Por Rangel Alves
da Costa*
Confesso que
desde algum tempo não assisto nada nos canais abertos de televisão. Na verdade,
migrei de vez para a tv por assinatura. Tentei acompanhar a nova versão da
novela Gabriela – pois apaixonado por tudo que diga respeito à obra de Jorge
Amado e suas tramas coronelescas/cacaueiras -, mas logo percebi que nada tinha
a ver com a novela de Walter George Durst exibida nos anos 70 e muito menos com
a obra amadiana. Desisti.
Tentei, a todo
custo, acompanhar alguma coisa de Cordel Encantado, eis que retratando
elementos da cultura nordestina, onde me assento com berço e raiz. E igualmente
fiz com Meu Pedacinho de Chão, pois logo me interessei pela apresentação visual
da trama e o realismo-fantástico no desenvolvimento de grande parte das ações.
Contudo, logo fui impedido pelo horário.
A bem dizer,
não posso me colocar diante de uma televisão antes das dez da noite, ou a
partir do instante que estendo minha rede no quarto para acompanhar os
programas daí em diante até adormecer, lá pelas onze horas ou pouco mais. Mas
sempre em canais fechados e direcionando o controle para somente alguns.
Raramente me vejo despertado para algum filme, pois minhas preferências se
voltam para programas que abordem fatos históricos, deuses e mitos, grandes
civilizações, religião, arqueologia, teorias conspiratórias, segredos bíblicos
e históricos, personagens marcantes, dentre outros contextos pontuais.
Há pelos menos
dois programas no canal Globosat que são realmente sensacionais. O primeiro é
Mundo Museu, onde o telespectador é conduzido aos grandes museus do mundo e
pode apreciar a obra dos grandes mestres da pintura e também de artistas menos
conhecidos, porém geniais. O outro chama-se Brasil Místico, com episódios que
abordam a religiosidade brasileira a partir das diversas religiões, seitas e
cultos disseminados pelo país. É, sem dúvida, de suma importância para se conhecer
não só as diversas feições de nossa cultura religiosa como para sentir como o
povo escolhe as bases de sua fé.
Mesmo com o
fim da temporada, de vez em quando o Discovery reprisa um dos programas mais
maravilhosos surgidos recentemente na televisão: O Mundo Visto do Céu. Como bem
referendado no nome, trata-se de um passeio a lugares históricos, belos e
encantadores, a partir de uma visão panorâmica do alto. As paisagens e cenários
mostrados são repletos de castelos, relíquias antigas, construções modernas e
medievais que vão se constituindo numa aula deslumbrante de História e
Geografia.
O History já
se apresentou como canal de melhor qualidade no passado, mas vem perdendo
espaço com a escolha de programas que pouco tem a ver com história. Chega a ser
enjoativo programas voltados para compra e venda de antiguidades, restauração
de carros e objetos e reality shows na vida selvagem. E surgem aos montes. Os programas
acerca de avistamento de ovnis e contatos com seres extraterrestres já se
tornaram saturados e mentirosos demais. O Alienígenas do Passado, mesmo
tentando forjar o impossível, ainda merece ser assistido, mas não pelas teorias
apresentadas, e sim pelo cunho histórico que entremeia a narrativa. Mas de vez
em quando surgiam programas dignos de nota no History, como Humanidade, Guerras
A. C., Confronto dos Deuses, e mais recentemente A Grande História, Continente
Nazi, Guerras Mundiais e a Bíblia, esta ainda em exibição.
Também costumo
assistir programas nos canais Discovery, National Geographic, e raramente no
Animal Planet. Tais canais possuem séries interessantes, principalmente
abordando a vida selvagem dos continentes. Há temas instigantes em programas
como Tabu, mas outros insuportáveis de assistir, como aqueles com tratadores de
cães, gatos e outros animais, bem como de sobrevivência na selva. O Animal
Planet reprisou algumas vezes o documentário Sereias, digno de ser sempre
assistido. O History2 vem apresentando boas reprises de documentários e até
algumas produções originais, mas resta saber se também não vai enveredar para
os Trato Feito da vida.
Alguém haveria
de perguntar se não assisto TV Justiça, TV Senado e similares. Como afirmado
inicialmente, deito para relaxar e me entreter com programas interessantes. Não
que as decisões das altas cortes e do parlamento não sejam importantes.
Contudo, prefiro mentiras sobre ETs a acreditar em deputados e senadores,
também prefiro conhecer as leis do passado aos julgamentos do presente.
Poeta e
cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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