Por Rangel Alves
da Costa*
Verdadeiramente,
as coisas não andam boas nem para o político nem para o homem Pascácio Caçuá.
Primeiro teve de desfazer na boca do povo e hostes políticas sua pretensão de
se lançar candidato no próximo pleito. Teve de ser assim porque já avistava
tempo ruim pela frente. Não ia tirar um tostão do bolso pra gastar com campanha
e sabia que corria o risco de servir de zombaria perante seu reduto eleitoral e
principalmente diante de seus adversários.
Além disso,
anda sem saber o que fazer quando correligionários desandam a perguntar qual
candidato a governador terá seu apoio. Diante dessa situação, a única saída
encontrada é dizer que sem os nomes dos candidatos ainda confirmados
simplesmente não tem condições de saber quem receberá seu apoio e prestígio.
Contudo, a situação complica ainda mais quando insistem em dizer que não
haveria motivo para tal dúvida, vez que seu partido certamente terá candidato.
Então o velho
fanfarrão da política, o famoso Pascácio “urna furada”, se dobra e desdobra
todo para justificar sua indecisão. E diz que a política é a arte do é sem ser,
do ser sem nunca ter sido e da certeza carregada de dúvida. E também igual à
doidice no tempo, que amanhece ensolarado para repentinamente ser tomado de
trovoada. Coisa assim como a mais deslavada mentira revestida da mais pura
verdade.
Decerto o
velho Pascácio conhece bem do que fala. Sempre se manteve como homem de partido
sem jamais ser partidário, pois convicto de que o interesse próprio de cada
político está muito acima da fidelidade a uma mera sigla de partido. Por isso
mesmo nunca pensou duas vezes quando teve de tecer alianças por debaixo dos
panos com aqueles tidos como adversários e inimigos de fogo a sangue. Perante o
mais íntimos, comparava a política a um velho bordel de beira de estrada,
sobrevivendo das oportunidades para abrir as pernas.
Diz que o
eleitor não precisa conhecer o que se desenrola por detrás das cortinas nem o
que vai sendo guardado debaixo do tapete. Não seria prudente ao político deixar
o votante a par de tudo que aconteça ao seu redor, pois seria perigoso demais
torná-lo conhecedor daquilo que é propagado de forma totalmente diferente da
realidade. E o mundo desabaria se soubesse quantos brindes são feitos entre
inimigos declarados e quantas notas graúdas são passadas de um bolso a outro.
A um
confidente, velho amigo e conhecedor de suas manobras, Pascácio já confessou
que ao político basta estar com uma caixa de maquiagem para ir retocando sua
imagem a todo instante que a mesma estiver sendo desfigurada. E também uma lata
de tinta para ir dando nova aparência a velhas práticas. Contudo, nada mais
essencial ao político que um bom e apurado verniz. Ora, sua cara de pau deve
estar sempre envernizada, com feição irretocável.
Como se vê, o
que não se pode negar em Pascácio é o seu conhecimento dos meandros das artes e
manobras da politicagem. Nela sempre fez palco e circo para sobreviver.
Tornou-se líder político sem jamais ter conquistado um só eleição, ainda que já
tivesse disputado quase uma dezena de pleitos. E a cada derrota se dizia mais
fortalecido, com maior número de votos para barganhar com os altos escalões. E
nessa ideia de força corria a vender os votos que não possuía.
Verdade é que
o danado do Pascácio faz da política uma verdade arte da captação, da vantagem.
É declaradamente adepto da máxima de que é dando que se recebe. Naquilo que
chama de reduto eleitoral seu, todo mundo sabe não possuir voto nem para se
eleger vereador, mas se impõe de tal forma perante as elites que acaba sendo
acolhido em detrimento de outros verdadeiramente bons de urna. Por isso é que
mantém um partido em suas mãos para utilizá-lo como moeda de troca.
Com Pascácio
não há tempo ruim, apenas rejeições momentâneas nas urnas. Segundo afirma,
mesmo derrotado um político como ele sai ainda mais prestigiado, vez que as
desastradas ações do eleito farão com que o povo mais tarde reconheça o seu
valor e implore pela sua chegada ao poder. Daí que sempre cobra fortunas para
garantir os votos que não possui. Eleva seu preço a peso de ouro. Mas não
recusava se lhe paguem como valor de cobre ou latão.
Ao fazer as
contas, chega sempre à seguinte conclusão: como estou vendendo o voto dos
outros, então tudo que vier é lucro; como os eleitores não precisam saber
quanto recebo, então que se imagine que ainda nada recebi. E assim vai vendendo
seus votos ilusórios e ainda encontrando quem acredite no seu curral eleitoral.
De vez em quando ele mesmo chega a acreditar na sua liderança, mas só até
calcular com os votos de casa e saber que nem ali pode contar com todos.
E assim vai
Pascácio Caçuá tecendo alianças e fazendo promessas. Já se comprometeu, e sempre
às escondidas, a trabalhar para três pretensos candidatos a governador e uns
seis pleiteantes a deputado. E com cada um já acordou um valor. Como não é
besta, assim que pode vai logo exigindo uma parte para garantir que não se
deixará dobrar pelas ofertas cada vez mais tentadoras dos adversários.
Poeta e
cronista
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