Por Clerisvaldo B.
Chagas, 10 de abril de 2014. - Crônica Nº
1164
O regougar dos
trovões na madrugada da última terça, trouxe constrangimentos e esperanças. Todo
mundo tem medo do trovão assustador que traz consigo os perigos de raios
matadores. As pessoas se metem debaixo da cama e os cachorros da rua,
sabiamente, disparam para casa. E lá vai o ritual do povo esclarecido,
desligando tomadas e se afastando de metais. A energia vai embora e volta
várias vezes deixando assanhado o repouso noturno. João corre atrás da caixa de
fósforos e Maria procura as velas no escuro. O calor abafado clama pelo ar
refrigerado e, a muriçoca vinga-se das investidas humanas, atacando no breu. O
sertanejo passa uma noite mal dormida e apela para o antigo abano de palha do
tempo da vovó. Lá fora os sucessivos clarões no céu, mostram, entretanto, que
as chuvas não estão muito perto, pelo menos em Santana do Ipanema que tanto
precisa de boa chuvarada. A noite tortuosa finalmente vai embora e somente a
“rebarba” do aguaceiro chega por aqui. Uma frustração. Mas as notícias aos
poucos vão chegando de municípios vizinhos que receberam as cargas d´água em
toda plenitude.
INÍCIO
DE CHEIA NO RIO IPANEMA. Foto: Sérgio Campos.
Ontem correu o
boato de cheia no rio Ipanema com águas vindas de Pernambuco. Há muitos anos o
rio sertanejo temporário não vem com uma grande massa d’água. De fato as águas
barrentas foram chegando e tomando a largura da barragem, correndo pelas sete
bocas da ponte firmada na BR-316, dentro da cidade, porém, não foi a cheia
aguardada de tempos passados. A profecia do sertão diz claramente que quando o
Panema bota cheia nessa época o inverno é bom. Pelo menos essa esperança
permanece no coração do homem do campo que espera o final de mais um ciclo de
seca em Alagoas.
O pessoal da
Associação Guardiões do Rio Ipanema – AGRIPA esteve no Panema à jusante da
barragem, enfrentando a fedentina insuportável do matadouro, filmando e
fotografando a pequena cheia.
Todos os habitantes do sertão sabem como as chuvas são importantes para a lavoura, para o criatório, e o tema é uma constante da tradição interiorana. Fora o vaticínio das cheias do Ipanema para ser ano de bom inverno, também existem várias outras experiências que o povo sem rádio, sem televisão, sem Internet, aprendeu e ainda hoje repassa para a juventude sequiosa de conhecimentos. Com muita ou com pouca água é assim: PANEMA CHEIO, DÁDIVA CELESTE.
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