Por Francisco de Paula Melo Aguiar
Todos desejam chegar à velhice; e quando chegam a ela,
acusam-na.
Cícero
Certa vez em lendo o artigo: “Principal causa da confusão mental no idoso”,
escrita pelo médico Arnaldo Lichtenstein, preliminarmente ele cita “ sempre que
dou aula de clínica médica a estudantes do quarto ano de Medicina, lanço a
pergunta: Quais as causas que mais fazem o vovô ou a vovó terem confusão
mental?”. Assim sendo, “alguns arriscam: “tumor na cabeça”, ato continuo “eu
digo: “não”. A preleção em termos de aula tem continuidade quando “outros
apostam: “mal de Alzheimer”. E O médico professor responde novamente: “não”. E
por incrível que pareça “a cada negativa a turma se espanta... e fica ainda
mais boquiaberta quando enumero os três responsáveis mais comuns: diabetes
descontrolado; infecção urinária; a família passou um dia inteiro no shopping,
enquanto os idosos ficaram em casa”. Segundo Montherlant, os velhos morrem
porque já não são amados.
E isso é estarrecedor, significa abandono material na hora em que o idoso mais
precisa. E dando continuidade o filho de Hipócrates diz que “parece
brincadeira, mas não é. Constantemente, vovô e vovó, sem sentir sede, deixam de
tomar líquidos” e enfatiza ainda que “quando falta gente em casa para
lembrá-los, desidratam-se com rapidez”. Isso é abandono material pleno. Todos
nós sabemos, mesmo sem ter formação acadêmica em medicina que “a desidratação
tende a ser grave e afeta todo o organismo. Pode causar confusão mensal
abrupta, queda de pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos
(“batedeira”), angina (dor no peito), coma e até morte”, acrescenta o referido
profissional da Ciência Médica. Dando continuidade a aula o docente médico diz:
“insisto: não é brincadeira. Na melhor idade, que começa aos 60 anos, temos
pouco mais de 50% (cinqüenta por cento) de água no corpo. Isso faz parte do
processo natural de envelhecimento”. Assim como o salmista, “portanto, os
idosos têm menor reserva hídrica. Mas há outro complicador: mesmo desidratados,
eles não sentem vontade de tomar água, pois os seus mecanismos de equilíbrio
interno não funcionam muito bem”. Nesta época de nossas vidas, vivemos de
sonhos quase impossíveis de serem realizados. Apenas sonhamos. O Brasil tem o
Estatuto do Idoso, uma das leis mais modernas do mundo na espécie, porém, a
sociedade ainda clama por melhor acolhimento por parte da própria família em
relações aos seus idosos, gerando assim problemas emocionais além dos
materiais.
O idoso tem desempenhos diversos diante das
reações químicas corporais e estruturais naturais do ser humano. E por
conseqüência Arnaldo Lichtenstein, 46 anos de idade, médico, clínico-geral
do Hospital das Clínicas e professor colaborador do Departamento de Clínica
Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), recomenda:
“1 - O primeiro é para vovôs e vovós: tornem voluntário o hábito de beber líquidos.
Por líquido entenda-se água, sucos, chás, água-de-coco, leite, sopa, gelatina e
frutas ricas em água, como melão, melancia, abacaxi, laranja e tangerina,
também funcionam. O importante é, a cada duas horas, botar algum líquido para
dentro. Lembrem-se disso!; 2 - Meu segundo alerta é para os familiares:
ofereçam constantemente líquidos aos idosos. Ao mesmo tempo, fiquem atentos.
Ao perceberem que estão rejeitando líquidos e, de um dia para o outro,
ficam confusos, irritadiços, fora do ar, atenção! É quase certo que sejam
sintomas decorrentes de desidratação”. O grande Cícero, o maior tribuno do
Império Romano enfatiza que “ torna-te velho cedo se quiseres ser velho por
muito tempo”.
Finaliza recomendando: "líquido neles e rápido para um serviço
médico", como se fosse uma paródia das cantigas de ninar, do tipo
estória infantil de João e Maria que nossos pais e avós nos contávamos, tendo
como momento culminante quando as referidas crianças jogavam a bruxa (avó)
dentro do forno e ela gritava: “água meus netinhos²” e os netinhos respondiam
“azeite senhora vó”, isso é uma metáfora de cunho histórico, assim como é
histórico o abandono material e emocional consentido das famílias em relação
aos portadores da melhor idade nos dias atuais no Brasil e no mundo.
¹ Cf.: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm
> . Página visitada em 12/01/2015.
² Cf. < https://www.youtube.com/watch?v=RQbqfihH8UM
> . Página visitada em 12/01/2015.
Enviado por Francisco de Pula Melo Aguiar
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