Por Francisco de Paula Melo Aguiar
"Ensinar
é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles
cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor,
assim, não morre jamais..."
Rubem
Alves
Nada pode cair do céu sem a permissão de Deus. O mesmo acontece no tocante às
soluções referentes ao possível planejamento para uma possível prática
estratégica e participativa no setor educacional, onde tudo tem inicio e fim no
âmbito escolar em cada dia, em cada bimestre e em cada ano letivo. Tudo isso
deve ser feito pelo gestor, professor, família, comunidade e aluno, todos os
dias, com amor como se fosse o primeiro de dia de aula de um neófito
profissional em qualquer área no primeiro dia de trabalho envolvendo a
profissão escolhida para exercer-la na vida. Tudo com amor. Sem amor nada
feito, é essa a lição que se pode tirar do pensamento de Rubem Azevedo Alves¹,
ao afirmar que: "O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma
criança: tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no
ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isso os educadores (e
educadoras), antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deviam ser
especialistas em amor: intérpretes de sonhos²”. Na vida, assim como em qualquer
profissão, tudo vai depender de compromisso e de amor. Pelo menos de satisfação
ao que está fazendo. É assim a cultura positivista do “Ordem e Progresso”, em
tese, conforme consta da Bandeira Nacional do Brasil. Não confundir amor com
sexo, porque estupro é apenas a satisfação unilateral do estuprador, portanto é
um ato criminoso, crime hediondo. Em educação a coisa é mais complexa, porque
tudo passa pela cultura e pela formação do professor que atende todos os dias
milhões de crianças e adolescentes das mais diversas classes sociais,
principalmente as menos favorecidas em todos os sentidos, que ainda são milhões
em nosso país, apesar da riqueza pujante na terra, no ar e no mar. Tudo ainda é
muito incipiente em termos de acolhimentos das aspirações sociais. Estamos
longe da inclusão social em sentido amplo. Aqui ainda tudo é precário, apesar
do Brasil pertencer ao G20, ou seja, ao bloco das vinte nações mais poderosas
do mundo. Ricas! Aqui ainda tudo é sonho, utopia em termos educacionais, de
segurança pública, de emprego e trabalho, de sistema de saúde para atender a
demanda nacional, de lazer, de remédio, de cultura, de esportes, de
acessibilidade, de água, de pão e de vinho. De comer e de beber água potável de
primeira qualidade. De esgotamento sanitário. Tudo aqui é resolvido apenas em
tempo de campanha política, e depois de passado o pleito, os sonhos do povo vão
para o rol do esquecimento. Como por exemplo, vamos resolver o caso da educação
pública brasileira, diante da falta de idéia e de prática concreta, real para
realizar preliminarmente o planejamento geral do setor, envolvendo os
planejamentos específicos, estratégicos e participativos, em cada cidade, em
cada vila e em cada povoado desse gigante adormecido chamado Brasil. Isso é
apenas um sonho, uma utopia nacional. A educação pública brasileira precisa de
novos conceitos e modelos reais e não meras utopias sonhadas por cada governo
federal, estadual e municipal. Isso é proselitismo, política de governo e não
política pública de Estado. Aqui ninguém dá prosseguimento ao sonho sonhado da
política do governo anterior, seja no sistema federal, estadual e municipal,
envolvendo todas as áreas da gestão da administração pública. A população pobre
nacional fica sem ter a quem reclamar. Os órgãos fiscalizadores pelo
cumprimento das normas do Estado, são mantidos pelo numerário do próprio
Estado, via impostos diretos e indiretos cobrados a qualquer custo de todos os
brasileiros, embutidos nas mercadorias e serviços. Mesmo assim tudo fica para
depois. Faltam escolas, hospitais, estradas, ferrovias, livros, merenda
escolar, casas para pobres, etc. Existe a ideologia da hegemonia nacional de
quem governa de que nada está faltando e nem vai faltar. Mero engano.
Na realidade o sistema educacional público brasileiro encontra-se sucateado, e
isso faz muito tempo, está no CTI, tendo em vista que não fornece uma escola
real, pois, falta tudo, da estrutura física ao planejamento diário, mensal e
anual de suas atividades de gestão escolar e planejamento e avaliação
pedagógica. Faz apenas um planejamento do faz de conta para se acabar dentro da
gaveta do gestor escolar e ponto final. Falta dinheiro. Nota-se também a falta
de envolvimento com amor de todos os colaboradores: diretor, supervisor,
orientador, psicólogo, psicopedagogo, médico, professor, merendeira,
auxiliares, comunidade, pais, etc. Esses sim, são os verdadeiros atores finais
da educação pública nacional. Eles nada podem fazer para implantar o novo
porque não tem a chave do Tesouro Nacional, Estadual e Municipal em suas mãos.
Dependem da vontade política dos “donos” de tais poderes nos três níveis de
governos. É preciso prevê o futuro da referida instituição escolar em todos os
níveis de governos. Isso tem que ser a curto, a médio e longo prazo. O gestor
escolar sem o envolvimento de todos os atores da escola, nada fará de novo,
apenas continuará oferecendo educação reprodutora de hegemonia nacional de que
nada está faltando e que tudo está a mil maravilhas. Está faltando a vontade
política de quem nomeou o gestor escolar para comandar a escola pública e nada
mais.
As autoridades constituídas brasileiras (Presidente da República, Governadores,
Prefeitos, Senadores, Deputados Federais, Deputados Estaduais e Vereadores)
devem ter sempre em mente de que a saída de um sistema educacional fracassado
para um sistema educacional vitorioso, deve necessariamente passar pelo crivo
de que “educar-se é, evidentemente, construir uma identidade própria, com os
grupos aos quais se pertence, e apropriar-se de instrumentos para participar
utilmente na sociedade”, segundo Danilo Gandin³ (2014), sem isso nada feito. A
escola pública tem que pensar em “educar-se” para o pensar no novo com novos
investimentos materiais e humanos. São bilhões de reais que vão pelo ralo da
ignorância por não sabermos construir novos caminhos para se conquistar uma
educação em termos de quantidade e de qualidade dentre as demais nações do
mundo. Assim sendo, o Brasil precisa urgentemente de soluções em termos de
planejamento eficaz para uma verdadeira prática estratégica e participativa no
ambiente escolar brasileiro da Educação Básica. Tudo isso é uma questão de
gestão educacional por parte dos governos: federal, estadual e municipal, para
não dizer que é falta de vontade política e nada mais.
¹ Rubem
Azevedo Alves (Boa Esperança/MG, 15 de setembro de 1933 — Campinas/SP,
19 de julho de 2014)
foi um psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro, é autor de livros religiosos,
educacionais , existenciais e infantis. É considerado um dos maiores pedagogos
brasileiros de todos os tempos, um dos fundadores da Teologia da Libertação e intelectual polivalente nos debates sociais no Brasil.
Foi professor da Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP).
³ No livro Soluções
de planejamento para uma prática estratégica e participativa (Editora Vozes),
2014.
http://www.recantodasletras.com.br/artigos/5053335
Enviado pelo escritor Francisco de Paula Melo Aguiar
Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:
http://blgodomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:
Postar um comentário