
No batente de pau casarão.

A lembrança me vem da minha rede
Onde eu armava a todo momento
No alpendre sentia aquele vento
E eu deitada pertinho da parede
Às vezes o meu pai vinha com sede
E na rede batia com a mão
Ele dava um grande safanão
Que eu da rede subia e descia
Eu não sei porque eu não caia
No batente de pau do casarão.

Lembro meu pai chegando do roçado
Onde ele saia bem cedinho
E minha mãe com todo o carinho
Ajeitava o almoço bem arrumado
De repente o velho bem zangado
Ia direto a panela do feijão
Enchia a bacia e capitão
Ele fazia e dava no pau a comer
Isso são coisas que não vou esquece
No batente de pau do casarão.

E nós quando criança arengando
Eu não lembro mas qual foi a besteira
Às vezes briga só por brincadeira
E os irmãos ali vão se misturando
Quando vimos meu pai vinha andando
e tirando da calça o cinturão
Meu Deus foi grande aquele rojão
Atrás de nós o velho doido corria
Era grito que ia e grito vinha
No batente de pau do casarão.

Juciana Miguel

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero Araújo Cardoso

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