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Típico da Bacia
do Rio Amazonas, o poraquê (Electrophorus electricus) usa descargas de alta
voltagem para controlar remotamente os músculos de suas presas, de acordo com
novo estudo, publicado na edição desta quinta-feira, 04, da revista Science.
poraquê, também
conhecido como peixe-elétrico, produz descargas de até 600 volts, suficientes
para matar um cavalo adulto. Até agora, no entanto, a ciência ignorava como
funciona de fato o sistema elétrico do animal. Com uma série de experimentos,
um pesquisador acaba de revelar que as descargas elétricas do poraquê afetam os
neurônios motores que controlam os músculos de suas presas,
"sequestrando" assim os circuitos neurais que eles usam para se
mover.
De acordo com
o autor, Kenneth Catania, da Universidade Vanderbilt (Estados Unidos), o
poraquê produz diferentes tipos de descargas elétricas. Algumas delas, de baixa
voltagem, funcionam como sensores do ambiente para auxiliar na navegação, já
que o peixe-elétrico enxerga mal.
Mas as
descargas de alta voltagem servem tanto para localizar a presa, quanto para
incapacitar sua fuga. Segundo Catania, o recurso utilizado pelo poraquê
funciona de forma semelhante a um "teaser" - arma não letal que usa
descargas de alta tensão para imobilização. "É incrível a semelhança entre
a descarga elétrica do peixe-elétrico e um teaser. A diferença é que o teaser
emite 19 pulsos de alta voltagem por segundo, enquanto o peixe-elétrico produz
400", disse Catania.
ara os
experimentos, o cientista colocou diversos poraquês em um grande aquário
equipado com um sistema capaz de detectar os sinais elétricos dos animais.
Segundo ele, os movimentos do poraquê são incrivelmente rápidos: eles podem
engolir um peixe em um décimo de segundo. O cientista então montou um sistema
de vídeo especial que capta milhares de quadros por segundo, para estudar os
movimentos dos animais em câmara lenta.=
lém das
descargas de baixa voltagem usadas para perceber o entorno, os animais
produziam curtas sequências de dois ou três pulsos de alta voltagem, que duram
poucos milissegundos. O cientista verificou que esses pulsos eram usados na
caçada: ao passar perto de um peixe oculto, os pulsos fazem a presa ter uma
convulsão que denuncia sua posição - já que o poraquê é eficaz na detecção de
movimentos. Nesse momento, o poraquê lança uma descarga de alta voltagem, com
duração de 10 a 15 milissegundos, que paralisa completamente a presa por três
ou quatro milissegundos - o suficiente para ser abocanhada pelo rápido caçador
elétrico.
Segundo
Catania, os pulsos duplos ou triplos correspondem ao sinal enviado pelos
neurônios motores do peixe aos seus músculos para contraí-los.
"Normalmente, nenhum animal consegue contrair todos os músculos do seu
corpo ao mesmo tempo. Mas é exatamente o que o peixe-elétrico causa com esse
sinal. Ele usa seu sistema elétrico para controlar o corpo da presa",
declarou Catania. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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