domingo, 30 de novembro de 2014

GESTÃO EDUCACIONAL, PRESENTE E FUTURO

Por Francisco de Paula Melo Aguiar

"Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais..."
                                           
Rubem Alves

Nada pode cair do céu sem a permissão de Deus. O mesmo acontece no tocante às soluções referentes ao possível planejamento para uma possível prática estratégica e participativa no setor educacional, onde tudo tem inicio e fim no âmbito escolar em cada dia, em cada bimestre e em cada ano letivo. Tudo isso deve ser feito pelo gestor, professor, família, comunidade e aluno, todos os dias, com amor como se fosse o primeiro de dia de aula de um neófito profissional em qualquer área no primeiro dia de trabalho envolvendo a profissão escolhida para exercer-la na vida. Tudo com amor. Sem amor nada feito, é essa a lição que se pode tirar do pensamento de Rubem Azevedo Alves¹, ao afirmar que: "O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isso os educadores (e educadoras), antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deviam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos²”. Na vida, assim como em qualquer profissão, tudo vai depender de compromisso e de amor. Pelo menos de satisfação ao que está fazendo. É assim a cultura positivista do “Ordem e Progresso”, em tese, conforme consta da Bandeira Nacional do Brasil. Não confundir amor com sexo, porque estupro é apenas a satisfação unilateral do estuprador, portanto é um ato criminoso, crime hediondo. Em educação a coisa é mais complexa, porque tudo passa pela cultura e pela formação do professor que atende todos os dias milhões de crianças e adolescentes das mais diversas classes sociais, principalmente as menos favorecidas em todos os sentidos, que ainda são milhões em nosso país, apesar da riqueza pujante na terra, no ar e no mar. Tudo ainda é muito incipiente em termos de acolhimentos das aspirações sociais. Estamos longe da inclusão social em sentido amplo. Aqui ainda tudo é precário, apesar do Brasil pertencer ao G20, ou seja, ao bloco das vinte nações mais poderosas do mundo. Ricas! Aqui ainda tudo é sonho, utopia em termos educacionais, de segurança pública, de emprego e trabalho, de sistema de saúde para atender a demanda nacional, de lazer, de remédio, de cultura, de esportes, de acessibilidade, de água, de pão e de vinho. De comer e de beber água potável de primeira qualidade. De esgotamento sanitário. Tudo aqui é resolvido apenas em tempo de campanha política, e depois de passado o pleito, os sonhos do povo vão para o rol do esquecimento. Como por exemplo, vamos resolver o caso da educação pública brasileira, diante da falta de idéia e de prática concreta, real para realizar preliminarmente o planejamento geral do setor, envolvendo os planejamentos específicos, estratégicos e participativos, em cada cidade, em cada vila e em cada povoado desse gigante adormecido chamado Brasil. Isso é apenas um sonho, uma utopia nacional. A educação pública brasileira precisa de novos conceitos e modelos reais e não meras utopias sonhadas por cada governo federal, estadual e municipal. Isso é proselitismo, política de governo e não política pública de Estado. Aqui ninguém dá prosseguimento ao sonho sonhado da política do governo anterior, seja no sistema federal, estadual e municipal, envolvendo todas as áreas da gestão da administração pública. A população pobre nacional fica sem ter a quem reclamar. Os órgãos fiscalizadores pelo cumprimento das normas do Estado, são mantidos pelo numerário do próprio Estado, via impostos diretos e indiretos cobrados a qualquer custo de todos os brasileiros, embutidos nas mercadorias e serviços. Mesmo assim tudo fica para depois. Faltam escolas, hospitais, estradas, ferrovias, livros, merenda escolar, casas para pobres, etc. Existe a ideologia da hegemonia nacional de quem governa de que nada está faltando e nem vai faltar. Mero engano.
                   
Na realidade o sistema educacional público brasileiro encontra-se sucateado, e isso faz muito tempo, está no CTI, tendo em vista que não fornece uma escola real, pois, falta tudo, da estrutura física ao planejamento diário, mensal e anual de suas atividades de gestão escolar e planejamento e avaliação pedagógica. Faz apenas um planejamento do faz de conta para se acabar dentro da gaveta do gestor escolar e ponto final. Falta dinheiro. Nota-se também a falta de envolvimento com amor de todos os colaboradores: diretor, supervisor, orientador, psicólogo, psicopedagogo, médico, professor, merendeira, auxiliares, comunidade, pais, etc. Esses sim, são os verdadeiros atores finais da educação pública nacional. Eles nada podem fazer para implantar o novo porque não tem a chave do Tesouro Nacional, Estadual e Municipal em suas mãos. Dependem da vontade política dos “donos” de tais poderes nos três níveis de governos. É preciso prevê o futuro da referida instituição escolar em todos os níveis de governos. Isso tem que ser a curto, a médio e longo prazo. O gestor escolar sem o envolvimento de todos os atores da escola, nada fará de novo, apenas continuará oferecendo educação reprodutora de hegemonia nacional de que nada está faltando e que tudo está a mil maravilhas. Está faltando a vontade política de quem nomeou o gestor escolar para comandar a escola pública e nada mais.
                   
As autoridades constituídas brasileiras (Presidente da República, Governadores, Prefeitos, Senadores, Deputados Federais, Deputados Estaduais e Vereadores) devem ter sempre em mente de que a saída de um sistema educacional fracassado para um sistema educacional vitorioso, deve necessariamente passar pelo crivo de que “educar-se é, evidentemente, construir uma identidade própria, com os grupos aos quais se pertence, e apropriar-se de instrumentos para participar utilmente na sociedade”, segundo Danilo Gandin³ (2014), sem isso nada feito. A escola pública tem que pensar em “educar-se” para o pensar no novo com novos investimentos materiais e humanos. São bilhões de reais que vão pelo ralo da ignorância por não sabermos construir novos caminhos para se conquistar uma educação em termos de quantidade e de qualidade dentre as demais nações do mundo. Assim sendo, o Brasil precisa urgentemente de soluções em termos de planejamento eficaz para uma verdadeira prática estratégica e participativa no ambiente escolar brasileiro da Educação Básica. Tudo isso é uma questão de gestão educacional por parte dos governos: federal, estadual e municipal, para não dizer que é falta de vontade política e nada mais.

¹ Rubem Azevedo Alves (Boa Esperança/MG, 15 de setembro de 1933Campinas/SP, 19 de julho de 2014) foi um psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro, é autor de livros religiosos, educacionais , existenciais e infantis. É considerado um dos maiores pedagogos brasileiros de todos os tempos, um dos fundadores da Teologia da Libertação e intelectual polivalente nos debates sociais no Brasil. Foi professor da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

³ No livro Soluções de planejamento para uma prática estratégica e participativa (Editora Vozes), 2014.

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/5053335

Enviado pelo escritor Francisco de Paula Melo Aguiar

Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:

http://blgodomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário: